Comunidade escolar clama por segurança

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Comunidade escolar clama por segurança

Ladrões invadiram colégio, levam 3 computadores e um notebook com data show

Lajeado – A insegurança na Escola Estadual Santo Antônio – conhecida por Ciep – levou cerca de 60 pessoas a protestar. Professores, alunos, pais e funcionários foram para frente do colégio exigir policiamento e punição aos vândalos, traficantes e criminosos, que aterrorizam a comunidade escolar.

eNesse domingo, outra ocorrência de crime mudou a rotina da instituição. Ladrões pularam o muro e sem dificuldades abriram o cadeado que dá acesso ao salão. Depois se dirigiram à secretaria e à sala dos professores.

As aulas de ontem foram suspensas. Uma funcionária, que está há 12 anos na instituição, foi uma das primeiras a chegar. “Foi estranho, parecia que eles tinham a chave ou alguém deixou aberto.”

Os criminosos furtaram três computadores e um notebook com data show. Das cinco portas que abriram, uma foi arrombada. Os cadeados das outras foram abertos sem dificuldades. No quadro negro da sala dos professores, deixaram um recado: “É nois. TCL”. A Polícia Civil (PC) investiga o crime. Há suspeita que menores estejam envolvidos.

Rotina de violência

Construído para ser referência, com aulas em turno integral para alunos do bairro Santo Antônio, o Ciep sofre com o descaso dos órgãos públicos. Janelas quebradas, fios à mostra, infiltrações mostram uma realidade preocupante.

Os carros dos professores são alvo dos delinquentes. Qualquer repreensão imposta pelos educadores a algum aluno infrator são descontadas nos veículos. Nas latarias, escrevem ofensas. A insegurança faz com que os professores queiram deixar o Ciep.

Uma funcionária relata que foi perseguida na rua. Após uma confusão, chamou a BM. Diz que o aluno envolvido, maior de idade, ameaçou: “Se chamar a polícia vai ser pior”. Desde então, evita ir para casa a pé. “Fico até meu marido chegar.”

Essas situações se refletem na sala de aula. Fora dos turnos, alunos com histórico de violência invadem a escola e tumultuam o ambiente. Provocam outros alunos e apedrejam as salas de aula.

Marines Alves da Silva mora há duas quadras do Ciep. Segundo ela, patrulhas da BM no bairro são raras. “Aqui temos de amarrar o ladrão para depois chamar a polícia.” Com duas sobrinhas na escola, acredita que seria necessário manter um efetivo permanente na região.

Pai de uma menina de 14 anos e um filho de 11, Gentil dos Santos tem medo toda vez que os filhos vão para a escola. “Isso não pode ser assim.” Para pais e mães com filhos que estudam a noite, a insegurança é maior. “Até nem faço questão que ele venha para o colégio.”

A proposta da escola era ser um centro educacional em turno integral para os estudantes do bairro Santo Antônio. Um investimento de R$ 1,1 milhão que parece perdido em uma área próxima de casebres de madeira construídos em terrenos invadidos. Cerca de 450 alunos estão matriculados.

Mobilização durou pouco

Em julho de 2012, os casos de violência contra professores, funcionários e alunos, levou a direção da escola e a 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) a pedir intervenção da PC, Brigada Militar (BM), Conselho Tutelar e Promotoria de Justiça.

Na ocasião, definiram uma série de medidas para coibir os atos de indisciplina e de vandalismo no colégio e nas ruas próximas. Foi estabelecido um trabalho em rede, em que cada entidade pública teria uma responsabilidade.

Mas o esforço não mudou a realidade. As agressões, o desrespeito e a depredação do patrimônio continuaram. “Nos primeiros meses até ficou mais calmo”, conta uma funcionária. As professoras não se expõem, temem represálias.

A 3ª CRE quer agendar uma audiência com as forças de segurança. Conforme a coordenadora adjunta, Denise Goulart, será solicitada à BM a cedência de dois policiais para ficarem na escola.

Tráfico indiscriminado

O sentimento de impotência de funcionários, professores e pais traduz a falta de efetividade dos órgãos de segurança em coibir o tráfico de drogas. Em plena luz do dia, dependentes fumam maconha em frente ao portão da escola.

É comum traficantes repassarem entorpecentes para alunos dentro da escola. Uma funcionária diz que a BM é chamada, uma média de três ligações por semana. A viatura não demora a chegar. Como o colégio fica no alto do morro, é possível ver pelas ruas estreitas o camburão se aproximar. Nesse momento, os traficantes fogem.

Estudo da Secretaria Estadual de Educação vincula o consumo de drogas ao aumento da violência nas escolas. No levantamento, foram constatados diversos tipos de agressões. As mais comuns são as morais.

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