Cruzeiro do Sul – A demora na conclusão do asfaltamento da ERS-130 irrita a comunidade de Bom Fim. Cansados da poeira e condições precárias da estrada, moradores protestam pela retomada das obras.
A pavimentação se iniciou em 2010 durante o governo de Yeda Crusius. O projeto inicial previa o asfaltamento de três quilômetros. Após 36 meses, apenas 1,7 quilômetro foi concluído. O governo alega falta de recursos e não prevê retomada dos trabalhos.
Às 8h de ontem, cerca de 15 pessoas utilizaram cones, madeiras e cordas para interromper o tráfego de veículos, liberado apenas a cada meia hora. “Não queremos prejudicar ninguém, só queremos nosso asfalto,” cobra Eliana Bekencamp. O asfalto é uma promessa há décadas, antes mesmo de Elaine se mudar para Bom Fim.
Conforme ela, o tráfego de veículos cresceu e aumentou os transtornos com a poeira para as cerca de 70 famílias que vivem na localidade. A estrada liga o município a Mariante, em Venâncio Aires. É uma das rotas alternativas para Porto Alegre, diminuindo o trajeto em até 30 quilômetros.
Moradora há quase três décadas, Neli Maria Mallmann, 47, evita sair de casa ou abrir as janelas em dias secos. “Limpo a casa sempre e mesmo assim ela está sempre suja.”
Ela queixa-se do excesso de velocidade. O limite é 80 quilômetros por hora. Segundo ela, a maioria dos motoristas passa acima dos cem. A existência de uma escola às margens da ERS-130 aumenta o incômodo.
O convívio com a poeira prejudicou a saúde de Maria Lúcia Went, 78. Ela tem problemas pulmonares e precisa da ajuda de nebulizadores para respirar. “Não consigo me curar e não sei mais o que fazer.” Outros idosos que convivem na Geriatria Jô Barth também sofrem com o problema.
A comunidade programa um novo protesto para os próximos dias. Desta vez, quer paralisar o trânsito durante o dia inteiro.
Condições da estrada
Além da continuação do asfaltamento, usuários reclamam das condições precárias da rodovia. Buracos e ondulações prejudicam o fluxo de veículos.
Caminhoneiro há três anos, Marcelo Hinterholz, 24, passa diariamente pela rodovia. Cobra a manutenção da estrada. “Assim está crítico, não dá nem para andar.”
A 11ª superintendência do Daer desconhece os problemas. Informa que a manutenção é realizada por duas equipes de trabalho quando constatados os buracos. As melhorias são realizadas três dias após as chuvas.
Entenda o caso
Em maio de 2009, o Executivo firmou convênio com o Daer para a pavimentação dos três quilômetros – no entrocamento da linha Sítio até a clínica geriátrica.
O investimento previsto é de R$ dois milhões. Deste valor, a administração municipal auxilia com R$ 310 mil – 20% dos gastos. Segundo o prefeito Cesar Marmitt, o valor está depositado desde a assinatura do contrato.
A obra se iniciou em 2010, quando foi pavimentado um quilômetro. Outros 700 metros foram asfaltados em 2012.
Conforme a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Seinfra), a prioridade de investimento é nos municípios sem acesso asfáltico. A obra está paralisada. O fato foi abordado pelo jornal A Hora em reportagem do dia oito de novembro do ano passado.