Estrela – O resultado da avaliação nutricional dos estudantes da rede municipal causa apreensão. São 724 alunos com excesso de peso, quase 40% das crianças de cinco a 14 anos. Essa realidade motivou a equipe de nutricionistas das secretarias da Saúde, Educação e de Desenvolvimento Social a criar o Projeto Alimentando a Saúde.
Pelo estudo, realizado em 2011 e 2012, a equipe observou o aumento no percentual de obesidade: 11,1% para 12,4%. Os casos graves seguiram a tendência. O crescimento foi de 0,8%.
Em um primeiro momento, serão atendidos 147 estudantes de duas escolas, a Cônego Sereno Hugo Wolkmer, no bairro Auxiliadora e a Odilo Afonso Thomé, no Imigrantes. O critério adotado relacionou instituições que participam do Programa Mais Educação, que prevê atividades em turno integral.
O início das atividades está marcado para 7, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Serão formadas quatro turmas com até 28 integrantes. Eles participarão de oficinas sobre higiene, preparo de verduras, frutas e a substituição do consumo de embutidos.
Segundo a nutricionista da Secretaria de Educação, Maína Hemann Strack, o trabalho visa desenvolver atividades que associem a reeducação alimentar com brincadeiras. “Nossa ideia é conscientizar sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis de forma prática.”
Outra integrante do projeto, a nutricionista da Secretaria de Saúde, Alessandra Isabel da Costa, acredita que as crianças podem influenciar os pais a alterar o cardápio em casa, optando por produtos benéficos à saúde.
Guloseimas em excesso
Baseadas no estudo, as nutricionistas concluíram que o quadro de obesidade infantil está ligado ao descontrole com relação ao consumo de produtos industrializados, como bolachas recheadas, salgadinhos, embutidos, refrigerantes e frituras.
Alimentos com muito sódio, açúcares e alto valor calórico têm poucos nutrientes, provocando o excesso de peso. “Há crianças gordinhas e que estão desnutridas”, afirma Alessandra.
Nas escolas do município, a venda de guloseimas é vedada. Professores reforçam a proposta de manter uma dieta mais saudável e proíbem as crianças a comer guloseimas em sala de aula. Para Maína, esse comportamento ajuda, mas é preciso avançar. “Em conversas com os alunos, vemos que há pouco cuidado com a alimentação. Alguns falam que abrem a geladeira e comem salsicha crua.”
Verdura longe das preferências
Aluna do 5ª ano da Escola Odilo Afonso Thomé, Kaua da Silva, 11, diz que come de tudo, menos verduras. Salgadinhos e bolachas estão sempre por perto. Quando há opções de frutas, a preferência é restrita. “Só como melão, melancia e maçã. E não é todo o dia.”
Laiza Cardoso Menezes, 10, também do 5ª ano, tolera as saladas, mas o prato preferido são batatas fritas. Segundo Rian Flores da Silva, 11, as guloseimas raramente entram em casa. “Minha mãe evita comprar por causa das cáries.”
