Desafio é diversificar a economia

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Desafio é diversificar a economia

Empecilhos ao desenvolvimento, barro e poeira terminaram em março de 2012. Os 13,6 quilômetros até Lajeado, pela ERS-421, foram pavimentados após duas décadas. Ao completar 17 anos de emancipação nesta semana, o município quer diminuir dependência do setor primário.

Forquetinha – A qualidade de vida é destacada pelos moradores. Depois da emancipação, a oferta de empregos aumentou, e os serviços essenciais, como saúde e educação, melhoraram. Com o asfalto, o tempo para chegar a Lajeado reduziu de 30 para 10 minutos.

fPara que o progresso continue, planejamentos estratégicos devem ser concretizados. O maior desafio é estancar a dependência econômica do setor primário e o êxodo rural. A produção agrícola representa 73,5% da arrecadação de impostos – atividade distribuída entre a suinocultura, avicultura, produção leiteira, cultivo do milho, tabaco e agroindústrias. Dos 2.479 habitantes, 583 são idosos.

Dalva Muxfeldt, 55, é proprietária da maior agroindústria do município, em Vila Prass. Toda a semana, o empreendimento industrializa mais de 200 quilos de carnes para a produção de linguiça e salsichão.

O negócio começou em 2006. Foram investidos mais de R$ 80 mil. A estrutura tem descarregamento, vestiário, câmara fria, sala de manutenção, defumador, sala de temperos e loja. A maior dificuldade apontada por Dalva é não poder vender sua mercadoria para fora do município, enquanto aguarda a liberação do Susaf. Mesmo assim, os negócios estão lucrativos. Clientes de outras cidades visitam sua propriedade para comprar os produtos.

Natural de Vila Prass, mudou-se para Lajeado em 1982, após o casamento. Trabalhava como confeiteira. Após a emancipação de Forquetinha, decidiu voltar em busca da tranquilidade. “Aqui é excelente de morar. Temos atendimentos que não ganhamos na cidade grande.”

O mesmo pensou o professor Bruno Ivo Mattes, que retornou a Forquetinha em 2000, 44 anos depois de sair da sua terra natal. Comprou um acasa às margens da ERS-421, mas foram anos de incomodação devido ao bairro e poeira.

Lembra que quando chegou ao município, a rodovia estava em obras, mas com a troca no governo do estado, as máquinas pararam. “Chegamos a trancar a rua. Só quem mora aqui sabe a importância dessa obra e o que sofremos para conseguir sua conclusão.”

Destaque no setor

O Vale do Taquari é a região no estado que tem o maior número de agroindústrias registradas. São 92 em operação e mais oito em fase de implantação. Entre os produtos mais vendidos, se sobressaem os de origem animal, como suínos, ave e leite. Seguidos por erva-mate, doces, conservas e derivados da cana de açúcar.

Cidade evolui, mas falta mão de obra

A camisaria Mepase é a maior empresa do município. Emprega 145 pessoas e produz, em média, 30 mil peças de vestuário por mês. Seus produtos são vendidos para todo o estado e distribuídos em regiões de Santa Catarina, Paraná e centro de São Paulo.

Foi fundada em maio de 1985. O proprietário Roni Allgayer se recorda das dificuldades no período, pois inexistia estrada pavimentada, telefonia, e os serviços básicos eram precários. Apesar das dificuldades, apostou na permanência no município. “Em Lajeado, seria só mais um. Aqui, recebo toda a atenção. Mas o município ainda precisa evoluir.”

A infraestrutura melhorou com a emancipação. O último avanço ocorreu ano passado, com a pavimentação do acesso principal. De acordo com Allgayer, foi a maior obra da história da cidade. Mas, faltam loteamentos para a construção de casas. Precisa de mão de obra. Investiu cerca de R$ 1 milhão em tecnologia para suprir a falta de pessoas qualificadas. O aumento da produção fica refém da falta de pessoas.

A história

O município é formado por terras férteis. As propriedades, sobretudo no centro, são divididas pelo Arroio Forquetinha, que muitas vezes alaga parte da cidade em épocas de cheia. Dos 2.479 habitantes, 98% têm origem alemã, da região de Hunsrück. Outras famílias são descendentes de holandeses.

Esses imigrantes, além da agricultura diversificada, desenvolveram pequenas indústrias. As mais comuns eram: moinhos, olarias, marcenarias, ferrarias, funilarias, cervejarias, alfaiatarias e outras. Muitas culturas são mantidas, como a técnica de construir casas no estilo enxaimel (Fachwerk), e manifestações culturais como canto, jogos e danças.

Turismo como alternativa

Colonizada por imigrantes alemães, Forquetinha se caracteriza pela cultura europeia. É mais fácil ouvir conversas em alemão (ou no dialeto hunsrück) do que em português. Caravanas de visitantes do velho continente visitam a cidade com frequência, hospedando-se na casa de amigos ou, por ventura, de parentes distantes.

A administração municipal aproveita o estilo local para investir no turismo. Para recepcionar os visitantes e atrair turistas da região foi construído o Parque de Exposições Christoph Bauer. Situado numa área de 14 hectares, tem prédios, estátuas e atrativos com características da colonização.

O município criou a Forquetinha Expofest e a Weihnachtsfest, ambas realizadas no parque. A proposta teve êxito. Com o apoio da comunidade, milhares de pessoas participam das festividades todos os anos.

Na última edição da Expofest, em 2011, o destaque foram bailes em vez de shows de renome nacional. Nove bandas se apresentaram de forma simultânea em três pistas, durante toda a festividade. Houve exposições permanentes, como comercial, industrial, agroindustrial, de artesanato, gastronomia, pequenos animais, moinho colonial, minimundo, torneio de bolão, eisstocksport e parque de diversões. Mais de 30 mil pessoas acompanharam o evento.

A Weihnachtsfest é uma festa natalina que busca manter as tradições entre jovens e adultos. São quatro dias de evento. O parque recebe uma decoração especial, com sinos, pinheiros, presentes e outros.

Saiba mais

A mobilização para se tornar município começou na década de 1980. A vila de Forquetinha era um dos distritos de Lajeado que menos atenção do poder público recebia, lembra o presidente da comissão emancipacionista, Nadir Zanella, 58. “Todo filho quando chega na maioridade quer sair de casa. Não dava mais para continuar.”

O administrador de empresas destaca que inexistia atendimento público. Os moradores levavam semanas para conseguir uma consulta médica. De acordo com Zanella, era o único distrito que não tinha nenhuma estrada calçada. Moradores iniciaram o processo de emancipação após uma reunião no salão Prass, no centro, momento que foi eleita a comissão.

Apesar de a criação do município ter sido assinada no dia 16 de abril de 1996, o primeiro governo se estabeleceu apenas em 2001, sob o comando de Waldemar Richter (2001 a 2004 e 2009 a 2016). O município também foi administrado por Lauri Gisch (2005-2008).

Zanella destaca que a evolução foi visível. Para ele, a saúde é o setor com o maior avanço. “Se antes eram semanas, agora em minutos somos atendidos.” Mas para ele, o município não está consolidado. Mudanças estruturais precisam ser feitas, como a construção de loteamentos.

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