Vale do Taquari – O curso de Administração, único de graduação em andamento no câmpus da Univates, em Encantado, será encerrado no segundo semestre. A baixa demanda de estudantes motiva a decisão. Embora tenha capacidade para receber 700 alunos, apenas 42 estão matriculados.
A decisão, comunicada nessa terça-feira à noite, incomoda estudantes e líderes municipais. A Univates debate como será feita a transferência de cada aluno para o câmpus lajeadense.
Segundo o reitor da entidade, Ney Lazzari, a ociosidade da estrutura tornou o funcionamento insustentável. Como exemplo cita o vestibular, que foi encerrado há três anos na cidade. A direção da Univates se reuniu com representantes políticos da comunidade para buscar uma solução referente à falta de alunos. Uma das alternativas foi a implantação de disciplinas e cursos variados. Mas a proposta não vingou.
A Univates mantém a posse da estrutura – são 17 hectares, com um prédio que abriga 14 salas de aula, biblioteca, setor administrativo e refeitório. Lazzari não descarta a retomada da unidade.
Para não deixar as instalações fechadas, a Reitoria debate com entidades municipais a oferta de cursos profissionalizantes. Um dos exemplos é o Senai, que hoje oferece treinamento para uma turma de Enfermagem. Aulas gratuitas em parceria com o governo federal, pelo Pronatec, são opções. “Mas esses cursos são de pouca duração e sua demanda é restrita.”
O prefeito Paulo Costi se reuniu com a Reitoria na semana passada para tratar do assunto. De acordo com ele, a comunidade cobra do Executivo uma atitude que evite o fechamento da unidade. Mas adianta que essa decisão cabe apenas à Univates.
Como surgiu
A extensão da Univates iniciou em 1998, quando eram oferecidas aulas na antiga sede da Cosuel. Em 2004, foi finalizada a construção do câmpus atual. A proposta era enraizar uma extensão de Lajeado. A mesma ideia foi implantada em Teutônia e Taquari, onde as unidades fecharam pelo mesmo motivo em 2008 e 2007, consecutivamente.
A Reitoria acreditava que por Encantado integrar um núcleo de municípios da parte alta do Vale do Taquari, a extensão se manteria. Lazzari destaca que a facilidade de acesso dos alunos foi fator determinante para que muitos optassem em estudar em Lajeado.
Para ele, um universitário busca experiência além do conhecimento, como novos amigos e um ambiente diferente do seu cotidiano. “Pensamos que teríamos até cinco mil alunos. Foi uma má avaliação de mercado.”
Cita que o preço do transporte de Arvorezinha para Lajeado, por exemplo, é o mesmo para passageiros que pretendem se deslocar até Encantado. Os estudantes chegam antes no local e precisam esperar o grupo retornar. “Quem contrata o ônibus é o aluno. Não somos nós quem negociamos.”
Alunos discordam
Acadêmico de Administração há quatro semestres, o encantadense André Felipe de Oliveira, 24, questiona o fechamento do curso. Para chegar à aula, demora apenas 5 minutos de carro. Calcula que só em transporte sua despesa mensal será R$ 65 maior. “No semestre passado, disseram que não fechariam, só iriam parar os investimentos.”
Discorda que o motivo tenha sido a baixa procura. Diz que os alunos não fazem todas as disciplinas no câmpus porque nem todas são oferecidas. “Faria quatro, mas só abriram duas.” Entre os colegas há moradores de Muçum e Roca Sales.
Números
Quantidade de alunos reduz
2010 – 131
2011 – 96
2012 – 72
2013 – 42
Sobre o prédio
Salas – 14
Área – 17 hectares
Vagas – 700
Possui – Biblioteca e Administrativo