Vale do Taquari – A ausência de medicamentos para controle de doenças crônicas preocupa pacientes que dependem da farmácia básica. A defasagem é uma realidade no maior município da região, onde faltam pelo menos 23 itens nas prateleiras.
Em alguns casos, a espera passa de três meses. Administração municipal avisa que a compra foi realizada, mas que há atrasos nos prazos de entrega.
Entre as principais queixas de pacientes está a ausência de remédios para controle de pressão, analgésicos, depressão, diabetes, hipertensão e osteoporose. Todos são oferecidos gratuitamente via Sistema Único de Saúde (SUS).
O aposentado Gerson Majolo, morador do bairro São Bento, procurou a farmácia básica na tarde dessa quarta-feira para buscar um antibiótico ciprofloxacino. Pela terceira vez neste mês, o medicamento estava em falta. “Não tive outra opção. Comprei.” Afirma que gastou pouco mais de R$ 20.
Para a aposentada Gládis Néris de Oliveira, 65, o problema dura mais de três meses. Esse é o período que ela aguarda por remédios contra osteoporose. Como os medicamentos são imprescindíveis, gasta em torno de R$ 57 por mês na compra de novas cartelas.
Após sofrer um acidente de trabalho, José Cesar Camargo precisa de anti-inflamatório para dores na coluna. Tem uma lista de cinco remédios. Apenas um estava disponível. “É a segunda vez que venho aqui e não consigo medicamento. Não deram previsão de quando haverá.”
Para conseguir os produtos de forma gratuita, o paciente precisa apresentar receita médica do SUS. Os municípios e estados têm autonomia para oferecer esses medicamentos conforme a demanda da população local.
Administração realizou a compra
O secretário de Saúde, Glademir Schwingel, confirma a falta de medicamentos e cita como principais exemplos os remédios para pressão alta, o cálcio e a fluoxetina. Problemas na documentação dos fornecedores é uma das razões citadas por ele para justificar o atraso.
Comenta que alguns ajustes na entrega estariam atrasando a chegada dos medicamentos. Informa que foram investidos R$ 730 mil para 2013 por meio de Pregão Eletrônico e que o prazo de entrega é de dez dias. “A compra foi deferida, acreditamos que em uma ou duas semanas esteja tudo normalizado.”
Reclamações em Estrela
Manoel Ribeiro se trata para depressão. Na tarde dessa quinta-feira, foi até a farmácia básica em busca dos medicamentos. A fluoxetina estava em falta. “Tenho conseguido quase todos.” Um outro paciente, que se trata contra a hipertensão, critica a falta de remédios. Com a receita de cinco itens, obteve dois. “Todo mês é assim. Sempre fica algum para trás.”
Conforme o secretário de Saúde, Josué Vogt, há apenas problemas pontuais de atraso em algumas entregas. A licitação para compra de quase 200 itens foi realizada em 3 de março. “Algumas empresas mudam os itens e, com isso, precisamos buscar os medicamentos com outros fornecedores. Mas tudo está sendo resolvido.”
Em Cruzeiro do Sul, problema amenizado
Em fevereiro, o estoque da farmácia básica do município estava vazio. O secretário de Administração, Leandro Johner, acredita que a falta de medicamentos no início do ano é resultado da troca de governo. Afirma que a administração anterior parou de comprar os itens em outubro.
O Executivo realizou licitação para compra de 116 itens no início do ano. Algumas empresas não apresentaram a documentação necessária, o que postergou a entrega. Houve dificuldade com relação ao encaminhamento de remédios com pouco prazo de validade, o que forçou a Secretaria Municipal de Saúde a devolver os lotes.