Supersafra reforça necessidade de duplicação

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Supersafra reforça necessidade de duplicação

Cerca de dez mil caminhões passam por dia pela BR-386, entre Lajeado e Estrela

Vale do Taquari – O fluxo de carretas e bitrens que transportam grãos pela BR-386 está cinco vezes maior que no período de entressafra. Na região, a 4ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal (PRF) calcula que dez mil caminhões passam por dia entre Lajeado e Estrela.

cO Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) elabora projeto para avaliar os custos da duplicação no trecho de Lajeado até Iraí, na divisa com Santa Catarina.

No trajeto de Tio Hugo, cerca de seis mil veículos de grande porte trafegam pela rodovia. Motoristas criticam a falta de reparos no asfalto, que têm ondulações, buracos e problemas na sinalização.

Conhecida como a Estrada da Produção, a rodovia é de via simples em 80% dos 450 quilômetros entre a região metropolitana e o norte do estado. Parte das cargas é levada ao Porto de Estrela, que desde segunda-feira descarrega soja para exportação.

O grão será transportado em embarcações que seguem para Rio Grande. Nessa terça-feira, cerca de 45 carretas passaram pela balança. Foram mais de 1,2 mil toneladas desde o início da semana.

O excesso de peso é apontado como um dos causadores de danos na rodovia. Estudo do Dnit de 2012 aponta que 77% dos caminhões trafegam acima do limite nas estradas do país.

Dificuldade em fiscalizar

No estado, são 13 equipamentos móveis e fixos em funcionamento em rodovias federais. Pela estimativa do Dnit, seriam necessários no mínimo 18. Conforme o órgão, o trânsito de caminhões reduz em 40% a vida útil do asfalto. O diagnóstico dá conta que 10% de sobrepeso por eixo já compromete a pavimentação.

Chefe operacional da 4ª delegacia da PRF, Leandro Wachholz, diz que faltam meios para o órgão conseguir fiscalizar de forma satisfatória. “Precisamos de recursos materiais e mais efetivo.”

O governo federal estuda implantar sensores eletrônicos para fiscalizar os caminhões nas rodovias. No estado, o Dnit pretende instalar os equipamentos até o fim deste ano, permitindo medir a dimensão e o peso com o veículo em movimento.

Para Wachholz, a implantação dos sensores pode contribuir com a PRF. Mas acrescenta que são necessárias definições de como será o modo de autuação. “Ainda não está claro, se servirá como indício para posterior pesagem na balança ou se já haverá a notificação.”

Motoristas pedem investimento

Caminhoneiro há 30 anos, Élton Gross acredita que é necessário investimento. “A duplicação resolveria o problema.”

Quanto ao limite de peso dos veículos, afirma que as normas são respeitadas. Segundo ele, as cooperativas e transportadoras estão atentas. “A multa é alta. Tanto para o motorista quanto à empresa.”

Acredita que o estudo do Dnit está incorreto. Nesta semana, ele trouxe uma carga de 30 toneladas para o Porto de Estrela. Ressalta que há pouca fiscalização nos trechos da rodovia.

Em viagens para outros estados, conta que a pesagem é mais comum. Inclusive critica a aplicação de multas no Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo ele, nesses locais a pesagem é feita por eixo e não de forma total. “Aconteceu de uma das carretas ter uma diferença de dez quilos. Tive de tirar de pá para seguir viagem.”

Natural de Arroio do Meio, Maicon Leidens trabalha como caminhoneiro há três anos. Nesta terça-feira, veio de Tio Hugo com uma carga de 31,2 toneladas. Para ele, há pouco investimento na conservação da estrada.

Osmar Gambatto saiu às 18h de Ronda Alta. Chegou em Estrela às 22h. Colocou o caminhão na fila para descarregar no porto na manhã de ontem. Para o motorista, algumas obras pontuais melhorariam o trânsito pela BR. “É só ampliar o número de faixas. Colocar mais duas ou três seria suficiente. Não precisa duplicar tudo.”

Dnit avalia custo

O Dnit elabora projeto para orçar o valor da duplicação dos 400 quilômetros entre Lajeado e Iraí, divisa entre Santa Cataria e Rio Grande do Sul. Em novembro de 2012, a bancada gaúcha na câmara dos deputados elegeu a obra como uma das prioridades para o orçamento deste ano.

Pelos cálculos, serão necessários, no mínimo, R$ 15 milhões para esse estudo. A Comissão Pró-Duplicação quer fazer em obra por etapas. Primeiro conseguir emendas parlamentares para 20 quilômetros, até Marques de Souza.

A BR-386 tem mais de meio século e apenas um trecho foi duplicado, entre Canoas e Tabaí. Um segundo, entre Tabaí e Estrela, está com as obras em andamento desde novembro de 2010. A conclusão dos 33,8 quilômetros previstos atrasou e deve ficar para 2014. Uma aldeia indígena precisa ser realocada para a continuidade.

Alta na produção

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de soja tenha uma alta de 86,8% em relação à safra passada. Serão cerca de 12,19 milhões de toneladas. Em 2012 foram 6,52 milhões.

O arroz tem uma variação de 3,7%. Devem ser produzidas pouco mais de 8 milhões de toneladas, contra 7,73 milhões do ano passado.

A estimativa de variação da produção de milho fica em torno de 59,5%. Passa de 3,34 milhões para 5,33 milhões de toneladas. Na safra de feijão são esperadas 94,5 milhões de toneladas, 0,4% a mais em relação ao ano passado.

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