Estrela – A ligação entre os bairros São José e Boa União, pela ponte sobre o Arroio Boa Vista, completou um ano de interdição. Após interferência do Ministério Público (MP), no segundo semestre de 2012, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a administração municipal entraram em consenso sobre a responsabilidade da reforma.
A equipe de manutenção do Daer iniciou o trabalho de recuperação da passagem em outubro de 2012. Pela previsão, o prazo de entrega se encerrou em março. Conforme o órgão, um acidente em janeiro atrasou o fim da obra.
Um caminhão não conseguiu fazer a curva na rua Adauto Lúcio Cardoso e entrou no antigo traçado da ERS-129, que dá acesso à ponte. O motorista não conseguiu frear, e o veículo invadiu a estrutura.
As peças metálicas, que dão sustentação de ferro, ficaram danificadas e foram realocadas. Os materiais vieram do depósito da autarquia em Gravataí. Outro motivo alegado pelo Daer para o atraso foi o excesso de chuvas em fevereiro e março.
As etapas de substituição dos pilares e concretagem dos blocos foram finalizadas. Restam os serviços de limpeza das placas de metal e substituição das peças de madeira sobre a ponte. O novo prazo para liberação do trânsito foi estabelecido entre a metade até o fim do abril.
Redução das vendas no comércio
Desde o início de abril de 2012, quando a ponte foi fechada, comerciantes do bairro Boa União amargam queda nas vendas.
A interrupção do trânsito pela ponte aumenta em quase dez quilômetros o trajeto entre o bairro e a entrada para os municípios e localidades do interior. Essa distância afasta turistas do Recanto do Avestruz, um dos pontos da Rota Delícias da Colônia. No período, houve queda de 25% no número de visitas.
Em uma farmácia no Boa União, a proprietária Helciane Antoniolli conta que os prejuízos alcançam R$ 1 mil por mês. Ela implantou serviços de tele-entrega para não perder clientes. Relata que os gastos aumentaram. Segundo ela, muitos clientes dos municípios vizinhos deixaram de comprar no estabelecimento.
O proprietário de uma empresa, que fabrica máquinas de costura, Celos Vargas, conta que a entrega dos produtos é prejudicada. “Para chegar em Lajeado, precisamos ir pelo acesso, aumentando o percurso.”
Moradores cobram agilidade
A ponte de 60 metros reduz o percurso para moradores que vêm de Imigrante e Colinas e das localidades como Linha Geralda e Costão. O barbeiro Valdaci de Souza Silva cobra agilidade. “É muita demora para algo simples. É um desrespeito com a comunidade.”
Moradoras do bairro São José, Rosana Raquel Schmitz e Luana Taís Schmitz, atravessaram a ponte a pé para chegar ao Boa União nessa quinta-feira. Na travessia, a estrutura balançou o que as assustou. Para Rosana, investir na reforma com metais e madeira é desperdício de dinheiro. “Aqui tinha de construir uma de concreto.”
Contam que em frente da casa delas, aumentou o fluxo de veículos. Segundo elas, no ano passado um homem foi atropelado. A rua tem curvas acentuadas, e a via é estreita, o que representa riscos de acidentes.