HBB estuda mutirão de cirurgias eletivas

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HBB estuda mutirão de cirurgias eletivas

Município cogita repasse de dinheiro para suprir demanda de 465 processos atrasados

Lajeado – O Hospital Bruno Born (HBB) e a administração municipal discutem proposta que poderá sanar uma demanda de cirurgias eletivas cadastradas na Secretaria de Saúde. São 465 procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) pendentes.

A proposta do Executivo é repassar um complemento de R$ 365 mil à instituição de saúde para auxiliar no custeio, suprindo a defasagem causada pela tabela de valores do SUS. Em alguns casos, o atraso ocorre desde 2009.

hDe acordo com o secretário de Saúde (Sesa), Glademir Schwingel, 136 cirurgias têm laudo aprovado para serem realizadas pelo HBB. Falta de recursos e dificuldade de agendamento estão entre as razões apontadas para a demora.

A negociação prevê o repasse de R$ 600 por cirurgia. Schwingel comenta que os procedimentos recebem, em média, um valor de R$ 500 do SUS. “Com isso, serão pagos cerca de R$ 1,1 mil por cirurgia.” Foi sugerido pela administração municipal o pagamento de duas consultas de R$ 56 – uma pré e outra pós-operação – por paciente.

Conforme a proposta do Executivo, a intenção é realizar 500 procedimentos cirúrgicos em seis meses. O número, superior a demanda atrasada, se justifica pelos pedidos diários de novas operações. Entende que o cumprimento do prazo será difícil. “Isso dependerá das condições técnicas e estruturais do HBB.”

Schwingel afirma que aguarda uma resposta na próxima semana. A partir disso, pretende negociar com a administração municipal a disponibilidade dos recursos.

Acordo pode sair nos próximos dias

De acordo com o diretor administrativo do HBB, Élcio Callegaro, a instituição acena com a possibilidade de acordo. No momento, uma contraproposta é finalizada pela direção do Corpo Clínico. Ela será entregue na próxima segunda-feira para análise da Sesa. “Fechando o acordo com o Corpo Clínico e o Executivo, iniciaremos imediatamente as cirurgias.”

Diretor técnico do HBB, Cláudio Klein, avisa que faltam detalhes para concretizar a parceria. “Estamos negociando com os médicos para chegarmos a um valor considerado justo para os dois lados.” Segundo ele, é possível que o Termo de Compromisso com a administração municipal seja assinado na próxima semana.

Callegaro é cauteloso ao prometer uma solução rápida. Diz que os procedimentos dependem de uma série de fatores, entre eles disponibilidade de datas e leitos. Comenta que durante maio e junho, a demanda de atendimentos aumenta no HBB. “Construiremos meios de realizar os 500 procedimentos até junho. Mas não podemos garantir que conseguiremos.”

Informa que a intenção é realizar o “mutirão” de cirurgias nas sextas-feiras e durante dois sábados à tarde por mês. Horários considerados de menor fluxo pelo diretor. O HBB tem seis salas cirúrgicas. “Se tivermos todas à disposição, é possível realizar de 40 a 50 procedimentos diários.”

Mobilização contra valores do SUS

O HBB recebe por ano R$ 32,6 milhões do SUS para atender pacientes dos 41 municípios da 16ª Coordenadoria de Saúde. São R$ 2,7 milhões por mês, valor considerado insuficiente pela direção.

Em 2012, conforme Callegaro, o prejuízo do hospital foi próximo de R$ 300 mil com esse tipo de consulta ou cirurgia. “A maioria dos casos é de baixa e média complexidade, em que a defasagem do SUS é maior.” Recursos de outras especialidades oferecidas pelo HBB auxiliam a sanar o déficit.

Afirma que a direção apoia a mobilização da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul, entidade que representa 2,1 mil hospitais. São 22.977 leitos, dos quais 15.590 estão vinculados ao SUS, em 245 hospitais filantrópicos.

Conforme dados da federação, a dívida do setor passou de R$ 1,8 bilhão em 2005 para R$ 5,9 bilhões em 2009 e R$ 11 bilhões em 2012, podendo passar dos R$ 15 bilhões em maio deste ano. Mais de sete milhões de gaúchos têm o SUS como único sistema de saúde.

Em 8 de abril, os hospitais filantrópicos preparam um dia de paralisação nacional dos procedimentos eletivos. “As urgências e emergências serão atendidas como de costume”, diz Callegaro.

A baixa remuneração da tabela do SUS é a grande reclamação. Segundo o diretor do HBB, os hospitais buscam aumento de 100% dos valores para serviços de baixa e média complexidade, que representam quase 90% dos atendimentos da saúde. Os representantes aguardam resposta às reivindicações apresentadas no manifesto do dia 20 de março na Assembleia Legislativa.

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