Clientes trocam economia pela tradição

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Clientes trocam economia pela tradição

Chocolate do ovo de Páscoa é 636% mais caro. Mesmo assim 9 milhões são ofertados

Vale do Taquari – Levantamento feito pelo jornal A Hora nos principais supermercados de Lajeado mostra que o consumidor paga, em média, seis vezes mais caro pelo ovo de Páscoa em relação a outros chocolates com o mesmo peso.

pUm quilo de bombons pode ser comprado por R$ 23,50, mesmo custo de um ovo de 170 gramas. Com o valor também é possível comprar seis barras de 170 gramas de produto similar. Outra opção são os chocolates vendidos em caixas de 400 gramas. O custo de cada uma varia entre R$ 5 e R$ 7.

Mesmo a diferença de valores, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) confia nas vendas: 800 mil pontos devem oferecer 80 milhões de ovos de chocolate no país. No estado, a estimativa é que sejam oferecidos nove milhões de ovos e 5,8 milhões de caixas de chocolate.

De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Longo, as vendas do setor devem aumentar 5% neste ano. Para ele, a comemoração da Páscoa em março, quando as temperaturas estão mais elevadas, será um desafio para o setor.

O setor de chocolate no período gerará R$ 89 milhões no estado e 1,5 mil empregos temporários. Cerca de 20% devem ser efetivados. A maioria das vagas será na indústria, em cargos como operador de logística e montador. Promotores de vendas e estoquistas estão entre as procuras.

Diferenças no preço

Pela estimativa da Agas, no estado, os ovos de Páscoa de mesmo tamanho podem apresentar uma diferença de até 25% no preço. Em comparação com o ano anterior, a caixa de bombom teve um aumento de 4,9%. Ovos de Páscoa de 150 gramas a 500 gramas e chocolates em geral subiram 9,6% e 2,8%, respectivamente.

O custo das licenças para produtos que utilizam personagens de seriados infantis é apontado pelos supermercadistas da região como principal responsável pelos valores atuais. Compradora de produtos para uma rede supermercadista da região, Adriane Hickmann afirma que as licenças influenciam outros segmentos, como bazar, lanches, biscoitos e salgadinhos.

Para ela, o custo dos fornecedores teve um aumento de 5% a 8%, se comparado com o último ano. Adriane ressalta que o simbolismo do ovo de Páscoa influencia na hora da compra, mas que o consumidor deve estudar qual item é mais adequado para sua realidade. “O chocolate não é caro, o que encarece o produto é o licenciamento.”

Em nota, a Nestlê Brasil esclarece que a estrutura envolvida na fabricação de ovos de Páscoa é maior que a utilizada em outras modalidades. O custo de embalagem, produção do ovo mais complexa que a do tablete e a contratação de mão de obra são indicados como os principais influenciadores no preço.

Consumidor busca alternativas

Lurdes Zimmermann, 66, optou por bombons para a Páscoa. Segundo ela, é mais vantajoso. Comprou dois quilos de chocolate e gastou cerca de R$ 50.

Irineu Käfer, 64, e a mulher Ronilda compram chocolate para 12 pessoas da família. Esperam gastar próximo do valor médio que investem todos os anos: R$ 150. A expectativa do casal é similar ao gasto registrado pelas famílias gaúchas no ano passado, que foi de R$ 160,50.

Os moradores de São Rafael, em Cruzeiro do Sul, costumam pesquisar os preços dos chocolates. Mesmo com a prática, Irineu reclama dos valores praticados pelos mercados. “Estou achando caro o ovo, mas tem que comprar para as crianças, né?”

Ronilda lembra que, hoje, algumas tradições da Páscoa não são mais tão populares entre as famílias. Segundo ela, era comum ornamentarem a casa com itens alusivos à data. Os presentes não ficavam restritos ao chocolate. Cascas de ovos de galinha com amendoins doces também eram distribuídos para as crianças.

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