Estudo aponta mais de 2 mil casas em risco

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Estudo aponta mais de 2 mil casas em risco

Maioria das residências fica em áreas pobres em Estrela, Lajeado e Encantado

Vale do Taquari – Mais de dez mil pessoas vivem em situação de risco na região. É o que aponta o estudo elaborado pelo Ministério de Minas e Energia. São mais de duas mil residências que deveriam ser removidas sob perigo de serem destruídas por inundações ou deslizamentos de terra.

rAs informações farão parte de um banco de dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden). O governo quer prevenir acidentes ambientais e resguardar a vida humana.

Todo o mapeamento foi realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e entregue esta semana para os setores de planejamento das admnistrações municipais. De acordo com o coordenador regional da Defesa Civil, major Vinícius Renner, com o documento será possível buscar dinheiro federal para investir em projetos que diminuam os riscos de desastres naturais.

Renner informa que ocorrerão encontros periódicos com os municípios para iniciar a elaboração de projetos. Segundo ele, por se tratar de áreas consideradas de “alto risco” pelo CPRM, as cidades do Vale do Taquari têm maior probabilidade de serem beneficiadas com recursos.

O coordenador admite que há dificuldade em convencer as famílias a deixar seus lares. Comenta que é comum, após a interdição das residências, pessoas voltarem a esses locais. “O casa precisa ser destruída, mas quem insistir em voltar assumirá o risco.” A falta de locais para realocação de famílias é outro entrave.

Em Estrela, 13,64% vivem em áreas de risco

Com mais de 4,2 mil pessoas morando em áreas consideradas de risco, Estrela apresenta os piores índices entre as cidades da região. São 13,64% dos 30,8 mil habitantes. Conforme o estudo, mais de mil casas deveriam ser interditadas e demolidas.

Segundo o coordenador, os dados sobre Cruzeiro do Sul, Teutônia e Encantado serão divulgados ainda hoje. Pelo menos mais mil casas estão em locais perigosos nesses três municípios.

Lajeado busca dinheiro

No município são mais de 3,3 mil pessoas vivendo em 831 casas em áreas de perigo. Os principais pontos ficam nos bairros Conservas, Santo Antônio e área central.

A administração municipal pleiteia R$ 3 milhões na Defesa Civil da União para iniciar o processo de remoção das famílias de pontos considerados de risco. O projeto será finalizado em dois meses.

No bairro Conservas, por exemplo, 70 residências estão ameaçadas de desabamento por deslizamento de terra. O problema afeta de forma direta cerca de 280 habitantes.

No Santo Antônio, outras 15 casas se encontram em situação perigosa. “Esses números assustam”, admite a secretária de Planejamento, Marta Peixoto. A maioria das casas fica às margens do Rio Taquari e nas encostas dos morros.

A secretária comenta que existe dificuldade para retirar as famílias dos locais. Afirma que o trabalho precisa ser realizado em conjunto com órgãos de segurança e Secretaria de Habitação e Assistência Social (Sthas).Em agosto de 2011, por exemplo, 77 casas foram interditadas após uma enchente, mas nenhuma demolida. A maioria delas voltou a ser habitada.

Moradores divergem sobre perigos

Aos 78 anos, Arnildo Massena mora desde os 17 no bairro Conservas, em Lajeado, numa casa na barranca do rio, na Av. Beira Rio. Garante não temer possíveis deslizamentos, mesmo que sua residência seja atingida pela enchente. “Não penso em sair, a vista é linda.”

O comerciante Renato da Silva Rosa se mudou há duas semanas para uma casa às margens do Rio Taquari, também no bairro Conservas, onde pretende abrir uma pequena lanchonete. Ele diz que não se importou com os riscos na hora de decidir pela mudança. “Aqui acho que não pega enchente.”

Outra moradora do Conservas demonstra apreensão com a chuva constante dos últimos dias. Morando desde 2010 na Av. Beira Rio, Rejane Minuzi teme pelo desmoronamento de sua residência. Afirma que nunca foi procurada por nenhum funcionário da administração municipal ou por voluntários da Defesa Civil. “Se tivesse condições trocaria de casa, mas preciso de ajuda.”

Entenda o projeto

O CPRM fez um levantamento, identificou e caracterizou áreas de risco para ajudar na orientação e tomada de decisão em caso de desastres naturais, ajudando a Defesa Civil na remoção de flagelados e reduzindo os danos materiais e possíveis mortes.

Além de apontar os locais críticos da cidade, o documento traz sugestões de intervenções a serem adotadas como: implantação de medidas estruturais para contenção de cheias, adequação do sistema de drenagem pluvial e monitoramento/alarme para evacuação em casos extremos.

O levantamento foi elaborado a pedido da presidente Dilma Rousseff, após o desastre na cidade de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro, no ano passado. Nesta semana, o fato se repetiu e pelo menos 18 pessoas morreram em novo deslizamento de terra ocorrido em Petrópolis, na serra carioca.

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