Cinco acidentes de trabalho acontecem por dia no Vale

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Cinco acidentes de trabalho acontecem por dia no Vale

Área rural concentrou maioria dos casos de 2012

Vale do Taquari – Dados do Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales (Cerest) apontam que 1.851 profissionais da região se envolveram em acidentes em 2012, uma média de cinco casos por dia.

tO número é 5,51% menor que no ano anterior, quando houve 1.959 registros. O levantamento se refere à área de abrangência da 16ª Coordenadoria Regional da Saúde.

De acordo com o estudo, a maior incidência é em atividades rurais, com 487 registros. Depois aparece o setor de abate de animais, que soma 220 casos e o calçadista, com 169. A construção civil tem 127. Desde o início dos registros, em 2001, a região teve 7.349 acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.

Em fevereiro, Arlindo Rodrigues, 48, caiu de uma escada enquanto trabalhava numa construção no centro de Lajeado e deslocou a coluna. O trabalhador critica a forma como a empresa lidou com o caso.

Segundo ele, os responsáveis pela obra dificultaram a entrega do Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), obrigatório para auxílios da Previdência Social. “Temiam que fossem responsabilizados e pediram que eu omitisse o fato, pois no momento não estava com equipamentos de segurança. Era para dizer que tinha tropeçado.”

Rodrigues conta que a indicação médica é para que ele evite qualquer tipo de esforço físico por no mínimo seis meses. “Quando caí, senti um calor na coluna e evitei me levantar. O médico disse que posso ficar paralítico a qualquer hora.”

Cultura de insegurança

Coordenador do curso de pós-graduação em Segurança do Trabalho da Univates, Eduardo Delwing, afirma que os debates sobre o tema têm crescido entre empresas e trabalhadores, mesmo que distante do ideal.

Segundo ele, é comum a adoção de uma postura reativa, focando em áreas que apresentaram problemas e diminuindo a fiscalização nas demais. Exemplifica que hoje a atenção dos administradores está voltada para questões de combate e prevenção de incêndios.

Para o especialista, o funcionário tem que ter disciplina operacional, desenvolver as atividades como está no manual para ter segurança, e as empresas precisam conferir diariamente se isso é cumprido.

Números poderiam ser maiores

A médica do trabalho do Cerest, Adriana Skamvetsakis, ressalta que muitas ocorrências ficam fora das contagens oficiais. O motivo para a falta dos dados é que nem todos os profissionais de saúde registram os atendimentos.

Destaca a importância do acompanhamento para identificar as características dos trabalhadores da região. A falta de conhecimento sobre as doenças do trabalho é outro obstáculo para a apuração.

Duas mortes em 2013

Nos primeiros 67 dias do ano foram registrados 75 acidentes de trabalho na região, com duas mortes, uma a menos que 2012. Em 2011, foram dez óbitos.

As duas vítimas de 2013 trabalhavam na construção civil. O cruzeirense Volmir Alberto Dessoy, 28, morreu depois de ficar um mês internado no Hospital Bruno Born. Em dezembro de 2012, ele foi atingido por telhas que caíram enquanto trabalhava em uma obra no bairro Jardim do Cedro, em Lajeado. O trabalhador teve lesões na coluna.

Outro acidente fatal foi a queda de Cléberson da Silva, 17, de Bom Retiro do Sul. No início do mês, ele despencou de um andaime de sete metros e teve traumatismo craniano.

Perfil dos acidentes

A maioria dos casos registrados nos dois últimos anos envolveu trabalhadores de 18 a 29 anos. Os acidentes de trajeto, ocorridos entre a casa e o trabalho, vitimaram 263 pessoas no período.

O contato com máquinas de médio e grande porte levou a 428 lesões. Materiais cortantes, como facas, punhais ou lâminas, ocasionaram 345 acidentes. Cerca 325 pessoas foram vítimas de ferramentas manuais sem motor, como serrotes, enxadas e foices. E ferramentas motorizadas e utensílios de uso doméstico, como máquinas de costura, liquidificadores e ventiladores, motivaram 206 registros.

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