Quadrilha assalta mais um banco no interior

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Quadrilha assalta mais um banco no interior

Polícia acredita que suspeitos são os mesmos que roubaram agência em Imigrante

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Colinas – Em menos de duas semanas, mais um banco foi alvo de criminosos no interior do Vale do Taquari. Agência do Sicredi de Colinas foi roubada ontem à tarde. Criminosos fugiram com dinheiro após trocar tiros com a polícia e levar uma refém. No dia 15, Banrisul de Imigrante foi assaltada da mesma maneira.

aO ataque ocorreu por volta das 14h30min. Quatro homens encapuzados, de coletes à prova de bala, com luvas e armados com um fuzil, espingarda calibre 12 e pistolas, renderam uma cliente e obrigaram o guarda a liberar a porta giratória.

Durante a ação que durou menos de 5 minutos, os suspeitos renderam a gerente e fizeram-na abrir os caixas eletrônicos e recolher o dinheiro dos caixas de atendimento. Um funcionário acionou o botão do pânico que travou a porta de saída.

Assustados, os criminosos agrediram o guarda com chutes e coronhadas para conseguir escapar e quebraram a porta com machadadas. O vigia ainda teve a arma e o colete balístico roubados. Na saída foram surpreendidos por um policial militar que fazia ronda no local. Para chegar ao carro, usaram uma refém como escudo e atiraram contra a viatura.

O policial iniciou a perseguição pela rua Borges de Medeiros em direção a Roca Sales. No percurso os assaltantes largaram miguelitos que furaram os pneus da viatura. A refém foi liberada na entrada da Linha 31 de Outubro, em direção a Garibaldi.

A quadrilha fugiu em um Toyota Corolla preto, roubado ontem à tarde em Porto Alegre.

O empresário Jaime Machado, que tem sua loja localizada no mesmo prédio da agência, relatou que após gritos correu para rua e se deparou com os assaltantes. Assustado, foi para o interior da loja com medo de ser atingido pelos disparos. “Durou apenas 5 minutos, mas foi o pior pesadelo da minha vida.”

O comerciante Ivaldo Bergjohann saiu do banco minutos antes da agência ser assaltada. Ficou no local por 15 minutos efetuando o pagamento de contas. Relata que sete pessoas estavam na agência. “Minutos após saírmos, os bandidos invadiram. Escapei por muita sorte.”

A BM montou um cerco em toda as saídas da região, mas até o fechamento desta edição ninguém havia sido preso.

Mesma quadrilha

O delegado José Romaci Reis acredita que seja a mesma quadrilha que roubou o banco em Imigrante. “É o mesmo modo de agir, fugiram pelo mesmo lugar.” Destaca que a PC possui informações sobre os suspeitos. “Temos motivos para acreditar que os assaltantes sejam de Caxias e Farroupilha.”

Filho descreve terror vivido pela mãe

Aneci Schubert foi feita refém durante a ação criminosa. Segundo o filho, a mãe teria chegado ao local por volta das 14h10min para pagar contas. Na hora que ela estava saindo do banco teria sido rendida e levada de volta ao interior do prédio.

Ele relata que a mãe passou por momentos de terror e medo. “Quando o policial chegou, eles a usaram como escudo humano e saíram atirando. Sorte que ela saiu ilesa. Tudo não passou de um susto.”

Minutos de pânico para comerciantes

Por volta das 14h30min, o diretor de uma fábrica de tintas na Rua Parobé, a cerca de 200 metros da agência bancária, escutou os estampidos dos primeiros disparos.

“Pensei que fosse outra coisa, mas quando fomos para a rua avistamos o policial agachado atrás da viatura trocando tiros com os assaltantes”, comenta Jeremias Jacobs.

Com um funcionário, correu para dentro da empresa depois que dois tiros atingiram uma porta de metal e parte da parede lateral da fábrica. “Corremos para nos proteger.” Parte de um projétil ficou sobre a calçada.

Naquele momento, o único policial que estava atuando em Colinas enfrentava sozinho quatro criminosos. Ao chegar próximo à agência, o comandante da BM local, Valdir Schwarz, ouviu o barulho das machadadas. Os bandidos, trancados dentro do banco, precisaram quebrar a porta para fugir. Ele precisou se proteger atrás da viatura para não ser alvejado.

Cerca de oito tiros atingiram o veículo. Três no para-brisa, dois na placa dianteira, e outros três na lataria. A moradora Regina Terezinha Miranda estava passando em frente ao banco quando ocorreu o tiroteio. Estava voltando da escola onde havia buscado seus dois filhos.

“Foi horrível, muito rápido. Eles dispararam vários tiros contra a viatura. Também bateram muito no guarda.” Ela mora há 30 anos em Colinas. “Nunca vi algo parecido, foi um filme de terror.”

Cerco continuou na madrugada

Conforme o capitão Fabiano Dorneles, chefe da seção de inteligência do Comando Regional, a BM ficará com o cerco armado durante toda a madrugada. “Temos a informação de que eles estão por perto.” Por volta das 21h o Corolla preto foi encontrado na estrada geral que liga a Roca Sales.

Policiamento frágil

Em matéria publica na terça-feira, 19, o A Hora mostrou o déficit de policiais no Vale do Taquari. A falta chega a 31%, cerca de 210 soldados. De acordo o tenente- coronel, Antônio Scussel, apenas 32 novos policiais chegaram em abril.

Nelson Schmidt, proprietário do prédio onde a agência está localizada há seis anos, comenta que o avanço da criminalidade preocupa. Segundo ele, a falta de efetivo tem atraído os ladrões às cidades do interior do estado.

“Após assaltos em mercados, posto de gasolina, foi a vez do banco. A segurança precisa ser reforçada, caso contrário esse tipo de situação será cada vez mais comum.”

Fuga com troca de tiros e miguelitos

Na saída da agência, houve uma intensa troca tiros entre o único policial que estava na cidade e os quatro criminosos. Cerca de seis tiros acertaram a viatura da BM, inclusive disparos de calibre 12. Ninguém foi baleado.

Ao entrar na rua Borges de Medeiros, a quadrilha jogou diversos miguelitos, que acabaram furando os pneus da viatura. Diversos veículos de moradores também tiveram os pneus furados.

Entrevista com comandante da BM de Colinas, soldado Valdir Schwarz

Como você ficou sabendo da ocorrência?

Eu estava em patrulhamento quando o dono de uma loja gritou para mim. Me informou que havia alguém em frente ao banco com uma refém, e uma arma na mão. Tentei contato com rádio e me aproximei o máximo que pude. Cheguei a uns 50 ou 60 metros do banco. Não pude ir mais próximo porque ele já estava atirando.

Qual foi a sua primeira reação?

Vi dois bandidos. O que segurava a refém estava de camisa preta, o outro, que começou a atirar estava de camisa branca. Eu parei o carro de frente para eles e desci. Me protegi atrás da viatura e efetivei disparos. Não posso precisar quantos, preciso ver no carregador. Ali também comecei a fazer contato com outras brigadas para tentar iniciar o cerco.

Quantos tiros atingiram a viatura?

De seis a oito tiros. Mas eu não me machuquei.

Você conseguiu chamar reforço?

Depois que os meliantes foram embora eu tentei novamente fazer contato via rádio, mas não consegui pois tem problema de comunicação. Depois tentei com as brigadas mais próximas, de Teutônia e Estrela. Não sei precisar se houve o contato, pois havia vidro para tudo que é lado na viatura e eu fui ver se havia alguém machucado dentro da agência. Depois disso, fui realizar o cerco em outra região, mas eles (os bandidos) não passaram por mim.

Você trabalha há quanto tempo em Colinas?

Trabalho há 20 anos aqui em Colinas, e essa foi a primeira vez que passei por algo parecido. Ano passado teve um arrombamento de um banco, mas sem tiroteio.

Como você está se sentindo?

Estou tranquilo.

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