Vale do Taquari – O índice de beneficiários do Programa Bolsa Família aumentou 12,5% nos últimos dois anos na região. São 792 famílias que passaram a receber o auxílio, totalizando 6.323 atendidas (veja tabela).
Um dos municípios com maior acréscimo é Encantado. Na cidade, o benefício se estende para 480 famílias, com um aumento de 86 participantes. Cadastrada há três anos, a mãe solteira Adriana Pires, 39, depende dos pouco mais de R$ 200 mensais para sustentar os três filhos. O valor é utilizado para o pagamento da comida, incluindo a compra de leite do bebê de 2 meses.
É pífio o dinheiro que sobra para os materiais de limpeza, roupas e utensílios domésticos. “Antes pouco do que nada. Não posso deixar meus filhos passarem fome.”
A família mora em um casebre, no bairro Nova Morada. Há quatro anos, Adriana e os filhos mudaram-se de Santa Catarina, a pedido do irmão que hoje é seu vizinho, em busca de uma vida melhor.
A casa é de madeira, construída com restos encontrados no lixo e cedidos por parentes. As paredes são revestidas com lonas e placas de publicidade, que tapam as frestas.
Quando chove, Adriana recorre a baldes para evitar que as goteiras molhem os poucos móveis e eletrodomésticos. “O telhado de brasilit está comprometido.”
Há quatro anos, Adriana cobra na Justiça o direito à pensão paterna para as filhas mais velhas. Enquanto aguarda decisão, se mantém como pode. Desempregada, recebe o auxílio-maternidade. Assim que o benefício terminar, buscará um serviço para dar melhores condições de vida aos seus filhos.
Menos dependências
São 15 municípios em que o número de beneficiados é menor. Em Santa Clara do Sul, 27 famílias deixaram de receber o auxílio, 56 a menos que há dois anos. É a maior redução no Vale.
A técnica responsável pelo serviço, Letícia Güntzel, ressalta a importância do trabalho social com as famílias vinculadas ao programa. Enfatiza que o benefício fortalece os vínculos familiares para que no futuro as pessoas não dependam mais da transferência de renda.
Conforme levantamento feito pela assistente social, Elenir da Silva Roth, em 2007, no início do programa no município, eram 154 famílias beneficiadas.
Valor será reajustado
No Brasil, mais de 11 milhões de famílias são atendidas pelo programa. Por enquanto, a média do benefício é de R$ 97. O reajuste anual deve ser apresentado no primeiro semestre, após o novo salário mínimo federal, conforme anúncio ministra do Planejamento Miriam Belchior.
O salário mínimo atual é de R$ 622, determinado pela presidente Dilma Rousseff no ano passado. A expectativa é que o valor chegue a R$ 675. “O valor do Bolsa Família é regulado pelo aumento no salário mínimo”, estipula a ministra.
Como funciona
O Bolsa Família é um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 140 mensais. Foi criado para propiciar acesso aos direitos básicos como: saúde, alimentação, educação e assistência social.
Conforme o governo, as famílias extremamente pobres são aquelas que têm renda per capita mensal de até R$ 70. E as pobres, entre R$ 70,01 e R$ 140, que têm em sua composição gestantes, nutrizes, crianças ou adolescentes de até 17 anos.
Cada administração municipal é responsável em cadastrar, digitar, transmitir, manter e atualizar a base de dados, acompanhar as condições do benefício e articular e promover as ações complementares destinadas ao desenvolvimento autônomo das famílias pobres do município.
A seleção é feita com base nas informações registradas pelo município no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal, instrumento de coleta de dados que identifica todas as famílias de baixa renda no país.
No momento da inscrição, os interessados devem apresentar, de cada integrante familiar, a Certidão de Nascimento ou Casamento, Carteira de Identidade, CPF, Título de Eleitor, Carteira de Trabalho e folha de pagamento ou Talão de Produtor Rural, e comprovante de residência.
