Lajeado – O instalador de gesso Anderson Martinelli de Medeiros foi morto de forma premeditada. Na manhã dessa terça-feira, o homem foi surpreendido pelo seu assassino quando estacionava seu carro em frente à obra onde trabalhava há menos de dois meses, na esquina das ruas Saldanha Marinho e Santos Dumont.
Por volta das 7h35min, o criminoso saltou de uma moto que estava estacionada no local e disparou seis vezes à queima-roupa. Depois, subiu na carona da Yamaha Fazer e fugiu pelas ruas centrais da cidade sob olhares atônitos de moradores vizinhos.
Encurralado dentro do seu Clio vermelho, Martinelli não teve chance de fugir, reagir ou mesmo se defender. Foi alvejado seis vezes por balas de uma pistola calibre 380. Um tiro em cada perna. Dois no braço e outros dois no peito. Agonizou por 10 minutos nos braços de amigos e colegas de trabalho. Morreu antes da chegada da equipe do Samu. Deixou um filho de um ano e meio, pelo qual, segundo familiares, “era completamente apaixonado”.
A Polícia Civil (PC) e a Brigada Militar (BM) logo chegaram à cena do crime, em frente à sede do Caps. O local foi isolado de forma parcial e dezenas de curiosos se aglomeraram próximo do cadáver. Muitos fotografavam o carro com o corpo ensaguentado do jovem. O delegado responsável, Rodrigo Reis, chegou ao local às 10h.
Familiares reclamaram da demora na perícia. O clima ficou mais tenso com a chegada do pai. Bastante abalado, tentou se aproximar do filho morto, mas foi impedido por um constrangido policial civil. Logo depois, a mãe chegou amparada por amigos.
Só após mais de quatro horas a equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP) chegou a Lajeado. Eram 11h46min quando os peritos começaram a examinar o corpo e a cena do crime. Às 12h21min, o carro funerário levou o caixão com o corpo de Martinelli. Ele foi enterrado ontem no Cemitério do Hidráulica.
PC investiga duas hipóteses
Responsável pelo caso, o delegado Silvio Huppes afirma que a PC trabalha com duas hipóteses para o assassinato. A primeira é de crime passional.
Amigos afirmam que, durante uma festa no sábado passado no Cia Bar, em Estrela, Martinelli teria comentado que alguns homens estavam “lhe observando de forma ameaçadora.”
A segunda hipótese é envolvimento com entorpecentes. No carro de Martinelli, a perícia encontrou uma pequena quantidade de droga. Huppes afirma que a polícia descarta latrocínio. “Foi uma execução.”
Lideranças cobram IGP na região
Em novembro de 2012, o prefeito de Lajeado, Luís Fernando Schmidt, se reuniu com diretores do IGP em Porto Alegre. Estava em discussão o projeto de instalação da Coordenadoria Regional de Perícias na cidade. Naquela época, o diretor-geral do IGP, José Cláudio Teixeira Garcia, garantiu que o processo seria “acelerado”.
Na reunião, ficou acertado que o IGP encaminharia ofício à Prefeitura de Lajeado com todos os requisitos necessários à concretização do projeto. Até o momento, nada foi concretizado e a instalação segue distante.
Hoje, os serviços prestados pelo Departamento de Criminalística do IGP, em relação a Lajeado, estão a uma distância de 110 quilômetros de Porto Alegre, 204 quilômetros de Santa Maria ou 110 de Caxias do Sul. A ideia é reunir em um único prédio os departamentos de Identificação, Criminalística e Médico-Legal. O município conta com serviço de Instituto Médico Legal (IML).
Os membros da diretoria da Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro) também estão mobilizados para buscar a instalação de uma central do IGP no Vale do Taquari.