Vale do Taquari – A decisão das administrações municipais de fechar os postos de saúde durante o feriadão de Carnaval trouxe incômodo para dezenas de famílias. Sem atendimento básico em suas comunidades até amanhã, pacientes se dirigem aos hospitais que são referência na região. Em Lajeado, muitos tiveram de aguardar cerca de sete horas por uma consulta médica.
Morador do bairro Centenário, Lajeado, Irineu Severo da Silva procurou o posto de saúde na sua localidade ontem de manhã. Como o local estava fechado, buscou a unidade do Montanha, que também está de recesso até amanhã. Sem opções, chegou às 8h30min no Pronto Socorro (PS) do Hospital Bruno Born (HBB). Foi atendido apenas às 15h40min.
Silva afirma que alguns pacientes chegaram depois e, mesmo assim, foram atendidos antes. “Eles trocaram as fichas. No início tinham dois na minha frente, depois eram oito.” Ele levou seu filho – que realizou cirurgia há poucas semanas – para pedir uma receita. “Me disseram que há só um médico no plantão”, lamenta.
Ele comenta que outras pessoas também tiveram que esperar por cerca de sete horas. “Nenhum ser humano merece esse tratamento.” Edson Antônio Weber, morador do bairro Jardim do Cedro, aguardou cinco horas para conseguir um atendimento para o filho que estava com infecção urinária.
Weber chegou às 10h30min e saiu do pronto socorro às 15h30min. Ao contrário dos servidores municipais, ele precisou trabalhar ontem. “Vou voltar agora ao serviço para tentar fazer alguma coisa. Mas acho que já perdi o dia.”
Moradores de cidades vizinhas também recorreram ao HBB para buscar atendimento. Com ânsia de vômito, gripe e diarreia, Angélica Althaus, de Santa Clara do Sul, ficou na fila por pelo menos duas horas para ser examinada. Não tinha onde sentar. “Não posso fazer nada a não ser esperar.”
HBB atendeu 250 pessoas ontem
Segundo o diretor administrativo do HBB, Élcio Darci Callegaro, cerca de 250 pacientes foram atendidos ontem. Ele afirma que dobrou o movimento em relação aos dias normais. “Nossa estrutura tem capacidade de atender até 120 pessoas num período de 24 horas.” Desde sexta-feira, foram mais de 460 atendimentos.
Ele nega a informação de que havia apenas um plantonista e informa que o HBB tem dois plantonistas presenciais, desde às 7h. “Ainda possuímos os plantões de especialistas que são chamados para atender os casos de maior complexidade.”
Callegaro atenta para a falta de ações conjuntas entre os municípios. Diz que é necessário um foco maior para o atendimento eletivo. “Ficou constatado que pessoas de toda região estão vindo procurar atendimento no HBB.
É necessário definir ações com as cidades da região, focadas para o atendimento eletivo, separando da emergência, para evitar que haja reclamações sobre tempo de espera.”
Procura menor em outros municípios
No Hospital São José, de Arroio do Meio, a direção considera normal o movimento de pacientes no feriado. Segundo Fabiane Hammes Gasparotto, do setor administrativo, foram 90 atendimentos entre sábado, domingo e ontem. “Nada mudou em relação a fins de semana normais.”
A procura foi pequena também em Encantado, no Hospital Santa Terezinha. Conforme a coordenadora de recepção, Tatiane Cenci, não houve aumento significativo nos atendimentos.
Ela informa que de sexta-feira até as 17h de ontem foram 247 pacientes atendidos. Desses, 65 só ontem. “Estamos com apenas um profissional para atender a todos pacientes que procuram o Pronto-Socorro.”
Em Teutônia, a demanda de pacientes também foi grande. O aumento no número de atendimentos foi superior a 60%. Segundo o diretor do Hospital Ouro Branco, André Lagemann, a procura foi maior ontem. “Durante o fim de semana foi mais tranquilo. Mas ontem foi muito maior em relação a outros dias.”
Afirma que dois médicos plantonistas atenderam durante o período da manhã, quando houve maior movimento.
