Vale do Taquari – Em abril de 2012, o diretor-presidente da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Arnaldo Dutra, veio até Lajeado anunciar o início das obras de instalação da rede coletora de efluentes domésticos no bairro Florestal.
Orçada em R$ 4 milhões, a obra deveria ser pronta em abril deste ano, conforme o contrato. No entanto, dos 10,5 quilômetros de tubulações anunciados, apenas mil metros foram concluídos após dez meses do anúncio. Uma média de cem metros por mês.
Conforme a companhia, a previsão para concluir os trabalhos é dezembro de 2013. Serão oito meses de atraso. Prazo que ainda pode ser prorrogado.
A empresa responsável pela obra é a Esac Empreendimento de Mão de Obra, com sede em Joinvile, Santa Catarina. Conforme o engenheiro responsável, Tiago Vieira, o início dos serviços ocorreu só no dia 29 de novembro de 2012. Sete meses após o anúncio oficial do diretor-presidente.
Erros e modificações no projeto são as causas apontadas pelo engenheiro para o atraso inicial. Segundo ele, 25 funcionários trabalhavam na obra em 2012. Desses, dez foram demitidos.
“A mão de obra é desqualificada. Precisamos enxugar o pessoal para tentar um serviço de melhor qualidade.” Para os próximos dias, estão previstas outras cinco demissões.
O engenheiro afirma que poucos trabalhadores da região aceitam o trabalho. Cada funcionário recebe em média R$ 1,1 mil de salário, mais horas extras. “A maioria que trabalha aqui veio do nordeste do país.”
Ele afirma que o número de dez pessoas deverá ser mantido para reiniciar a instalação da rede. “Faremos cerca de mil metros por mês.” Vieira contradiz a Corsan, e garante que a obra completa terá nove quilômetros – 1,5 a menos do que o anunciado pela estatal em 2012.
Demora causa reclamação de moradores
A obra será realizada na área entre as ruas Padre Amstadt, Santos Dumont, João Heineck Sobrinho, e as avenidas Benjamin Constant e Castelo Branco. Muitos moradores dos bairros Florestal e Moinhos reclamam da demora nas obras. Na última semana, alguns buracos foram deixados abertos e com a chuva o problema se agravou. “Não consegui sair de casa com meu carro”, conta o pedreiro Marcos Ribeiro Costa.
Outra moradora se queixa da espera e da sujeira. “Deixaram quase uma semana um buraco aberto em frente da minha casa.” Vieira pede “compreensão” para a comunidade e garante que até dia 15 os problemas serão resolvidos. Afirma que entende o transtorno e avisa que nos próximos dias a equipe trabalhará só na manutenção de buracos em ruas onde a rede foi instalada. “Ficaremos duas semanas apenas limpando, depois retomaremos os serviços. A empresa também está chateada com a situação.”
Detalhes da nova rede de esgoto
Serão beneficiadas as avenidas Presidente Castelo Branco, Benjamin Constant, Sete de Setembro, e as ruas Paulo Frederico Schumacher, Carlos Jacob Kielling, Pontes Filho, Germano Noll, Waldemar Ely, Julio Born, Felipe Malmann, Travessa da Paz, Ermundo F. Ely, Zelia Maria Abichequer, Matias Rockembach, Padre Teodoro Amstadt, Irmão Emilio Conrad, São Pedro, José Schmatz, 15 de Novembro e Cristiano Grün.
Cerca de 4,5 mil habitantes vivem nessa área. A nova rede coletora será interligada à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do bairro Cohab Moinhos, localizada na Av. Castelo Branco. Com a rede já instalada, serão cerca de 15 quilômetros de tubulações. Hoje, apenas 0,9% da população é atendida. Com a nova rede, a expectativa é que o atendimento chegue a 7% do total.
Estação no Alto do Parque está distante
Em abril de 2012, o diretor-presidente da Corsan também anunciou o início da construção da Estação de Tratamento de Esgoto no bairro Alto do Parque. A promessa era iniciar os serviços em abril de 2013, assim que fosse finalizada a instalação da rede de efluentes do bairro Florestal.
Conforme o anúncio, o investimento seria de R$ 5 milhões e a estrutura semelhante à ETE da Cohab. A estrutura com capacidade de 30 metros cúbicos de esgoto por hora estava prevista para ser construída ao lado do Parque do Imigrante.
A Corsan informa que este compromisso faz parte de um acordo com a administração do município, que ainda está em fase de estudos. A estatal avisa, agora, que inexiste prazo para início dessa obra.
Conforme o gerente da Corsan em Lajeado, Carlos Machado, a estação de tratamento construída por R$ 4 milhões entre 2008 e 2009 opera apenas 10% da capacidade. Com capacidade para 300 mil litros, capaz de atender até 440 economias, a ETE está interligada a 228 – correspondendo a 293 domicílios.
A tarifa de tratamento de esgoto corresponde a 41% do valor gasto com a rede de abastecimento de água. Inexiste lei que obrigue a interligação com o sistema.
De acordo com a direção da companhia, a Corsan não tem prerrogativa de obrigar o usuário a se interligar na rede de esgoto. Para a estatal, esse serviço é de responsabilidade das administrações municipais.
Segundo o secretário de Governo, Auri Heisser, é preciso uma mudança na legislação federal para que a cobrança do serviço seja obrigatória. Diz que a intenção e trabalhar a conscientização da comunidade, em conjunto com a Corsan e o Ministério Público. “Estudaremos algum tipo de incentivo.”
Em 2011, 230 economias receberam auxílio de R$ 80 mil da administração municipal para custearem a interligação das residências com a ETE da Cohab.
Outros investimentos anunciados
– Ampliação do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) – recursos do Orçamento Geral da União no valor de R$ 10.570.896,92, dos quais já estão contratados R$ 4.856.500,00 para a execução de adutoras e redes de distribuição de água (38.236m) – obra não iniciada;
– Por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Corsan também garantiu R$ 10,5 milhões para realizar melhorias no sistema de abastecimento de água do município. O projeto compreende a execução de adutoras de água, elevatórias de água tratada, 3 reservatórios (bairros Centenário, Montanha e Conventos) e redes de distribuição;
– Está previsto o investimento de R$ 1,7 milhão em melhorias operacionais, como substituição das redes antigas de água. Mais R$ 1,1 milhão para estudos e projetos do SES e R$ 850 mil para estudos e projetos do SAA. Os estudos e projetos estão para ser licitados em março e servem para a captação de novos recursos;
Obra segue parada em Encantado
Orçadas em R$ 2,5 milhões, as obras da ETE de Encantado iniciaram no dia 22 de julho de 2009. A previsão era que estivesse pronta no dia 15 de outubro de 2010. Coberta de mato e depredada pela ação de vândalos, a estrutura está inacabada. Segundo a Corsan, ocorreram equívocos no projeto, como por exemplo a avaliação do solo.
A engenheira responsável, Fernanda Santos, afirma que está em licitação a segunda etapa da obra, que completará as ligações subterrâneas entre as localidades de Lambari, Planalto e Nova Morada. Ela informa que é necessário realizar três travessias sob a ERS-130, e que isto depende de negociações com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens (Daer). A Corsan não soube informar quando as obras serão reiniciadas.