Acervo se deteriora no Parque Histórico

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Acervo se deteriora no Parque Histórico

Objetos centenários se decompõem no local onde deveriam estar em exposição

Lajeado – Um jornal alemão publicado em 1914 se deteriora em uma sala escura e suja do Parque Histórico Municipal. Ao lado, dezenas de outros periódicos do século passado estão amontoados dentro de caixas de papelão, com livros, fotografias, documentos, quadros e manuscritos produzidos há mais de 150 anos. Todo o material provém de doações de famílias, que acreditavam estar colaborando para a construção de um acervo histórico.

pNo chão da pequena sala localizada abaixo do pórtico, há centenas de folhetos de publicidade do parque – produzidos com dinheiro público – queimados e rasgados. As goteiras e infiltrações aceleram o processo de deterioração do acervo. O local, que deveria servir como uma espécie de museu, é usado para armazenar entulho, lixo, materiais de construção e móveis estragados.

No site da administração municipal, no link reservado ao Parque Histórico, existe o anúncio de um “Museu do Livro Antigo” em um dos 17 prédios construídos em estilo enxaimel. Nele, deveria ser oferecido ao público um acervo histórico para fonte de pesquisa regional, nacional e internacional. O local inexiste.

A coordenação do Curso de História da Univates sequer aceita conversar sobre o assunto. Em 2003, uma parceria entre administração municipal e a instituição motivou o início de um trabalho de restauração de documentos, mas o projeto foi paralisado. Nenhum professor está autorizado a falar sobre a questão.

Durante alguns anos, a Associação dos Amigos do Parque Histórico – formada por voluntários, historiadores e professores de alemão – auxiliou na manutenção do local. Hoje ela está inativa.

“Museu do horror”

Dentro do prédio localizado ao lado do moinho a cena é ainda pior. Segundo um funcionário do parque, é onde se encontra o que ele apelidou de “Museu de horror”. Há pelo menos 20 máquinas de escrever jogadas no chão. Quase todas estão quebradas. É difícil se locomover pelo local, tamanha quantidade de lixo e entulho.

No mesmo prédio, monitores de televisão, máquinas de costura, calculadoras, quadros, fotografias, placas comemorativas, vitrolas, projetores de filme e até um piano do início do século passado se amontoam com restos de construção e teias de aranha. Pequenas peças de artesanato e relógios antigos deteriorados ainda possuem os nomes das pessoas responsáveis pelas doações.

O maquinário que deveria manter o moinho funcionando está estragado. A roda, que fica ao lado do prédio, perdeu parte de sua estrutura de madeira. É preciso reformá-la.

Saiba mais sobre o local

O Parque Histórico Municipal (Deutscher Kolonie Park) foi inaugurado em novembro de 2002 numa área de 2,5 hectares ao lado do Parque do Imigrante. No local, foram instalados, em dimensões originais, 17 prédios antigos construídos em estilo “enxaimel”, uma característica das habitações dos primeiros colonizadores alemães do município. Todos estavam originalmente em cidades da região.

O conjunto arquitetônico forma uma “aldeia-museu”, com escola, salão de baile, ferraria, moinho e outros prédios que formavam uma “colônia” dos tempos dos pioneiros. Hoje trabalham quatro funcionários no local, entre eles um guia turístico, estagiário do curso de Turismo. Em 2012, foram cerca de 4,5 mil visitantes.

Executivo quer tombar o parque

Conforme o secretário de Cultura e Turismo (Secultur), Eduardo Gomes Müller, o projeto da nova administração municipal é fazer do Parque Histórico um complexo cultural. “Queremos também transformar o local em Patrimônio Histórico e assim tentar mais recursos para investimentos na infraestrutura.” Afirma que a situação do parque estava pior no início do ano.

Há poucas atrações para os visitantes. Entre os 17 prédios reconstruídos na “aldeia germânica”, apenas três estão abertos ao público após 11 anos da inauguração do local, e depois de milhões de reais investidos no local. São eles o Salão Troller, utilizado para festas, bailes e outros eventos sociais; o Museu Lohmann; e o Café Colonial, servido de sexta-feira à domingo.

O Centro de Cultura Alemã de Lajeado é o único que utiliza o local com mais frequência para realizar partidas de Eisstocksport. Conforme o responsável pela Secultur, ensaios de orquestras, peças de teatro, oficinas de artes cênicas, de artesanato, apresentações musicais e eventos diversos estão entre as propostas para aumentar o fluxo de visitantes. “Transmitiremos todas as atrações por meio de rádio e WebTV.”

Principais propostas do governo

– Implementação do Órgão Municipal do Turismo;

– Tombamento do Parque como Patrimônio Histórico e Artístico Municipal;

– Reestruturação da infraestrutura do Parque Histórico;

– Digitalização de todo acervo bibliográfico do Parque em parceria com o Centro de Memória, Documentação e Pesquisa da Univates – CMDPU;

– Transformar o Parque num Complexo Cultural e Artístico, com funcionamento diário das 8h às 23h. Exemplo: toda quinta-feira ensaio aberto da Orquestra de Concertos de Lajeado; toda sexta-feira workshops de artes cênicas, teatro, circo, dança, malabares e assim por diante em áreas como música, artes cênicas, artes visuais, literatura e audiovisual;

– Criação da Web rádio e TV do Parque Histórico com programação em áudio e vídeo 100% cultural com artistas locais e cursos online (EAD);

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