Cruzeiro do Sul – Frente às dificuldades de o município desenvolver um projeto viável para reformar a Casa do Morro, o Ministério Público (MP) de Lajeado instaura inquérito para acompanhar as ações previstas para a preservação do prédio.
A decisão foi anunciada nessa segunda-feira. O promotor de Justiça, Neidemar Fachinetto, relata que o tema estava sob responsabilidade do MP Federal, que verifica o uso de dinheiro da união.
Sem liberação da Caixa Econômica Federal (CEF), o recurso previsto voltou aos cofres da União. Frente a isso, a investigação passou para a promotoria da região.
Segundo ele, o Executivo foi comunicado sobre a investigação e terá 15 dias para responder que tipo de projeto é elaborado para a reforma e conservação do espaço.
Com a resposta, Fachinetto pretende marcar uma reunião com os gestores municipais para debater o tema. Fechado ao público desde 2003, o governo passado desenvolveu no mínimo três projetos para reforma. Os altos custos, poucas empresas especializadas no serviço e a burocracia foram apontados como problema para a dificuldade das obras.
Em viagem a Brasília, o prefeito Cesar Marmitt conta que pretende instalar a casa do artesão no prédio histórico. Relata que busca recursos federais para investir no local. “Visitamos os Ministérios para verificar os programas que possibilitam a inscrição de um projeto para a Casa do Morro.”
Patrimônio histórico em ruínas
Construído no século XIX, após a Guerra do Paraguai, o prédio está péssimas condições de preservação. As janelas estão quebradas, e as paredes corroídas. Ratos, gambás e urubus incrementam o aspecto de abandono da casa.
Dois contos tratam sobre o motivo da obra. O primeiro – e mais aceito pelos historiadores – retoma a enchente de 1873, quando as águas alcançaram a residência da família do tenente-coronel Primórdio Centeno Xavier de Azambuja.
O militar teria decidido construir a casa no alto do morro, longe de qualquer possibilidade de uma nova cheia do Rio Taquari. No segundo caso, a destinação do prédio seria para o tratamento de familiares com tuberculose, doença sem cura na época.
Com a morte de Primórdio, em 1898, a Casa do Morro foi alugada para Leocádia Vilanova de Azambuja. Em 1901, ela comprou o sobrado em leilão, onde morou com os nove filhos até 1914.
Depois disso, a casa foi alugada algumas vezes até ser abandonada. Na emancipação de Cruzeiro do Sul, em 1963, o casarão passou a ser patrimônio do novo município. A primeira reforma ocorreu no terceiro governo, em 1973.