Lajeado – A União das Associações de Moradores dos Bairros de Lajeado (Uambla) promove assembleia geral nesta segunda-feira. Além da apresentação de contas, feita a cada três meses, os integrantes debatem os problemas financeiros enfrentados pela entidade.
O presidente Darci Polis garante que não há intuito de desistir do gerenciamento do rotativo. Única receita da Uambla, os R$ 1,25 cobrados por hora de estacionamento são responsáveis pelo pagamento da folha, compra de equipamentos, manutenção e material de expediente.
Nessa sexta-feira, a assessoria jurídica da entidade e diretores se reuniram com integrantes da administração municipal. No encontro, conforme o coordenador do Departamento de Trânsito, Euclides Rodrigues, foram tratadas maneiras de adequar o sistema de cobrança, prevendo a decisão judicial.
Por dia, a arrecadação nas 64 quadras centrais gira em torno dos R$ 3 mil, resultando em uma receita média de R$ 75 mil por mês. Para manter a estrutura, a Uambla gasta cerca de R$ 90 mil. De acordo com Polis, a inadimplência dificulta o fechamento das contas.
Todo o sábado, a entidade avalia o número de motoristas que deixaram de pagar pelo estacionamento. Nesse mês, o índice é de 42%. Segundo o presidente da associação, essa dificuldade financeira pode obrigar a administração a reduzir custos. “Se conseguirmos reduzir esse número para cerca de 10 ou 15%, há como recuperar o déficit.”
Em sessão da câmara de vereadores desta semana, foi votado requerimento que solicitava ao Executivo auxílio de R$ 20 mil à associação. Apresentado pela bancada do PP, a proposta foi rejeitada por nove votos a cinco.
Consequências dos sete dias sem cobrança
Entre 2 até 9 de janeiro, não houve cobrança pelo estacionamento. A associação deixou de arrecadar cerca de R$ 20 mil. No início do ano, o governo municipal encaminhou a renovação do contrato de concessão com a Uambla à câmara de vereadores.
Na primeira sessão do ano, Antônio Scheffer (PTB) não concordou com a votação do projeto. Isso provocou a paralisação na cobrança do dia dois até nove de janeiro.
Para pagar o 13º salário dos funcionários, o presidente e o tesoureiro da Uambla tiveram de fazer empréstimo bancário para saldar a folha. Foram financiados cerca de R$ 30 mil.
O Ministério Público (MP) apontou irregularidade na prestação do serviço. O inquérito sobre o caso foi encaminhado ao Judiciário, que decidirá se há necessidade de licitação para o serviço de cobrança pelo estacionamento.
Presidente pede mais rigor
Para Polis, o Departamento Municipal de Trânsito deveria intensificar a fiscalização. Acredita que o alto índice de não pagadores está ligado a falta de punição. Segundo ele, há cerca de quatro anos, o percentual de inadimplência era de 15%.
Nesse período, afirma que foram possíveis investimentos, como a compra dos computadores portáteis que emitem os recibos de pagamento. Outro benefício foi a instalação de internet sem fio nas ruas do centro.
O Departamento tem 30 fiscais de trânsito, que se revezam em três turnos, das 6h30min até as 23h. O coordenador do setor afirma que apoia o serviço da Uambla, mas as multas pelo não pagamento do estacionamento não está entre as prioridades da fiscalização.
Diz que o papel dos fiscais é orientar a população. “Nosso trabalho é de levar informações para a sociedade, pois a multa nem sempre é educativa.” Rodrigues admite que os planos de conscientização são projetados em médio e longo prazo.
Esse cenário contrasta com a necessidade da Uambla. “Sabemos que o quadro atual da associação precisa de intervenção urgente. Mas precisamos encontrar uma saída legal. Por isso aguardamos a decisão judicial.”
De acordo com Rodrigues, não há levantamento sobre o total de multas aplicadas aos motoristas que deixam de pagar pelo estacionamento rotativo.
Especialista avalia condição da Uambla
Economista e professor da Univates, Eloni José Salvi, alerta para a inviabilidade de manter uma instituição que convive com um patamar de quase 50% de inadimplência. Segundo ele, uma empresa de qualquer tipo, que não consegue ter receitas suficientes para pagar os gastos, sobrevive até que consegue financiar o déficit.
Com relação ao financiamento feito por integrantes da diretora da Uambla para pagar os salários do funcionalismo, Salvi alerta para o aumento dos custos devido aos juros. Segundo ele, em qualquer organização, as receitas devem ser suficientes para pagar os custos. Sem esse equilíbrio, não conseguirá sobreviver.
Secretário desconfia das queixas
Secretário de Governo, Auri Heisser, diz que a administração municipal fez seu papel ao renovar o contrato com a Uambla por 12 meses. Como depende de decisão judicial, afirma que não há como fazer adequações.
Com relação aos problemas financeiros da associação, Heisser questiona: “Por que mudou tanto em 25 dias? No ano passado não se falava nisso”. Observa que a inadimplência continua no mesmo patamar.
Para ele, a diretoria da Uambla deve explicar essa discrepância entre o quatro do fim de 2012 com o início desse ano.
Quadro da Uambla
• Arrecadação diária fica em média nos R$ 3 mil
• Por mês, são cerca de R$ 75 mil
• As despesas chegam a R$ 90 mil
• 42% dos motoristas não pagam pelo estacionamento
• Dívida atual passa os R$ 70 mil
• São 700 vagas em 64 quadras
• 37 cobradores trabalham nas ruas