Vale do Taquari – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) opera desde quinta-feira com os novos valores da conta de luz. Na região, a AES Sul trabalha com desconto mínimo de 23,62% para residências e de até 32% para indústrias. O percentual de redução nas tarifas da Certel Energia segue indefinido.
Segundo o vice-presidente da Certel, Irineu José Hennemann, a diferença no valor da conta será percebida apenas ao quitar a fatura de fevereiro, momento que completa o ciclo de apuração do que foi consumido por cada estabelecimento.
A medida faz parte de um pacote de ações do governo federal que busca estimular a economia brasileira perante a crise internacional. Como aporte para saldar a diminuição, o Tesouro da União destina R$ 8,46 bilhões a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
O percentual de redução para a baixa tensão (residências) varia de 18% até 25,94% no país. Cada concessionária tem um valor diferente, conforme o contratado com o Ministério de Minas e Energia. O maior desconto foi garantido aos clientes da distribuidora Nova Palma Energia, que atende a 14,5 mil unidades consumidoras em nove cidades da região central do estado.
No Vale do Taquari, a AES SUL opera com desconto de 23,62% para a baixa tensão, enquanto a Certel Energia aguarda um posicionamento da Aneel sobre a redução. A concessionária atende 16 mil economias na região.
Hennemann observa que como a concessionária é permissionada, operará com um percentual diferente da AES Sul. Segundo o Executivo, os clientes não serão prejudicados, ganhando desconto na tarifa desde a quinta-feira.
Encargos elevados
Por mais estimulante que seja a proposta do governo federal, empresários apontam que não basta reduzir a tarifa da energia elétrica para equilibrar as contas da indústria.
Segundo o proprietário da camisaria Mepase, Roni Algayer, de Forquetinha, é preciso baixar também os tributos e restringir a importação.
A despesa mensal média com a conta de luz varia de R$ 8 a R$ 10 mil. Conforme Algayer, a redução na tarifa baixa apenas 3% o custo de produção. Os gastos mais elevados relacionam-se com o funcionalismo e impostos. “Se o governo não tomar uma providência imediata, muitas empresas quebrarão.”
A Mepase é uma das maiores camisarias do estado. Por mês, produz em média 30 mil peças, vendidas para quase todo o país. Emprega 50 pessoas.
Governo descarta apagão
Durante o anúncio da redução, na quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff criticou as previsões sobre a possibilidade de racionamento de energia por causa do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Citou que todos os anos as usinas térmicas, movidas a gás natural, óleo diesel, carvão ou biomassa, são acionadas com menor ou maior exigência para garantir o suprimento de energia do país. Segundo a presidente, isso é “usual, normal, seguro e correto”.
Dilma disse ainda que o país dobrará em 15 anos a capacidade instalada de energia elétrica, que hoje é 121 mil megawatts. Segundo ela, no ano passado, o país colocou em operação quatro mil megawatts e 2,7 mil quilômetros de linhas de transmissão e, este ano, deve colocar mais 8,5 mil megawatts de energia e 7,5 mil quilômetros de novas linhas.
Durante o pronunciamento, a presidente também criticou os que, segundo ela, “são sempre do contra”, e não acreditavam que o governo conseguiria baixar os juros, aumentar o nível de emprego e reduzir a pobreza.
O que a lei permite
A norma que reduz o preço da energia elétrica permite ao governo prorrogar, por até 30 anos, concessões de geração (usinas hidrelétricas e térmicas), transmissão e distribuição de energia que vencem entre 2015 e 2017.
Em troca, esses concessionários tiveram que aceitar receber, já a partir de 2013, uma remuneração até 70% inferior pelo serviço prestado.
Mais desconto no campo
Um dos maiores percentuais de desconto ocorre nas propriedades rurais, podendo chegar a 32%. A família de Clari Gräff, de Arroio do Meio, comemora o resultado e projeta investimentos com o dinheiro economizado.
Por mês são gastos R$ 220 com a conta de energia. A maior parcela é para o abastecimento dos dois chiqueiros, que somam 460 suínos. A despesa com refrigeração e ordena da vacas, que produzem em média 250 litros de leite ao dia, também é elevada. “Por ano o desconto chega até R$ 600. Aproveitaremos isso de muitas formas, principalmente na educação dos filhos.”