Moradores ameaçam derrubar os portões

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Moradores ameaçam derrubar os portões

Rua no São Cristóvão foi fechada para assegurar estudantes do Gustavo Adolfo

aO Colégio Sinodal Gustavo Adolfo fechou a rua Dr. Alberto Schweitzer nessa sexta-feira para interligar as duas áreas da instituição, no bairro São Cristóvão. Um portão gradeado foi construído no local, impedindo a passagem de pedestres e veículos. Alegando prejuízo ao interesse público, moradores exigem a retomada do tráfego, sob ameaça de arrancar a separação.

O trecho interrompido fica entre as ruas Miguel Tostes e a Comandante Wagner, numa extensão de 59 metros. Inexistem moradias no local. De um lado estão as instalações do colégio, e de outro, três terrenos de posse da escola, que abrigam estacionamento, igreja e uma quadra esportiva.

A divisão entre as ruas foi construída nessa sexta-feira com um portão gradeado. Durante a tarde, moradores foram ao local para exigir a interrupção dos trabalhos e foi necessária a intervenção da Brigada Militar (BM).

Novo manifesto ocorreu às 18h de ontem. Segundo um dos reclamantes, Jair Zang, 44, a comunidade não foi questionada sobre o assunto. Cita que a rua é utilizada diariamente por centenas de pessoas. “É inadmissível fecharem uma das principais transversais do bairro.”

Os reclamantes reiteram que não são contrários à escola, apenas querem que o deslocamento não seja prejudicado em favor de uma entidade particular. Zang observa que diversos idosos e crianças residem nas imediações e não têm condições de caminhar até outras ruas para chegar ao outro lado da quadra.

Relata que após a permissão do município para fechar o trecho, em abril do ano passado, mais de 300 moradores assinaram manifesto reclamando para o Executivo sobre a medida.

Não houve posicionamento da ex-administração municipal na época. Segundo o Zang, o Ministério Público (MP) foi acionado para resolver o problema, mas alegou que nada pode ser feito pois tudo estava dentro da legalidade, tendo aval do município.

Os moradores recorrem agora à Câmara de Vereadores. Caso o pedido não seja acatado, ameaçam arrançar os portões e reestabelecer o acesso.

Vereadores autorizaram

Em 21 de novembro de 2011, a câmara de vereadores aprovou por unanimidade o comodato do trecho por um período de cinco anos à escola. Na época, o pedido passou por uma avaliação de impacto de vizinhança e do Conselho Municipal de Transito. Reuniões com pais de alunos e integrantes da Associação de Moradores do bairro foram realizadas, nas quais houve a aprovação do pedido.

Um abaixo-assinado com mais de duas mil pessoas foi entregue pela escola ao Executivo, reforçando a necessidade de interromper o tráfego pelo local para assegurar os estudantes.

Os moradores reclamantes dizem que grande parte dos assinantes não reside no município, e por isto, o documento é inválido.

Município pode revogar lei

A administração municipal está surpresa com a ocupação da rua. Segundo o secretário de governo, Auri Heisser, inexiste caso semelhante no município. “Achamos muito estranho uma entidade particular ocupar uma rua.”

O município busca diálogo entre a comunidade e a direção escolar. Querem que aja um consenso, mas não descarta a possibilidade de, pelo interesse público, revogar a legislação a qualquer momento. Cita que a direção ainda não procurou a administração municipal para tratar sobre o assunto, apenas aplica as condições que a lei aprovada pelos vereadores lhe permite.

Fui ameaçado de morte”

O diretor da instituição, Edson Wiethölter, alega ter sido ameaçado de morte pelos reclamantes. Segundo ele, apesar de ser um processo democrático e para o bem da comunidade, alguns moradores insistem em reclamar. Lembra que o comodato dura por cinco anos e que após isto a comunidade.

Wiethölter observa que a obra é resultado de um planejamento estratégico iniciado em 2009, que pretende tornar a escola em um dos maiores educandários da região. Observa que em 2010 a escola comprou um terreno ao lado do prédio para a construção de uma quadra esportiva. Com isto, ambos lados da rua tornaram-se posse da instituição. Defende que na rua inexistem moradores e que ninguém será prejudicado. “Apenas vão ter que andar um pouco mais, mas não reconhecem a importância do coletivo.”

Ressalta que a escola cresceu 140% nos últimos anos, beneficiando toda a comunidade. Cita que 60% dos alunos são do bairro. Não discutiu ainda com a direção, mas pode ser que a rua fique aberta para a circulação de pessoas durante fins de semana.

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