Vale terá usina que gera energia com lixo

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Vale terá usina que gera energia com lixo

Grupo europeu formado por cem empresários quer investir R$ 250 milhões numa usina térmica em Taquari que transforma lixo em energia elétrica. A capacidade mínima é gerar 20 megawatts, o suficiente para abastecer 30 mil economias por dia

aO maior investimento privado na região é discutido entre representantes do grupo europeu Interjuvi & Associados, município de Taquari e Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat). A projeto prevê a construção de uma usina térmica de R$ 250 milhões com capacidade para transformar pelo menos 250 toneladas de lixo em 20 megawatts de energia elétrica por dia, capazes de abastecer 30 mil economias.

Cem empresários apostam no empreendimento. Pelo proposta, a usina terá capacidade para beneficiar de 250 a 1,2 mil toneladas de lixo ao dia. Um dos responsáveis pelas negociações, Marcelo Gularte, 43, observa que será um processo mecanizado, gerando 80 empregos diretos. Toda a estrutura será autossustentável.

A estrutura deve ser implantada numa área de cinco hectares, ao lado da subestação da Certaja Energia, próximo da rótula de acesso ao município. O intuito é conseguir a concessão do terreno por 20 anos. Ao redor da usina, será possível instalar um polo industrial para que empresas se beneficiem com a reciclagem de materiais.

Gularte observa que o grupo optou por Taquari devido à sua localização estratégica no estado (central e de fácil aceso). Outro fator determinante é a ligação dos empresários com o prefeito Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, e o vice André Brito. “Logo após as eleições, começamos as tratativas.”

Trata-se de uma das maiores usinas do tipo no estado. Gularte ressalta que o processo de transformação de lixo em energia será feito por meio da gaseificação e não incineração dos agentes químicos. Conforme o profissional, o processo de geração de eletricidade a partir do lixo é muito mais eficaz e menos poluente. Não produz odores, fumos ou degradação ambiental.

Hoje, o Vale acumula, em média, 3,7 mil toneladas de lixo por mês. Segundo Gularte, a proposta é discutida com a Amvat para buscar a adesão de outros municípios ao projeto. Cita que existe um trastorno para as administrações municipais em enviar os resíduos à região carbonífera, em Minas do Leão.

Cidades que aderirem, salienta Gularte, reduzirão as despesas, sobretudo pelo fato da distância ser menor. Taquari, por exemplo, deixa de gastar R$ 500 mil anuais em transporte. “São dois problemas resolvidos com uma ação só. É nisto que a nossa região deve se focar”, define o vice-feito Brito.

Gularte quer que os municípios ligados à Amvat assinem termo no qual se responsabilizem pelo repasse de lixo suficiente para atender a demanda, que é de 250 toneladas por dia. “Não precisam de um número de cidades, mas de uma quantidade mínima de lixo.”

Depois de recolhidas as assinaturas, será feito um contrato. A partir daí, em 12 meses, a usina deve estar em funcionamento. “Demora um pouco por causa dos alvarás de funcionamento.”

A proposta é discutida desde outubro com os municípios. Gularte observa que a previsão era estar com o projeto mais avançado, mas houve atrasos devido às eleições municipais.

Entenda como é o processo de geração

1- A coleta do gás ocorre por meio de um dreno, que o leva até a superfície. Na boca dos drenos existem tubos de polietileno que fazem o transpassamento do biogás derivado do lixo.

2- O biogás chega à usina. É resfriado e, simultaneamente, recebe uma separação dos vapores nele contidos. O metano, retirado por meio deste processo, é encaminhado para a próxima etapa.

3- É feito um sistema de gaseificação (com água). Nesta etapa é gerado vapor que resulta em energia mecânica que, por sua vez, ativa os pistões, que com a movimentação produzem a energia.

Empresários querem lixo que vai para Minas do Leão

Dos 36 municípios do Vale, 27 enviam parte de seus resíduos ao aterro sanitário de Minas do Leão. São mais de 1,4 mil toneladas despachadas à região carbonífera todos os meses. No local, inexiste triagem do lixo, que é de responsabilidade dos clientes. Por se tratar de uma antiga mina de carvão, o impacto ambiental é mínimo.

Inaugurada há dez anos, a área tem 294 hectares com capacidade para receber até 25 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Com licença ambiental renovada e vida útil aproximada de 23 anos, a unidade de Minas do Leão recebe lixo de 140 municípios do estado, entre eles a capital Porto Alegre. São cerca de três mil toneladas diárias, 40% do lixo da população gaúcha.

O aterro representa quase 80% do retorno de ICMS de Minas do Leão, empregando 70 funcionários residentes no município. É constante a reclamação de moradores de Vila Coréia, bairro vizinho, referente a dores de cabeça, ânsia de vômito e mau cheiro em dias de chuva.

Outros investimentos no Vale

Vonpar/Neugebauer – Arroio do Meio

R$ 118 milhões

Fabricação de doces

Cosuel – Arroio do Meio

R$ 79 milhões

A fábrica de leite em pó foi inaugurada em junho

Camera Agroalimentos – Estrela

R$ 45 milhões

Usina de biodiesel e de metilato

de sódio

Languiru – Poço das Antas

R$ 45 milhões

Frigorífico de suínos inaugurado em outubro

Girando Sol – Arroio do Meio

R$ 43 milhões

Fabricação de produtos para limpeza

Irmãos Tavares – Dois Lajeados

R$ 20 milhões

Produção de gruas e elevadores

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