Os desafios de assumir a máquina pública

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Os desafios de assumir a máquina pública

Um novo ciclo movimenta as administrações públicas da região a partir de terça-feira. Eleitos têm o compromisso de manter ativos os atendimentos básicos sem acarretar ônus à comunidade. Devem reprojetar a gestão para os próximos quatro anos. Após recorrentes sucessões partidárias, a exemplo de Lajeado e Estrela, o poder administrativo passa para outras mãos

oktober-2024

Vale do Taquari – A cada eleição se aumenta a esperança de aperfeiçoar o trânsito, acabar com os esgotos não tratados, melhorar a iluminação pública, o ensino e o drama do mau atendimento na saúde.

Os administradores eleitos assumem os cargos em janeiro com este desafio: cumprir os compromissos ostentados ao longo das campanhas eleitorais. A confiança a isso foi depositada nas urnas e repassada para cada um dos 37 prefeitos e 349 vereadores eleitos no Vale.

sAlgo de novo haverá em toda a região. O ciclo governamental do Partido Progressista (PP), em Lajeado, foi derrubado por Luís Fernando Schmidt (PT) após 16 anos. Com a maior diferença de votos no Vale – 64,85% contra 30,62% de Marcelo Caumo (PP) – o petista ingressa no Executivo depois de três tentativas frustradas. Desde 1996, almeja o principal cargo da política municipal. Em 2008, a diferença para a vitoriosa Carmen Regina Cardoso foi de apenas 373 votos.

Ao lado de Vilsinho Jaques (PMDB), aposta em uma gestão equilibrada. Haverá consonância entre entendimentos políticos e técnicos, viabilizando maior capacidade de atuação dos servidores. O que é bom, será mantido.

Schmidt avalia as principais carências e projeta mudanças. A falta de atendimento em cirurgias e de exames especializados é um exemplo. Pavimentações e obras de saneamento básico estão na lista de prioridades.

No segundo maior município do Vale, Estrela, a troca de governo ocorre depois de 20 anos. Carlos Rafael Mallmann (PMDB) superou dois candidatos em mais de 20% dos votos e assume o Executivo após quatro tentativas.

Sua equipe de governo foi concluída no início do mês, com base nas áreas de atuação e conhecimento técnico dos indicados. Diálogo, transparência e tranquilidade norteiam os discursos de Mallmann.

Em sua administração, promete elaborar políticas públicas que atendam a população em todas as áreas, com maior atenção para a comunidade carente.

Neste viés, projeta criar a Secretaria Municipal do Trabalho, Ação Social e Habitação, sob chefia do vereador reeleito Cristiano Nogueira da Rosa (PMDB). Ressalta o compromisso com políticas públicas de habitação como prioridade do governo.

Vereadores assumem e já entram em férias

Em dois dos cinco maiores municípios do Vale, os vereadores eleitos entram em recesso logo após assumirem as cadeiras no Legislativo. Destaque para Arroio do Meio, onde o ano de trabalho dos 11 políticos começa apenas dia 1º de março. São dois meses de descanso antecipado.

Durante o período, os parlamentares recebem o subsídio integral de R$ 3.734,92 (R$ 5.480,21 para o presidente). As sessões extraordinárias não serão pagas. O vereador mais votado do município, Darci Hergessel (PDT), com 1.065 votos, reeleito para o segundo mandato, é favorável ao pagamento durante o recesso.

Defende que seu trabalho é permanente durante o ano, atendendo pessoas e visitando os bairros para saber das carências. Ressalta que a folga não significa que os vereadores estão parados. “Quem trabalha merece. É o meu caso.”

No ano passado, tentou alterar o regimento interno, mas alega que devido ao período eleitoral, a proposta fracassou. “Fiquei sozinho, foi por água abaixo, meus colegas não se reelegeram.” A sua proposta é reduzir para 40 dias ou menos o descanso. Quer convencer os demais vereadores.

Em Estrela, o recesso para os eleitos será menor – 15 de janeiro a 15 de fevereiro. Neste pleito, o número de parlamentares passa de nove para 13. Somado ao aumento nos subsídios, os gastos anuais com as remunerações chegam a R$ 2.065.550. A exemplo de Arroio do Meio, os políticos recebem de forma integral nas férias e não ganham valor extra pelas sessão solicitadas pelo prefeito.

Encantado, Lajeado e Teutônia mantêm as sessões de forma normal em janeiro e fevereiro.

Legislativo se renova nas principais cidades

A maior parte das cadeiras legislativas na região será ocupada por novos nomes a partir de janeiro. Dos 61 eleitos em Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Lajeado e Teutônia – as cinco maiores cidades do Vale, apenas 21 foram reeleitos. Com a renovação, os municípios serão administrados por situacionistas na câmara de vereadores.

Teutônia tem o maior percentual. Apenas três vereadores se reelegeram e oito novos políticos ocuparão uma cadeira no Legislativo a partir de 2013. Lajeado é a cidade com maior quantidade de situacionistas em proporção ao número de parlamentares. São dez aliados ao governo de Luís Fernando Schmidt e cinco da oposição.

Dos 18 prefeitos que concorreram ao segundo mandato consecutivo, dez tiveram a aceitação da comunidade e manterão suas equipes nas administrações municipais por mais quatro anos.

A região teve uma peculiaridade: Sérgio Marasca (PT), de Westfália, é o único que não enfrentou adversários nas urnas em outubro e segue seu governo com 79,14% da aprovação da comunidade.

A qualidade do serviço prestado foi questionada em Bom Retiro do Sul, Canudos do Vale, Mato Leitão, Poço das Antas, Coqueiro Baixo, Relvado, Roca Sales e Sério. Nestes municípios, eleitores não permitiram a reeleição.

Para cientista político, a maior dificuldade é entender o sistema de governo

Para o cientista político e jornalista Bruno Lima Rocha, o mais difícil na troca de governo é a adaptação ao sistema de administração de um município. A fiscalização e a cobrança sobre os gestores é grande. Cita que muitos prefeitos são apontados pelo Tribunal de Contas na sua primeira gestão por falta de conhecimento técnico. “Não por serem corruptos.”

Reforça que é preciso independência entre os partidos de cada município para não acumular cargos firmados durante a campanha. “Prometer é fácil. O difícil é cumprir.”

É contrário ao longo período de recesso nos Legislativos. Segundo ele, os vereadores não devem ter mais descanso que trabalhadores da indústria ou do comércio, por exemplo. Mas reconhece o merecimento das férias.

Programação das posses

– Arroio do Meio – 31/12, 16h, centro administrativo

– Canudos do Vale – 1º/01, 9h, Salão Comunitário do Centro

– Colinas – 1º/01, 18h, Câmara de Vereadores

– Cruzeiro do Sul – 31/12, 18h, Câmara de Vereadores

– Encantado – 1º/01, 18h, Câmara de Vereadores

– Estrela – 1º/01, 8h, Câmara de Vereadores

– Forquetinha – 1º/01, 10h, Câmara de Vereadores

– Imigrante – 1º/01, 19h30min, Ginásio Municipal Arnoldo Riex

– Lajeado – 31/12, 16h, prédio 7 da Univates

– Marques de Souza – 31/12, 17h, União Centenária

– Mato Leitão – 1º/01, 9h, Seubv

– Progresso – 31/12, 10h, Grêmio Esportivo Gaúcho

– Roca Sales – 1º/01, 9h30min, Sociedade Recreativa e Cultural Roca-Salense

– Santa Clara do Sul – 1º/01, 17h, Centro de Reservistas

– Sério – 1º/01, 8h30min, Salão Paroquial do Centro

– Teutônia – 1º/01, 18h, Associação de Água do Bairro Languiru

– Travesseiro – 31/12, 20h, Escola Monsenhor Seger

– Westfália – 1º/01, 20h, Casa da Oase

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