Vale do Taquari – O calor sufocante registrado nas comemorações natalinas, que chegou a 41,2ºC no Litoral Gaúcho, se repetirá nos próximos três meses. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temporada será marcada por dias muito quentes, com chuvas acima da média e dias abafados. Até então, a maior temperatura do ano era de 40,1°C, medida em 22 de novembro.
A previsão, segundo os pesquisadores, é de um verão denominado “neutro”, sem influência de fenômenos climatológicos, como o El Niño e o La Niña, que atuaram sobre o estado nos últimos anos deixando o tempo seco. Com essas condições, a estação será muito quente e as máximas, na maioria das vezes, ficarão acima dos 30°C, podendo se aproximar dos 40°C.
De acordo com o Centro de Informações Hidrometeorológicas (CIH) da Univates, a temperatura elevada decorre de uma forte massa de ar quente sobre o estado, proveniente do aquecimento das águas do Oceano Pacífico Sul, próximo do Litoral. Ventos norte contribuem para a rápida elevação das temperaturas.
As chuvas esparsas que começaram ontem na região são características deste verão. Uma frente fria baixa as temperaturas e ocasiona risco de temporais. A partir de amanhã, o calor volta a predominar.
Conforme o centro de pesquisa Schulumberger Excellence in Educational Development (Seed), as elevações na temperatura dos últimos anos fazem parte de um ciclo do planeta em que há eras de congelamento e aquecimento global.
Um estudo comprova que há 150 anos o calor médio global se acentuou e desde 1980, aumentou 0,6°C. O levantamento define que a Terra passa por um período quente e que nas próximas décadas haverá uma redução na temperatura.
Trabalhadores enfrentam o calor
Com a temperatura elevada, muitos profissionais alternam horários para evitar queimaduras de pele ou desidratação. Na Urbanizadora Lenan, de Lajeado, 26 recolhedores de lixo percorrem as ruas da cidade por dia.
Conforme o responsável pelo setor, Adroaldo Pinheiro dos Santos, foi solicitada ao prefeito eleito Luís Fernando Schmidt (PT) a troca de horários para fugir do calor.
O recolhedor Joel Goettems, 25, trabalha há sete meses na urbanizadora. Começa às 6h e vai até as 15h. Para diminuir a sensação térmica e hidratar o corpo, consome água com frequência. Outra maneira é utilizar roupas curtas para facilitar a transpiração.
A gari Lovani Maria Schmitz, 52, varre as ruas de Lajeado há cinco meses. Carrega uma garrafa de água gelada para se refrescar durante o dia e manter-se hidratada. Para evitar o período mais quente, solicitou que seu turno começasse mais cedo, às 5h40min. Quando pode, recorre à sombra das árvores para descansar.
Trabalhando há 30 anos na construção civil, o pedreiro Mário Schmitz, 58, ressalta que o calor se acentua a cada verão. Todos os dias, passa protetor solar que a construtora fornece aos empregados e mantém o hábito de consumir bastante líquidos.
