Vale do Taquari – A morte de Maria Therezinha Becker Pelegrini, 74, atropelada na terça-feira, retoma as discussões sobre a insegurança nos trechos urbanos da BR-386, entre Lajeado e Estrela. O acidente aconteceu no quilômetro 346, entre os bairros Americano e São Cristóvão.
Ela foi atingida por um micro-ônibus com placas de Passo Fundo, às 19h, e arrastada por 40 metros. Quando o atendimento chegou, a aposentada estava morta. Esse foi o terceiro acidente fatal no ano.
Conforme o chefe da 4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Lajeado, Adão Vilmar Madril, em feriados cresce o risco de atropelamentos. O movimento de veículos, aliado à imprudência dos pedestres, é motivo apontado por ele.
Relata que com o aumento na velocidade para 80 quilômetros por hora as pessoas precisam redobrar os cuidados ao atravessar a rodovia. “Quando a velocidade era de 60 quilômetros por hora, acabaram os atropelamentos.”
No local onde Maria foi atingida há duas paradas de ônibus. Pessoas usam a faixa de pedestre e enfrentam o risco sabendo que os veículos não param. Na manhã de ontem, das 11h até o meio-dia, 16 pessoas atravessaram a rodovia entre os bairros de Lajeado, próximo da empresa Fruki.
Entre elas, Jéferson Luiz de Oliveira, 26. Ele desceu de um ônibus vindo de Canoas e passou pelas duas vias da BR-386. Em direção ao trabalho, diz que não costuma atravessar naquele local. “É muito arriscado.”
Vanessa Berghahn, 16, mora no São Cristóvão e precisa passar pelo local para ir ao trabalho. A distância das passarelas dificulta a escolha pela segurança. A travessia fica a quase três quilômetros da passagem do Shopping Lajeado e a dois da elevada do bairro Hidráulica. Para ela, deveria ser construída uma passagem para os pedestres no local.
Sete atropelamentos
Do quilômetro 344 ao 349 da BR-386, a PRF registrou sete atropelamentos no ano. Além da morte de Maria, outras duas pessoas morreram na rodovia. Um desses acidentes aconteceu no feriado de Páscoa. A aposentada Eroci Dornelles, 65, foi atingida no trevo de acesso a Estrela por um Peugeot, com placas de Bom Retiro do Sul.
Outra morte foi em junho. Iran Hercilio Mendes, 43, atravessava a rodovia às 18h20min quanto foi atropelado por um Fiat Palio, no quilômetro 348,8.
“Uma roleta russa”
Para o chefe da delegacia da PRF, tentar atravessar a BR-386 em meio ao trânsito de veículos é “uma roleta russa”, em especial para os idosos. Madril realça que são quatro faixas de rolamento, o que deixa a passagem mais perigosa.
Ele desaconselha a instalação de barreiras para evitar a travessia, porque há poucas passarelas no trecho (duas em Lajeado e duas em Estrela). “Isso não daria a oportunidade para os pedestres.”
Diz que nos dias e horários de maior tráfego, as pessoas devem atravessar pelas passarelas. Madril relata que é impossível cobrar dos condutores a parada nas faixas devido ao trânsito de veículos pesados, que não conseguem parar em curta distância.
Madril avalia que, mesmo nos locais com passagem elevada, as pessoas se arriscam e disputam espaço com os veículos. Para ele, nesses casos, a responsabilidade é do pedestre. “Ele tem de procurar um local seguro para a travessia.”