Vale do Taquari -Entre as necessidades da região para melhorar a infraestrutura e proporcionar o desenvolvimento nos diversos segmentos da sociedade, o A Hora seleciona dez. São temas que envolvem a construção de estradas, qualificações no abastecimento de energia elétrica, tratamento de esgoto, logística de transportes, agronegócio e segurança.
Assuntos que integram as prioridades elencadas pelo Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Câmara da Indústria e Comércio (CIC/VT), entre outras entidades. Ao término de 2012, há avanços, mas insuficientes diante da perspectiva de evolução regional.
Dificuldade em atender o público e a precariedade das linhas de transmissão forçaram as concessionárias de energia elétrica, em especial a AES Sul, a anunciar investimentos.
A secretária executiva do Codevat, Cíntia Agostini comemora: “nos aproximamos da empresa e fizemos reuniões trimestrais de acompanhamento”. Para ela, há muito a ser feito, mas esse maior diálogo aproximou a prestadora do serviço aos líderes locais.
A duplicação da BR-386 segue, mesmo com a indefinição entre Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Fundação Nacional do Índio (Funai). Pelo contrato, as construtoras precisam entregar a obra até o fim de 2013. Conforme os empresários, há possibilidade de atraso, caso não sejam liberados os cinco quilômetros até março.
No saneamento básico, o tratamento de esgoto aparece entre as prioridades nas obras de infraestrutura dos municípios para os próximos anos. Pelos planos diretores, casas precisam ter fossas e filtros. Todo material orgânico, depois de encher os recipientes, se infiltram no solo.
É preciso mais fiscalização nas construções. É comum encontrar casas com esgoto conectado na rede pluvial. Como resultado, mau cheiro, contaminação de arroio, córregos e rios.
No que tange a coleta, separação e destino do lixo, a região evoluiu. Em meados da década de 90, eram comuns os lixões. Hoje, alguns municípios investem em aterros sanitários, com unidades de separação e reaproveitamento. O desafio é tornar o processo mais barato e eficiente, porque a maioria das cidades do Vale transportam o lixo para Minas do Leão.
No Vale dos Alimentos, empresas, produtores e cooperativas mostram o potencial da região para o estado e país. O caminho do desenvolvimento é trilhado, apesar da morosidade para termos um selo de qualidade.
O Vale dos Lácteos surge como aposta. Para evoluir nesse campo, há necessidade de ultrapassar paradigmas culturais, profissionalizar os produtores e investir em tecnologia.
Frente a essa característica de produção alimentícia, a Univates programa um novo centro tecnológico. Com eixo de pesquisa voltado para produtos cárneos e leite, a estrutura terá investimento de R$ 18 milhões. Com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia, do estado e da própria instituição.
O plano é transformar a universidade reconhecida no país pela pesquisa na área de alimentos. Empresas que realizam pesquisas terão a estrutura de laboratórios e profissionais do parque tecnológico.
Diversificação fortalece o Vale dos Alimentos – em andamento
Situação: o Vale se consolida como referência em alimentos. Diante da diversidade, seja na indústria ou no campo, 82% da economia regional provém do agronegócio. Destaque para a produção leiteira. Segundo o IBGE, a região é responsável por 6,9% do leite vendido no estado. O volume em 2011 chegou a 268 milhões de litros.
No segmento de aves, a região representa 26,9% no mercado gaúcho. O setor de suínos cresceu 131% em dez anos. O cooperativismo é uma das forças propulsoras do desenvolvimento local. Languiru e Cosuel estão entre as maiores do estado.
Projeções: aumentar o controle de doenças para atender as exigências do mercado internacional, que garanta a exportação de leite. Um dos exemplos é a Comarca de Arroio do Meio, que desenvolve projeto para controle da brucelose e tuberculose bovina. Essa política será aplicada em todo o estado em oito anos.
Com foco nos alimentos, a Univates investe na nova Tecnovates. A estrutura será destinada para realização de pesquisas nas áreas de produtos cárneos e leite. Pelo projeto, empresas terão no espaço uma possibilidade para desenvolver novos produtos que, em um futuro próximo, levem o selo do Vale do Taquari.
Escola Técnica Federal – atrasado
Situação: depois da escolha dos cursos que serão oferecidos e das dificuldades em encontrar uma área adequada para a construção do Instituto Politécnico Federal (Infsul), em Lajeado, a obra atrasa um ano devido a problemas jurídicos do Clube Esportivo Olarias. A Justiça penhorou o terreno como garantia para o pagamento da indenização de um torcedor que foi agredido em 1999.
Projeções: O Infsul só começa a construção em 2013 com recursos próprios se as duas áreas – a comprada pelo governo municipal e a doada pelo clube – estiveram no seu nome. Nenhum terreno será aceito com pendências judiciais.
Saneamento básico – em andamento
Situação: entre as quatro áreas que envolvem o tema, a carência mais latente é o tratamento de esgoto. Nos principais municípios do Vale (Lajeado e Estrela) os índices são irrisórios. Na maior cidade, só 0,97% das casas são atendidas pela Estação de Tratamento de Esgoto. No outro lado do Rio Taquari, unidades compactas atendem menos de 4% das residências.
Projeções: todos os municípios brasileiros precisam apresentar o plano de saneamento até 31 de dezembro de 2013. Nos documentos, constam os problemas e as medidas para solucioná-los em um prazo de até 30 anos. Entre 37 cidades do Vale, oito concluíram os estudos, outras sete nem começaram. Os demais estão em andamento.
Melhorias no abastecimento de energia avançam – em andamento
Situação: a falta de infraestrutura para o abastecimento de energia elétrica motiva líderes regionais, pressionar as concessionárias a investir na qualificação do serviço prestado aos 140 mil clientes da AES Sul e Cooperativa Certel. A maior reclamação é contra a AES Sul, que atende a 87 mil economias na região. A distribuidora se compromete a melhorar o sistema. Neste ano, investiu R$ 36,6 milhões na construção subestações e alimentadores, troca de três mil postes e substituição da rede elétrica na rua Júlio de Castilhos, em Lajeado. A Cooperativa Certel, elogiada por entidades regionais, aplicou R$ 16 milhões nas redes de abastecimento.
Projeções: a Certel é a única empresa da região a produzir parte da energia que fornece aos 53 mil clientes. A geração é capaz de atender 30% da demanda. Até 2015, a cooperativa projeta a construção de uma subestação em Lajeado. Para 2013, a AES Sul pretende continuar a substituição de postes, modernização da rede e construir dois novos alimentadores nas subestações.
Acessos asfálticos – atrasado
Situação: seguem os protestos contra os atrasos. Das nove obras, apenas a ERS-332, em Itapuca, e a ERS-421, em Forquetinha, foram concluídas, quatro estão em andamento e outras três não começaram. Em novembro, o secretário Estadual de Infraestrutura, Beto Albuquerque, renunciou. O diretor-geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens (Daer), José Francisco Thormann, foi exonerado. As mudanças aumentam a morosidade na continuidade das obras.
Projeções: a sociedade pressiona o estado para que agilize a conclusão das promessas. Pelo planejamento do governo Tarso Genro, 77 das 110 pavimentações em execução no estado devem ser finalizadas até dezembro de 2014.
Contrato dos Pedágios – em andamento
Situação: o contrato com as concessionárias se encerra em 16 de abril no polo de Lajeado. O governo criou a estatal Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que controlará a cobrança e a aplicação do dinheiro. Em janeiro as tarifas encarecem 4,47%. O preço cobrado a veículos de passeio chega a R$ 14 na praça de Marques de Souza e R$ 7 nas demais. A região é a que mais arrecada no estado, cerca de R$ 117 milhões em 2011.
Projeções: o Codevat articula um modelo de pedágio às rodovias estaduais da região. A entidade debate a criação de um comitê regional para acompanhar os trabalhos da EGR. Essa entidade será responsável por fiscalizar e cobrar investimentos nas rodovias do Vale.
Presídio – atrasado
Situação: o Conselho da Comunidade de Assistência ao Preso estuda alternativas para custear a construção de uma ala feminina. O presidente Miguel Feldens adianta que tanto a penitenciária regional como o estado não dispõem de verba para viabilizar a obra. Segundo ele, o conselho pagou todas as melhorias feitas no presídio desde 2000, como a construção de salas de aula, laboratório de informática, alberque, ampliação de alojamentos, sala multiuso e cercamento do presídio. As apenadas da região são levadas para municípios como Montenegro.
Projeções: pelo projeto, serão 15 celas para até 40 apenadas no Presídio Estadual de Lajeado. A previsão é que sejam necessários mais de R$ 200 mil. A ala terá pátio, ambulatório e local para mães com filhos recém-nascidos. Feldens espera uma resposta do estado para o custeio da obra até este fim de semana. Do contrário, o conselho pretende assumir a construção.
Viaduto na ERS-130 é realidade – concluído
Situação: o viaduto sobre a ERS-130, próximo do bairro Campestre, em Lajeado, foi concluído em março, após dez meses de atraso. O investimento foi rateado entre a administração municipal e o governo estadual. Foram aplicados R$ 2,6 milhões, sendo 76,9% custeados pelo estado. A estrutura garante mobilidade e segurança para o acesso aos bairros, desafogando o tráfego na rodovia.
Projeções: uma alternativa discutida com mais intensidade desde o ano passado é a construção de um viaduto nas proximidades do bairro Conventos, em Lajeado, sob a BR-386. O projeto orçado em R$ 4 milhões foi desenvolvido pelo município e tramita no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Serão 13 metros de largura de pista, dois metros de ciclovia, dois metros de calçada e um metro de canteiro.
Porto de Estrela – atrasado
Situação: representantes de órgãos governamentais e integrantes de entidades do Vale mantêm consecutivas reuniões, mas sem resultados práticos. Entre as dificuldades apresentadas estão: a falta de itinerários de trens carregados para o município e a baixa profundidade do Rio Taquari, que dificulta o transporte por barcos. Construída pelo governo militar em 1977, a estrutura ocupa uma área de 35 hectares na margem do Rio Taquari.
Projeções: o Vale está inserido no projeto do polo naval. Em uma das políticas desenvolvidas pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), empresas supridoras de bens e serviços dos grandes estaleiros de Charqueadas e Rio Grande obtêm incentivos para se instalarem nas regiões com ligações por hidrovia.
Duplicação da BR-386 – em andamento
Situação: O Dnit e a Funai continuam em desacordo sobre a realocação das 29 famílias indígenas que trancam cinco quilômetros da BR-386. Dos 34 quilômetros que serão duplicados entre Tabaí e Estrela, 29 estão com máquinas na pista. A obra está com 55% dos trabalhos concluídos.
Projeções: em janeiro, o Dnit projeta a abertura de edital para a construção da aldeia. Se tudo ocorrer dentro dos conformes, estima para março a realocação dos índios. A demora compromete a entrega da obra, em que o prazo término se encerra em novembro do próximo ano. O diretor do consórcio de empresas responsável pela duplicação, Nilto Scapin, afirma que a liberação deve ocorrer nos próximos meses para que a duplicação possa ser concluída dentro do tempo previsto.