Clube reassume organização do Carnaval

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Clube reassume organização do Carnaval

Após 16 anos, Centro de Reservistas promove o baile sem a participação do Django

Santa Clara do Sul -O maior Carnaval de salão do estado volta a ser promovido pelo Clube Centro de Reservistas. A parceria entre a entidade e o promotor de eventos Luiz Heissler, o “Django”, foi desfeita após 16 anos. A Tentação da Folia, como é conhecida a festa, ocorrerá na noite de 11 de fevereiro.

cA mudança se deve à exigência dos mais de 300 associados. Eles reclamam que o clube é pouco beneficiado com o evento desde que Django participa das promoções. A comunidade cobra mais envolvimento da diretoria e dedicação aos contribuintes.

O Carnaval é o festa anual mais lucrativa da entidade e fundamental para a manutenção das atividades. A presidente Loreci Hünemeier comenta que o promotor recebia 20% dos lucros finais.

Na edição deste ano, o clube ficou com pouco mais da metade do arrecadado, em função do pouco tempo para a organização motivado por processos judiciais.

Segundo Loreci, o fato de reassumir a festa aumenta a receita e propicia melhores ofertas aos associados. A estimativa da direção é reunir mais de três mil pessoas para o baile, menos que a metade do habitual.

Na mesma noite, Django realiza a Magia da Folia, na Lupus Land, em Estrela. “Mesmo o público sendo inferior, teremos lucros maiores se fizermos a festa sozinhos.”

A programação está indefinida. A única confirmação é de que haverá a presença de Som Metárius, DJ Faustão e Vibrasom, de Pelotas. Para cuidar da segurança será contratado um grupo privado de Lajeado. A divulgação do evento começa nas próximas semanas em rádios e jornais da região.

Um dos dirigentes e responsáveis pelo evento, Germano Stein, enaltece o benefício da mudança. Para ele, é preciso retomar as programações realizadas nos primeiros anos de baile, em que eram envolvidos a comunidade local e associados.

Django realiza festa própria

O promotor de eventos procurou a diretoria em novembro para tratar sobre a festa. Porém, teve o pedido negado. Ele lamenta o ocorrido, pois o Carnaval de Santa Clara do Sul era o seu principal evento no ano. “Era a minha casa, que ajudei a construir.” Para Django, a atitude da diretoria foi política.

Apesar de organizar outra festa na mesma noite, defende que o baile local tem tudo para dar certo, pois é um evento tradicional, realizado antes de seu ingresso na promoção de festas no município.

Defende que a maioria dos recursos utilizados pelo clube para as reformas exigidas pelo Judiciário partiu de seus bailes, sobretudo do Carnaval deste ano e do Aniver Show realizado em 2011.

O que dizem os moradores

O presidente fundador da festa, José Antônio Goergen, ressalta a influência de Django na juventude regional. Acredita que o promotor é conhecido e o baile local pode ser prejudicado em função do evento agendado para a mesma noite em Estrela.

Cita que na época em que atuou na direção do clube, o promotor não obtinha grandes lucros com a festividade. “O Carnaval estava consolidado quando ele começou, mas sua atuação contribuiu para o reconhecimento estadual do baile.”

O presidente da Central, o maior bloco carnavalesco da cidade, com 150 integrantes, Maico Kuhn, tem a mesma opinião. Para ele, o benefício particular do clube pode ser maior, mas o brilho do tradicional baile em frente à região será reduzido.

Evento completa 36 anos

O baile de Carnaval começou em 1977, ano em que a entidade comprou uma área de terras no centro da cidade, onde hoje é o Banco do Brasil, e necessitava de dinheiro para quitar o investimento. As quatro festas realizadas por ano eram insuficientes para sustentar o clube.

Havia um convênio com as sociedades de Conventos, Nova Santa Cruz e São Bento, quea ceitaram promover bailes paralelos de Carnaval. O primeiro evento reuniu cerca de 500 pessoas. Rendeu lucros e as terras foram pagas em pouco mais de um ano.

Os primeiros anos foram marcados pela disputa entre alegorias das quatro sociedades conveniadas, dentro do salão. A participação das famílias era grande, e a festa se consolidou. Com o passar do tempo, o espaço dentro do salão se tornou insuficiente, e o público começou a lotar as ruas. Por volta de 1985, se iniciou o Carnaval de rua, com carros de som, venda de bebidas e alimentos, beneficiando as lancherias locais.

A alteração no formato do evento começou a pedido da própria comunidade em 2007. A reclamação se referia aos arruaceiros que praticavam vandalismo e causavam brigas, estragando a imagem da cidade. Deste então é proibido estacionar e colocar som automotivo ao longo da Avenida 28 de Maio, assim como vendedores ambulantes.

Judiciário exigiu adequações

Em 2008, moradores próximos ao clube acionaram o Ministério Público (MP) reclamando do som alto durante as festas. Foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) determinando respeito ao horário de sossego.

Nova reclamação ao Judiciário ocorreu em 2011, que investigou o caso e constatou que os ruídos do som chegavam a 70 decibéis, enquanto o ideal era 45. O desrespeito ao combinado rendeu ao clube a proibição de realizar as festas desde janeiro deste ano.

Audiências entre a direção e o Judiciário buscaram uma solução, encontrada apenas nas vésperas do baile em fevereiro. Novo acordo estipulou que após o evento, o clube deveria realizar adaptações acústicas no prédio.

Desta vez, o cominado foi cumprido. A entidade investiu mais de R$ 100 mil nas melhorias e conquistou nova licença para a realização de festa em novembro.

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