Vale do Taquari – Frente à insuficiência de candidatos com conhecimento às vagas de emprego nas indústrias da região, empresários investem em tecnologia para substituir a falta de pessoas. Em vez de toda uma equipe de produção, as máquinas comandadas por computador precisam apenas de uma pessoa para operar.
Muito dessas inovações estão distante, com equipamentos fabricados no Japão, Alemanha, Itália e outros países. Os robôs, que ajudam a gerar lucros e aumentar a produtividade, são fabricados sob medida para atender uma área específica na produção industrial.
O investimento é alto, ultrapassado R$ 500 mil. Para os empreendedores que querem agilidade e precisão no processo industrial e encontram dificuldade em montar os quadros de funcionários, o custo é revertido em lucro a médio e longo prazo.
Na indústria de móveis escolares Movesco, de Lajeado, um robô faz o serviço de solda em cadeiras e mesas. Controlado por um operador, o equipamento garante precisão e agilidade no processo.
De acordo com o gerente de vendas, Paulo Kipper, como os pedidos por produtos são sazonais, em específico no fim do ano, a empresa precisa de mais velocidade para fabricação nesse período.
Como o tempo para qualificar um novo soldador leva cerca de três até seis meses, os empresários decidiram investir. O robô está em funcionamento desde outubro. “A máquina veio para agregar na produtividade em função da carência de mão de obra local.”
Para ele, essa dificuldade está ligada ao fato de o Vale não ser caracterizado pelo trabalho no ramo metal mecânico. “Buscamos profissionais de outras regiões do estado para compor o quadro.”
Há 23 anos no mercado, a empresa vende para escolas públicas e particulares de todo o país. Trabalham na indústria 140 pessoas. Conforme o gerente, há outros projetos de investimento na linha de produção da indústria.
Mais qualidade
A indústria de implementos rodoviários Rodovale, de Lajeado, também comprou um robô soldador. Conforme o gerente industrial, Ivanir Pedro Klunk, isso permitiu mais qualidade na produção sem deixar de formar profissionais qualificados.
Em velocidade máxima, o equipamento é capaz de soldar o equivalente do trabalho de seis pessoas. Segundo Klunk, para operar os computadores, os funcionários precisam de treinamento. Hoje, três estão aptos. “Na Rodovale, a mão de obra não substitui as máquinas. Os profissionais que trabalham com o equipamento são importantes pois verificam a qualidade da solda.” O investimento no robô é mantido em sigilo.
Robô de costura
Na fábrica de confecções da Mepase, em Forquetinha, o proprietário Roni Allgayer comprou um equipamento para substituir costureiras que faziam os bolsos nas camisas. Foram cerca de R$ 1 milhão na máquina importada da Alemanha.
O aparelho faz o trabalho de 20 funcionários. Segundo o empresário, dois motivos o levaram a comprar o robô: a necessidade de acompanhar a evolução tecnológica para produzir mais em menos tempo e a falta de pessoas para trabalhar na costura. “Essa profissão está sumindo. Há poucos com conhecimento para chegar à empresa sem precisar de treinamento.”
Em oito horas, a máquina tem capacidade para fazer duas mil peças. A compra do equipamento foi em janeiro. O processo de adaptação à nova tecnologia levou cerca de quatro meses.
Para março, o empresário projeta outro investimento. Encomendou uma máquina de corte automática. O custo gira em torno de R$ 900 mil. Mesmo com os robôs na linha de produção, afirma que há vagas de emprego.
São 130 funcionários na fábrica que trabalham na produção de 40 mil peças por mês. Segundo Allgayer, a partir de janeiro serão abertos postos de trabalho na indústria.
Qualificação
De acordo com Allgayer, para que um novo funcionário conheça a especificidade do ofício dentro da indústria são necessários, no mínimo, seis meses. No entanto, a rotatividade é grande, o que gera prejuízo às empresas. “Fazemos todo o treinamento sem saber se o contratado ficará.”
Para ele, essa falta de pessoas com qualificação tem origem no modelo de educação do país. Allgayer acredita que é necessário criar políticas públicas que ajudem as pessoas a escolher uma profissão.
Feirão de empregos
Realizada pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) em outubro, a 1ª Feira de Emprego e Capacitação do Vale do Taquari superou 1,1 mil candidatos a 1.285 vagas abertas pelas empresas.
Conforme o vice-presidente da área comercial e coordenador do Programa Evoluir, Reni Machado, os dados referentes ao total de contratações das mais de 40 empresas participantes estão em processo de elaboração.
Diante destas informações, acredita que será possível conhecer o perfil dos candidatos, com dados sobre o grau de instrução e qualificação profissional. Na avaliação dele, pelas informações coletadas no evento, um dos problemas é a baixa escolaridade. “Muitas pessoas não tinham nem o Ensino Médio.” Machado realça que esse é um dos problemas enfrentados para a contratação de funcionários.