Preço do pão aumenta até 20% em janeiro

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Preço do pão aumenta até 20% em janeiro

Prejuízos na colheita de trigo no país e no Mercosul elevam custos para indústria

Vale do Taquari – Produtos derivados da farinha de trigo, como pães, massas e biscoitos, podem ficar mais caros a partir de janeiro. Com a redução de 23,2% na safra do trigo, supermercados e padarias estimam aumento de até 20% no preço para o consumidor.

pPor ano, a demanda gaúcha é de 1,2 milhão de toneladas. Mesma quantidade da produção industrial. Na lavoura, a colheita deve cair de 2,5 milhões de toneladas para 1,9 milhão. Deste total, parte é destinada para panificação e outra para ração animal.

Gerente de operações de uma indústria da região, Sérgio Oliveira conta que a empresa tenta comprar a matéria-prima pelo preço antigo. Segundo ele, o custo do saco de 25 quilos está 34,6% mais caro. “Acredito que nos próximos 15 dias passamos a pagar mais pela farinha.”

O Moinho Sangalli, em Encantado, sofre com a falta de matéria-prima. Conforme o sócio-proprietário Filipo Tomás Sangalli, os fornecedores de trigo aumentaram o valor da tonelada em 25% no último mês. Diz que isso interfere na venda do produto.

A empresa tem uma produção mensal de mil toneladas de farinha de trigo. Em 63 anos de atuação, Sangalli prevê queda na moagem do cereal devido a falta de abastecimento.

Presidente do Sindicato da Indústria de Panificação, Massas e Biscoitos do Estado (Sindipan), Arildo Oliveira, diz que existe quantidade suficiente do produto até o fim do ano. Depois disso, ressalta que haverá problemas no abastecimento das padarias.

Importação

A alternativa é a importação de trigo da Argentina. No entanto, o país vizinho teve diminuição na qualidade e na área plantada. A produção atual é de 11,1 milhões de toneladas. Destas, apenas seis milhões serão exportadas. Cerca de 80% do trigo utilizado nas indústrias gaúchas vem dos agricultores argentinos.

Informações do Sindicato da Indústria do Trigo no estado (Sinditrigo) mostram que com a menor oferta do cereal, houve aumento de 40% no preço do trigo comprado pelos moinhos. De acordo com a instituição, há 60 dias, a tonelada do cereal custava R$ 480. Hoje está em R$ 850.

Empresário aconselha cautela

Proprietário de uma padaria em Lajeado, Jorge Dolgener duvida que o aumento alcance o percentual de 20% para o consumidor. Diz que há custos maiores para manter a produção de pães do que o trigo.

Segundo ele, nos últimos pedidos para compra de farinha, houve redução de R$ 0,4 no preço por quilo. “Há especulação. É preciso contestar essas informações para não criar uma falsa expectativa que possa prejudicar o consumidor.”

Cesta básica mais barata

Pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) feita em 17 capitais do país mostra diminuição no preço da cesta básica em 13 cidades. As maiores foram registradas no Rio de Janeiro (-7,88%), Porto Alegre (-6,18%) e Goiânia (-5,26%).

Mesmo com a queda, o preço pago pelo consumidor gaúcho se mantém entre os mais caros do país. Por mês, são necessários cerca de R$ 286 para gastos com supermercado. Pelas estimativas do Dieese, para garantir o sustento básico da família, o valor do salário mínimo pago ao trabalhador deveria ser de R$ 2.514,09, o equivalente a 4,04 vezes o piso vigente.

Consumidores criticam aumento

Entre os produtos mais procurados pelos gaúchos está o pão francês. O preço do quilo varia entre R$ 5,90 e R$ 7,30. Pelo percentual, o aumento fica entre R$ 0,94 e R$ 1,46.

A aposentada Celonia Villa critica a possibilidade de elevação nos preços. “Nosso salário não dá conta de tanto aumento.”

O policial rodoviário Adriano Costa minimiza o fato. Para ele, anúncios de reajuste na gasolina têm impacto mais significativo no orçamento familiar do que o custo do pão.

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