Políticos duelam por comando do município

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Políticos duelam por comando do município

Resquícios eleitorais deixam comunidade em dúvida sobre quem governará cidade

aaA disputa pelo poder político centraliza as discussões no Legislativo nas últimas semanas. Desde que foram criadas duas comissões processantes para tentar impedir que o prefeito reeleito, Paulo Costi, assuma o comando do município em 2013, as batalhas entre oposição e situação se intensificaram ao ponto de prejudicar a aprovação de projetos e a continuidade dos serviços prestados.

Oposicionistas e eleitores pedem a cassação dos candidatos eleitos à majoritária. Acusam o prefeito de contratar um assessor jurídico que estava impedido de exercer cargos públicos por oito anos e de falta de transparência com o Legislativo.

Diante da falta de informações sobre o andamento do caso, a população fica em dúvida quanto ao futuro administrativo municipal.

Nessa semana, o relator das comissões entregou os pareceres prévios da defesa dos causados. Feita a análise, as comissões farão um novo relatório a ser colocado em votação. São necessários dois terços dos votos para que a proposta de cassação de Costi seja aprovada.

A pouco mais de um mês do fim do ano, os partidos agilizam as negociações para ter maioria na câmara no momento da votação.

Para o mestre em Ciências Políticas e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Manoel Passos, essa disputa afeta de forma direta a população. Observa que a estagnação das ideologias, com recusa de projetos, pode paralisar as ações do Executivo.

Para amenizar a situação, sugere que o prefeito, independentemente de sigla, abra espaço para outros partidos dentro da administração municipal.

O doutor em Ciências Políticas e professor da Unisinos, Bruno Lima Rocha, discorda. Avalia essa hipótese como uma brecha esperada pelo governo opositor de fragilizar ainda mais o exercício atual. “Essa briga gera uma crise em longo e meio prazo, que está longe de acabar”. Para amenizar o problema e o atraso municipal, sugere que a comunidade crie um novo grupo, tomando frente à situação.

A cassação independe do Judiciário

A dúvida sobre a perda dos direitos políticos dos candidatos, caso sejam cassados, se estende ao Judiciário. A juíza eleitoral Juliane Pereira diz que o processo passa pela análise exclusiva do Legislativo, que tem poderes sobre a decisão.

Até o momento, Juliane cita não ter nenhum conhecimento formal sobre os pedidos. O único envolvimento ocorrerá caso haja a cassação, quando a Justiça Eleitoral decidirá sobre a posse ou não dos candidatos. Por enquanto, continua como expectador.

Dois pedidos em quatro anos

A comunidade discorda da situação política existente. Cita a briga posterior ao período eleitoral como desnecessária, cobrando mais trabalho em conjunto.

O comerciante Airton Giordani, 76, resume a situação como lamentável. “Um partido cria obstáculos ao outro, prejudicando a gestão e a comunidade.”

Percebe a diferença entre os partidos, mas sugere que, depois de passadas as eleições, haja uma boa convivência e pensamentos voltados ao povo.

Para o empresário Ricardo Fontana, a disputa é uma perda de tempo. “Cada um defende o seu lado e, nessa briga partidária, quem perde é a população.”

Comenta que as desavenças atrasam o desenvolvimento, não de forma direta nas iniciativas privadas, mas as entidades e à comunidade. Segundo ele, falta comprometimento dos partidos. “O negócio é pensar no futuro, olhar para frente.”

O aposentado Olívio Nunes, 67, acredita que esse impasse, independentemente de administração, atrapalha a distribuição de recursos. “Um não deixa o outro trabalhar”.

Maioria é contrária ao momento político

Esse é o segundo caso de pedido de cassação no Legislativo no governo de Costi. Conforme o assessor jurídico do município, Márcio Arcari, situação semelhante ocorreu no segundo mandato do atual prefeito, entre 2001 e 2004, quando foi aberta uma CPI para analisar irregularidades na Casa do Artesão. Na ocasião, foi absolvido.

O presidente de uma das comissões, Cláudio Da Silva (PMDB) defende que cabe aos vereadores apenas analisar a procedência das acusações. Informa que o processo está em andamento, mas pode ser concluído antes do prazo estabelecido.

Relembre os fatos

– O prefeito Paulo Costi (PP) e o vice José Calvi (PDT) foram reeleitos para o mandato 2013/16;

– Duas semanas depois das eleições, 22 de outubro, foi recebida uma acusação de eleitores no Legislativo pedindo a cassação dos atuais gestores por contratação de assessor jurídico que deveria estar afastado por oito anos de cargos públicos. A acusação foi aceita pela maioria e foi instaurada uma comissão processante;

– Na sessão seguinte, 29 de outubro, ocorreu uma segunda acusação aos mesmos acusados, tendo como justificativa a falta de respostas aos pedidos de informação da câmara. Foi acatada e uma segunda comissão processante foi criada;

– Na sessão de 5 de novembro, um novo pedido de cassação foi recebido no Legislativo, desta vez de autoria do atual prefeito, vice e de uma eleitora. Requer a retirada de um dos vereadores de oposição por suspeita de desvio de dinheiro público. Porém, o pedido foi recusado pela maioria opositora;

– As comissões têm prazo de 90 dias para concluir os processos, a contar da data de aceitação das acusações. Se passaram 35 dias.

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