A 18ª edição da Feira Industrial, Comercial e de Serviços do Vale do Taquari (Expovale) encerrou no domingo com recorde de vendas. Mas, frustrou na expectativa de público e foi criticada pela falta de infraestrutura do parque, o que desafia a comissão seguinte a repensar o evento e estudar alternativas, como o projeto Fundaparque, que permanece “engavetado”.
Apuração com os expositores após dez dias de feira aponta R$ 46 milhões em negócios. O valor supera em R$ 1 milhão as projeções iniciais. A presença da público ficou 12,5% aquém do esperado: 175 mil dos 200 mil visitantes. Mesmo assim, a Expovale consolida sua marca como maior feira da região. Os shows nacionais realizados durante a exposição foram sucesso. Todos lotaram os pavilhões e receberam elogios dos visitantes.
A multifeira aposta nos negócios. As programações atendem, em espeical, os expositores. Mesmo com o foco direcionado às empresas, reclamações sucederam-se quanto à falta de climatização, espaço insuficiente, poucos banheiros e estandes e prédios precários.
O primeiro fim de semana foi o mais problemático. O calor que atingiu a marca dos 40º, na sexta à noite, quando ocorreu a abertura do evento, fez empresários ameaçarem deixar a feira. No segundo dia, as queixas se referiram ao material usado no estande, que começou a ceder e gerou dificuldades aos expositores.
O presidente José Zagonel considera que a feira foi um sucesso pelos negócios efetudados, mas admite que a falta de espaço físico limita o evento. “Poderia ter mais expositores, se o parque não estivesse pequeno.”A
Para ele, é impossível promover um evento da dimensão da Expovale sem investimentos. Entre as principais melhorias necessárias no local estão a ampliação de espaço físico, a construção de novos ou expansão dos pavilhões existentes, isolamento térmico, climatização e a integração do parque histórico.
Na sua visão, isso só será possível se o governo municipal planejar investimentos em um parque que é público. “O local precisa ser reaproveitado. Cada metro quadrado pode ser útil.”
Um dos organizadores dessa edição e próximo presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Alex Schmitt, argumenta que o calor excessivo e o acréscimo no valor do ingresso – que passou de R$ 5 para R$ 7 – foram fatores que afastaram os visitantes.
Já o próximo presidente da feira, Reni Nunes Machado afirma que o desafio para organização da Expovale é ampliar a estrutura e melhorar os pavilhões utilizados. Diz que será analisada toda a área física para otimizar os espaços.
Um dos primeiros investimentos no local é a climatização. Machado prevê o apoio do próximo governo e buscará recursos federais. Reuniões para tratar de investimentos estão marcadas para janeiro. “Schmidt confirma que investirá no parque.”
Empresários pedem melhorias na estrutura
A divulgação da marca foi o principal benefício apontado pelos expositores durante os dez dias da Expovale.
O sócio-diretor da A Mobília, Vandro Kunzler diz que vendeu todos os móveis expostos em seu estande e acredita que negócios serão fechados pós-feira. Participante da Expovale desde 1995, Kunzler percebe que o número de expositores cresceu, tornando a estrutura física do parque insuficiente.
Comenta que na quinta-feira (feriado do dia 15) – quando foi registrado recorde de público – visitantes esperaram na fila por mais de 15 minutos. “Não tinha nem espaço para caminhar nos pavilhões.”
Há 27 anos no mercado, a empresa de colchões Physical participa pela sétima vez. O representante Daniel Wietholter relata que a alta temperatura prejudicou a exposição de produtos no primeiro fim de semana.
“Estávamos trabalhando com as camisetas todas suadas”. Nos dias seguintes, com a temperatura mais amena, a participação do público aumentou. Wietholter destaca que fez vários contatos que podem virar negócios.
A empresa de soluções de poços artesianos Eco Dihel estreou na feira deste ano. O empresário Egídio Dihel comemora as 12 negociações fechadas. Relata que a empresa fundada em 2011 se firma no mercado e a Expovale foi uma oportunidade para os clientes conhecerem a marca.
Um dos pavilhões mais movimentados no domingo foi o das agroindústrias. A proprietária da panificadora WM Panificações, de Sério, Vanderleia Mânica estima que foram vendidos cerca de R$ 1 mil em produtos. Para ela, o espaço facilita a troca de experiências e incentiva os produtores rurais a investirem em novas técnicas.
Opinião dos visitantes
O morador de Cruzeiro do Sul, Eduardo da Silva, 32, aproveitou o domingo ensolarado para levar sua família à Expovale. Elogiou a diversidade de produtos em exposição, citando o pavilhão dos automóveis e das agroindústrias como seus pontos favoritos.
Apesar da diversidade, Silva acredita que o parque de alimentação poderia estar localizado em um lugar maior e melhor estruturado. Também se queixou da falta de estacionamentos nas proximidades do Parque do Imigrante.
Fernando Fachini, 23, visitou a feira duas vezes. O morador de Arroio do Meio espera que o evento evolua. Sugere que os pavilhões sejam climatizados para propiciar maior conforto aos visitantes e expositores.
Os valores movimentados na feira
Os dados foram apresentados pela organização da Expovale no encerramento do evento, no domingo. A maior parte do valor é oriunda das concessionárias de caminhões e implementos agrícolas. Cinco empresas – Mondial, Rodovale, Dipesul, Brasdiesel e Rodare – contabilizaram R$ 14,6 milhões em vendas.
Entre os destaques para a efetivação dos negócios estão os juros baixos, a facilidade de financiamento e a atual situação da economia no país.
É a primeira vez que Santa Clara Máquinas vende na multifeira. O proprietário Luiz Carlos Bianchini comercializou oito equipamentos movidos à bateria (cortador de grama, roçadeira, motosserra e soprador), sete motosserras à gasolina e oito roçadeiras à gasolina – o que totaliza cerca de R$ 17 mil.
Próxima edição
A feira de 2014 começa a ser organizada. O próximo presidente será o empresário Reni Nunes Machado que integrou, em anos anteriores, a comissão que organiza o evento. Com data definida – entre os dias 7 e 16 de novembro de 2014 –, os dois primeiros expositores já assinaram contrato: Ervateira Ximango e Cooperativa Languiru.