Clube volta a fazer festas após 11 meses

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Clube volta a fazer festas após 11 meses

Interditado desde janeiro, Centro de Reservistas recomeça com ênfase nos sócios

aA maior entidade social do município cumpriu com as adaptações acústicas exigidas pelo Ministério Público (MP) e está apta a retomar eventos em sua sede. O Clube Centro de Reservistas estava interditado desde janeiro e passou por diversas reformas nos últimos meses, totalizando investimentos de R$ 100 mil.

Com a reabertura, a direção programa mudanças na administração para os próximos anos. A presidente Loreci Ely Hünemeyer, candidata única à reeleição que ocorre no fim do mês, enfatiza que os mais de 300 sócios, entre honorários e pagantes, serão o foco de atuação.

Entre as novidades estão projetos esportivos, como competições de futebol de areia, canastra, boliche e outros. Loreci enfatiza o esforço de todos os envolvidos em recuperar a imagem do clube, prejudicada durante as discussões em torno da necessidade de readequações acústicas. “Vamos nos preparar e fiscalizar com frequência para evitar novos transtornos.”

Loreci observa que a nova direção ainda festividades voltadas, sobretudo, ao público adulto e casais. Lembra que no ano passado, a maioria dos eventos atraía apenas jovens de outras cidades.

O acordo que determina a reabertura foi assinado entre clube, administração municipal e MP na terça-feira da semana passada. O decreto depende só da homologação da juíza Carmen Barghouti, o que deve ocorrer nos próximos dias, conforme o advogado Natanael dos Santos.

O Centro de Reservistas solicitará uma licença ambiental em até dez dias em substituição à antiga, que foi retirada no início do ano pelo MP por descumprir ordens judiciais. O município tem 30 dias para conceder o documento, mas Santos acredita que a situação esteja concluída até o fim do mês.

Sobre o processo judicial, observa que o documento possui 80 páginas. Foram meses de negociações e estudos para conseguir se adequar às exigências. Para Santos, isso foi um dos motivos que causaram a demora na conclusão.

Adianta que o clube descarta o uso da parte externa – uma das grandes reclamações da comunidade – para festas sonoras, a não ser o Carnaval, que é considerado um evento cultural, realizado há 36 anos. Garante que a direção tem o interesse de fiscalizar os decibéis com frequência para evitar mais transtornos aos moradores.

Investimentos

Para se adequar às exigências do MP, o clube precisou manter a sede fechada desde março para reformas. Logo após o baile de Carnaval, começou a ser readequada a estrutura construída no século passado. O investimento superou R$ 100 mil.

Foram colocados tapumes de metal nas portas e janelas, assim como forração acústica em paredes e entradas. Também foram instalados climatizadores em todo o ambiente, para evitar que portas fiquem abertas durante a realização de festas.

O salão principal, onde geralmente ocorrem festas sociais, foi isolada com um túnel acústico desde a área que dá acesso a cozinha e churrasqueiras. Assim, podem ser promovidos eventos simultâneos nos dois locais sem que haja a propagação de som entre os ambientes.

Relembre o caso

No dia 26 de maio de 2008, moradores próximos ao clube reclamaram da poluição sonora provocada por eventos no local. Após, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o clube e o MP de Lajeado, visando o respeito ao horário de sossego público, com anuência da administração municipal. Sem haver reclamações posteriores, o documento foi arquivado pelo Conselho Superior do Ministério Público Estadual em outubro de 2008.

Em abril do ano passado, os moradores voltaram a se queixar do problema. Investigação da promotoria revelou que o clube realizara uma ampliação do prédio, construindo uma área coberta sem o devido isolamento acústico, revestida apenas com tecido, gerando a propagação de som em níveis superiores ao permitido.

Após consultar ocorrências de moradores, verificou-se que os vidros das casas ao redor do clube tremiam por conta do som alto, além de haverem no local idosos e crianças de colo, fato agravante ao descumprimento da lei.

No início de janeiro deste ano, a Justiça decretou que o clube não realizasse ou permitisse qualquer evento em sua sede social antes de realizar adaptações acústicas no salão de festa quanto nos anexos.

Em fevereiro, novo acordo foi feito, no qual o clube pôde realizar o baile de Carnaval, na condição de se comprometer com as reformas. A promotoria estipulou que, pelo menos, 30% do lucro com o baile fosse revertido para realizar as melhorias no sistema acústico do prédio e o projeto apresentado em dois meses após o evento.

História do clube

O Centro de Reservistas foi sede de um dos mais organizados clubes militares de tiro do estado, o Tiro de Guerra 239, cujo funcionamento ocorreu entre 1918 e 1945, exercendo grande influência na vida militar e social da cidade. Poucos sabem que a antiga “Sociedade Centro de Reservistas” foi destruída pela ação do tempo, reconstruída e reformada ao longo dos anos.

Esquecido pela maioria, esse período da história do município permanece vivo apenas nas lembranças dos antigos moradores que vivenciaram a época ou participaram do Tiro. Após um temporal ocorrido em 1967, grande parte dos documentos do arquivo do Tiro de Guerra se perdeu com a destruição da antiga sociedade, fato lastimável para a memória histórica do município.

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