Encantado -A dificuldade em contratar médicos prejudica o atendimento no Hospital Beneficente Santa Terezinha há pelo menos dois anos. Na sexta-feira passada, o pronto-socorro ficou fechado durante duas horas por falta de plantonista. O fato revoltou parte da população, que ameaçou realizar um manifesto. Um profissional que atua no posto de saúde precisou ser cedido para normalizar os serviços.
O diretor do hospital, Vagner dos Anjos alega que a insuficiência de médicos não é uma realidade apenas de Encantado, mas de vários outros municípios da região. Segundo ele, o excesso de demanda e o desrespeito de alguns pacientes em relação à equipe de trabalho agravam a situação.
“O contrato com a prefeitura e os convênios são para casos de urgência e emergência. Porém, 90% dos casos são eletivos, o que sobrecarrega o serviço”, salienta o diretor. Os baixos valores repassados pelo SUS e Operadoras de Planos de Saúde, aliados ao pouco investimento público na área hospitalar, aumentam o problema.
Uma das soluções citadas por ele é a redução da demanda do pronto-socorro, priorizando os casos mais urgentes. Ressalta que as pessoas precisam avaliar melhor quando da procura por um hospital ou um posto de saúde, para que ninguém fique sobrecarregado.
Dos Anjos relata que a busca por profissionais é contínua na tentativa de solucionar o problema. Em média, cem atendimentos são feitos por dia.
Terceiro turno no posto é cancelado
O funcionamento do terceiro turno no posto de saúde do centro, que auxiliava a diminuir a demanda do pronto-socorro, durou apenas três meses. Uma média de 35 consultas eram feitas por dia.
Conforme o secretário de Saúde, Marino Deves, o serviço foi mantido só no período de inverno devido ao aumento de doenças respiratórias. Cita que também há carência de profissionais para manter o serviço por todo o ano.
Cinco médicos fixos por semana
Hoje, o plantão é mantido com a colaboração dos municípios, somando R$ 35 mil mensais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e R$ 30 mil da administração municipal. O custo mensal para manter equipe, suprimentos e estrutura do pronto-socorro é de R$ 130 mil.
Conforme o coordenador do plantão e diretor técnico do hospital, Samir Kury Moesch, há cinco médicos plantonistas fixos por semana, com uma demanda de 14 turnos semanais no pronto-socorro. Cada um cobre uma dessas escalas semanais. As demais vagas são preenchidas com profissionais de outros hospitais ou setores.
Para suprir a demanda média de 2,8 mil pacientes por mês, ele cita a necessidade de pelo menos mais cinco médicos fixos na equipe.
Comunidade reclama
Pacientes exigem maior atenção no pronto-socorro. A atendente Daiane Tellocken, 20, foi uma das pessoas que precisou de atendimento médico nos últimos meses. Com fortes dores nas costas e sensação de mal-estar, ela procurou pelo serviço ao meio-dia, na saída do trabalho. Sem atendimento, procurou uma farmácia para comprar remédio contra dor. Dias depois, com dores contínuas, decidiu ir a um médico particular.
A falta de atendimento também prejudicou uma mulher que prefere não ser identificada, há algumas semanas. Sua filha estava com febre. Esperaram por atendimento por mais de seis horas até a chegada de um médico plantonista. Quatro dias depois, retornou ao hospital, mas solicitou um médico particular e pagou para ser atendida.