A Comissão Organizadora da 18ª Expovale divulgou ontem à tarde o número de visitantes no fim de semana. Desde sexta-feira, quando houve a abertura oficial e eventos técnicos, até domingo cerca de 44 mil pessoas passaram pelo Parque do Imigrante. A média diária é superior à última edição, quando nos dois primeiros dias foram registrados 19 mil visitantes.
Mesmo com calor de 35oC, o auge foi no sábado à noite, durante o show nacional da banda Raça Negra, e ontem, na gravação do Galpão Crioulo. Os apresentadores Neto Fagundes e Shana Müller receberam no palco Os Serranos, José Luiz Corrêa, Jorge Guedes e Grupo Alma Crioula.
Na mesma noite, o jornalista Lasier Martin palestrou sobre os períodos econômico e político vivenciados no país. Segundo o jornalista, o momento é de instabilidade econômica que requer ações públicas para proteção nacional.
Falou sobre o Brasil, que está num contexto mundial de crise vivido pela Europa e Estados Unidos. Relata que esses mercados compram menos produtos do país.
Segundo ele, assim sobra a Ásia, que mudou o eixo do mundo com a revolução econômica que faz. “Agora sofremos com os reflexos dos países em crise, que antes eram fortes e agora estão abalados. Não deveríamos ser apenas provedores da Ásia de produtos in natura, sem associar valor.”
Para o jornalista, o Vale do Taquari é uma das ilhas de resistência econômica do estado. Vê a região como um forte produtor de alimentos, leite, frangos, suínos e bebidas e em ascensão no setor da metalurgia. “Tem influência de uma geração germânica importante.” Cita os colégios e cursos universitários conceituados oferecidos no Vale. Por isso, considera a região resistente à crise.
Lasier destaca que o Vale precisa criar mais agroindústrias pelo fato de dispor de matéria-prima para dar acabamento e agregar valor. Para ele, é um absurdo que o Brasil exporte toneladas de produtos, em especial para os países asiáticos (China, Índia, Indonésia, Vietname, Taiwan).
Afirma que isso transfere empregos, renda e geração de tributos, desestimulando indústrias, como é o caso dos setores calçadista, de têxteis, brinquedos. “A região do Vale tem gente capacitada a agregar valor aos grãos, pedras preciosas, carnes, leite.”
Destaca que a Expovale é a fiel vitrina disso tudo e cita que é possível conferir o que se produz e a qualidade dos produtos. É uma feira tradicional e das mais importantes do estado.
As vendas da construção civil
A feira é uma oportunidade para conferir propostas de imóveis. Duas imobiliárias lançaram sete prédios em Lajeado. Oferecem desde apartamentos de um dormitório por R$ 65 mil – dentro do Programa federal Minha Casa, Minha Vida – até coberturas luxuosas por R$ 900 mil.
Um dos empresários, Marcelo Munhoz, diz a feira ajuda a prospectar os negócios. Conta que a Expovale atrai muitos visitantes e compradores de outras cidades.
Rafael Nicaretta, dono de uma das poucas empresas da região que trabalha exclusivamente com máquinas para a construção civil, expõe pela primeira vez. Espera um maior público durante a semana.
Os sabores na nossa região
O pavilhão das agroindústrias é um dos mais procurados pelos visitantes. Um dos expositores é Gilmar Valter, de Linha Geraldo Baixa, em Estrela. Com mais de mil quilos de queijos, sua especialidade, pretende mostrar que com qualidade e simpatia se faz uma boa feira. Nos dois primeiros dias de evento havia vendido 150 quilos.
Entre os tipos estão: provolone, mussarela, ricota e queijos temperados. Participa da sexta edição. “Teve pessoas que compraram em 2010, que nesta edição me procuraram de novo.”
No segundo corredor do pavilhão, José Pedro Koprovski, de Nova Prata, oferece salames coloniais e copas. Foram dois meses de preparo para expor 400 quilos de salame e cem quilos de copa.
Atrações nas alturas
O bungee jump e os passeios de helicóptero atraíram o público no fim de semana. Ambos estão à disposição no parque de diversões e exigem coragem dos participantes.
De sábado a domingo, foram mais de 150 saltos. Até o ponto máximo, são 55 metros de altura. Por questões de segurança, a pessoa precisa ter entre 40 e 110 quilos. O interessado deve assinar um termo de responsabilidade com relação a algumas restrições.
O salto não é indicado para gestantes, cardíacos, epiléticos. Menores de 18 anos só podem pular com autorização de um adulto. Os saltos custam R$ 50 e há desconto para grupos.
Os passeios de helicóptero ocorreram durante o fim de semana e retornam apenas na quinta-feira à tarde. São 5 minutos sobrevoando a cidade. Há vaga para quatro passageiros em um custo de R$ 80 por pessoa.
Os shows da feira
Todos os dias há shows na Expovale. Um dos mais esperados é de Zé Ramalho, no próximo sábado. Ícone da música popular brasileira, se apresenta no pavilhão de shows, às 22h30min, no penúltimo dia da multifeira. O primeiro lote de ingressos para o show do artista custa R$ 25.
O cantor se notabilizou por misturar a influência cultural do Nordeste ao rock na primeira metade dos anos 70. Na década de 90, emplacou músicas como Entre a Serpente e a Estrela e Admirável Gado Novo – que havia sido lançada no início da carreira – em novelas da Rede Globo. Em 2011, lançou o seu primeiro disco de inéditas em cinco anos, Sinais dos Tempos, por meio de uma gravadora própria, a Avôhai.
Hoje à noite, outra atração marca a feira: o show sertanejo com as duplas Edu e Renan e Enzo e Rodrigo. O evento começa às 21h. Amanhã, a Família Lima sobe no palco, às 22h. Na quinta-feira, às 18h, terá Patati Patatá e na sexta-feira, às 21h, Grupo Sohsambá e às 22h, Tchê Garotos.
Livro sobre o perfil do caminhoneiro
Domingo foi lançado o livro Histórias de Vida de Caminhoneiros. Escrito pela pedagoga e especialista em segurança no trânsito Nereide Tolentino, o livro pergunta: “Quem serão os caminhoneiros de amanhã?”
A autora entrevistou cerca de 1,5 mil profissionais que alegaram que a profissão é desvalorizada pela qualidade de vida oferecida. A maioria relatou que está longe de casa, sozinha. Alerta que hoje os motoristas são pessoas com mais estudo, que têm família. Portanto, mais exigentes.
O livro conta histórias dos caminhoneiros e dados importantes sobre a profissão, suas dificuldades e perspectivas. Produzido pelo Instituto Elisabetha Randon e o Ministério da Cultura, é distribuído gratuitamente no estande da Randon, na Expovale.
Para melhorar na próxima edição
Empresários e vendedores reclamam da falta de climatização. No primeiro dia, uma cooperativa de Teutônia cogitou fechar seu estande porque estava sem condições de apresentar os produtos devido ao calor.
Outros ameaçam ficar de fora da próxima edição, caso não houver mudanças. Um dos empresários cita que deixou de fechar negócios porque os visitantes não conseguiam ficar sentados nos estandes.
O única climatização nos pavilhões são ventiladores que borrifam água, mas são pouco eficazes. Na sexta-feira e no sábado foi o auge do calor, quando os termômetros marcaram 35 graus na região.