Vale do Taquari -Os servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) suspenderam as atividades por tempo indeterminado. A greve foi decidida em assembleia na manhã dessa quinta-feira.
Foram interrompidos os exames práticos e teóricos em todo o estado. A categoria pede reajuste salarial de 28%, com pagamento em duas partes até maio de 2013. O estado ofereceu quatro parcelas até 2014.
O presidente da Associação dos Examinadores do Detran no estado, Edson Betti relata que a reivindicação é por aumento de 15% em novembro e os 13% restantes em maio. Os pedidos envolvem a publicação de uma portaria para regulamentar o pagamento de férias e a gratificação de produtividade para contratados emergenciais.
Segundo ele, os gastos da estatal com folha de pagamento correspondem a 3,8% do faturamento. Em 2011, o Detran arrecadou R$ 645,9 milhões. “No mesmo período, o Daer gastou 43% com salários dos funcionários.”
Moradora de Estrela, Cristina da Silva dos Santos tinha prova marcada às 8h em Lajeado. Saiu de casa às 7h. Além dos gastos com transporte, cita o desgaste psicológico que o exame envolve. “Esperei até as 10h20min. Estava preparada. Agora não sei se poderei marcar novas aulas.”
Ao todo, 520 funcionários estão em greve. Foi instituída uma assembleia permanente para negociar com o governo.
Falta de informação
Diretora de um Centro de Formação de Condutores (CFC) em Teutônia, Denise Albarello conta que nenhum aviso foi repassado sobre a possibilidade de greve. “No início da semana nos disseram que haveria uma assembleia.”
Na quinta-feira, foram cancelados 37 exames de direção para automóvel, 20 de motocicleta e cinco da categoria profissional, além de 40 provas teóricas. As remarcações não terão custo aos alunos.
Conforme Denise, um dos problemas da paralisação envolve a marcação das aulas práticas. Adianta que terá dificuldades no agendamento. “A demanda no fim de ano é grande. Com a greve, haverá mais necessidade de horários.”
Em Lajeado, a decisão de greve atingiu mais de cem pessoas. Diretor de um CFC, Marcelo Delazeri diz que as pessoas ligam a todo instante para saber informações quanto às provas agendadas. “Damos a mesma resposta que nos foi passada. Que não há prazo.”
Nessa quinta-feira de manhã, 35 condutores com exames marcados esperavam nos locais das provas. A agenda marcava o início da avaliação para as 8h. A assembleia em Porto Alegre começou uma hora depois.
Segundo Delazeri, os examinadores estavam em Lajeado e não compareceram ao local. À tarde, os alunos foram informados da greve. Ao todo, 24 provas teóricas e sete práticas serão remarcadas.
Prejuízo aos CFC’s
Presidente do Sindicato dos CFC’s do estado, Édson Cunha está preocupado com o cancelamento das provas. Segundo ele, além de as pessoas gastarem dinheiro e tempo, os centros são prejudicados com a greve. “Os carros e instrutores ficam parados, sendo que poderiam estar sendo aproveitados em outras aulas.”
Apesar desse problema, Cunha admite a necessidade de aumento nos salários dos servidores. Diz que a situação é ruim porque a cada dia de paralisação, cerca de três mil pessoas ficam sem prova.
Segundo ele, isso gera um passivo que dificulta a marcação de aulas e de novos exames. Ressalta que as pessoas reclamam nos balcões dos CFC’s. “Tentamos esclarecer que não depende dos centros. Quem presta os exames é o Detran.”
Outra preocupação envolve o prazo das avaliações. Após as aulas obrigatórias, cada condutor tem até 12 meses para fazer a prova. Se ultrapassar esse tempo, precisa repetir o processo. Cunha espera que o estado tenha bom senso e reabra o prazo para alunos nessa situação.
