Grupo de Polícia Ambiental (GPA) da Brigada Militar intensificará a fiscalização durante a piracema – período de desova dos peixes –, que se inicia em 1º de novembro e se estende até 31 de janeiro.
Segundo o comandante Dari Julio Scherer, três soldados atuarão para coibir a pesca ilegal de espécies nativas, sendo este número suficiente.
A fiscalização ocorre a partir de denúncias. “Estaremos focados nos locais com maior aglomeração de pescadores e em áreas ribeirinhas.” Operações especiais serão feitas de acordo com a necessidade.
Scherer acredita na diminuição de ocorrências em relação a 2011. Para ele, os pescadores estão mais conscientes sobre a importância de preservar as espécies nativas e ameaçadas de extinção.
Na piracema de 2011-12, sete pessoas foram presas em flagrante por crime ambiental. O GPA apreendeu 70 quilos de peixes nativos mortos, 1,2 mil metros de redes de pesca, cinco tarrafas, 170 metros de espinhões – linhas com mais de 50 anzóis – e duas embarcações. Outros 1.730 peixes foram devolvidos ao Rio Taquari.
Conscientização
Scherer reconhece que alguns pescadores profissionais reclamam do rigor da fiscalização. Consideram que, com o trabalho do GPA, a atividade fica prejudicada e atrapalha as rendas das famílias. Ressalta que outros profissionais concordam com a proteção ao ambiente.
Para o comandante, a população do Vale do Taquari está consciente quanto à medida. O problema são as pessoas de outras regiões, que se deslocam ao Rio Taquari para pescar. Eles contratam esses pescadores de áreas ribeirinhas, devido à locação de caiaques e dificuldade de acesso. Nesses lugares, a atividade será reforçada pelo GPA.
Pescadores de “fim-de-semana” aprovam o rigor. É o caso dos serralheiros Alcides Tarso, 60 e Etelvino Ferri, 66, ambos de Bento Gonçalves. Eles se deslocam, em média, seis vezes por ano a Bom Retiro do Sul para pescar.
O problema da piracema é com a pesca massiva, onde os profissionais usam redes e tarrafas. Como nesse período os peixes nativos nadam para outros rios para desovar e perpetuar as espécies, os pescadores que usam esse material contribuem na possibilidade de extinção.
A piracema
É o movimento dos cardumes que nadam contra a correnteza, para realizar a desova no período de produção. Na maior parte do Brasil, a piracema ocorre no período de chuvas de verão, quando a temperatura da água esquenta e os níveis dos rios aumentam.
A briga contra a correnteza ajuda no processo de reprodução, pois os peixes queimam a gordura e estimulam a produção de hormônios responsáveis pelo amadurecimento dos órgãos sexuais.
Fonte: Mundo Estranho/Editora Abril
Cuidado ao pescar
– As leis federais consideram a pesca de peixes nativos, em períodos de piracema, crime ambiental. As penas variam de um a três anos de detenção e pagamento de multa. O valor varia de R$ 700 a R$ 100 mil. Confira o que é permitido aos pescadores neste período:
– Usar caniços, molinetes e carreteis;
– Pescar a partir de 1,5 quilômetro de distância de barragens, cachoeiras e corredeiras;
– Praticar a atividade só em lugares permitidos;
– O limite é de cinco quilos de peixes por dia;
– É necessário portar a licença de pesca amadora ou ambiental.