Vale do Taquari – Oprojeto desenvolvido pela Duraflora pretende expandir o cultivo de eucaliptos na região em 12.830 hectares. A ideia é aproveitar áreas ociosas, criando mais uma alternativa de lucro aos agricultores.
A empresa com sede em Taquari é responsável pela manutenção das florestas da Duratex e tem 3.355 hectares licenciados na região. Serão beneficiados 39 municípios, sendo 12 no Vale do Taquari: Santa Clara do Sul, Lajeado, Teutônia, Paverama, Estrela, Cruzeiro do Sul, Mato Leitão, Bom Retiro do Sul, Fazenda Vilanova, Tabaí, Taquari e Sério.
O supervisor de relações socioambientais da Duraflora, João Bispo ressalta que o projeto é necessário devido à demanda de matéria-prima da empresa. O estudo é feito desde 2010 e está em fase de conclusão.
Conforme o técnico de Licenciamento Ambiental de Taquari, Marino Hackenhaar, o setor agroflorestal movimentou R$ 23,3 milhões em 2011 no município. O valor representa 56% de toda a arrecadação no setor primário. “Temos plantados 16 mil hectares de eucaliptos e mais dois mil de acácia negra.” A produção média é de 450 metros cúbicos por hectare.
Hackenhaar acredita que a iniciativa é uma forma de incrementar o lucro dos agricultores e aproveitar áreas que estão ociosas. “O rendimento por hectare pode chegar a R$ 11 mil em seis anos.”
As principais áreas são gerenciadas pela Duratex. Outra parte da madeira produzida é destinada para abastecer fornalhas de aviários, padarias e galpões de secagem de fumo.
Audiência busca opinião da comunidade
Uma audiência pública promovida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) quer saber a opinião da comunidade sobre a expansão de 12 mil hectares no plantio de eucalipto na região.
A ação faz parte do processo de licença prévia solicitada pela empresa Duraflora, que pretende estender a cultura em 39 municípios, sendo 12 no Vale. O evento ocorre hoje, às 19h30min, no Ginásio de Esportes José Machado, em Taquari.
A Fepam organizou um estudo sobre o impacto ambiental que a proposta pode causar à fauna e à flora, o qual será apresentado para a comunidade. Os dados estão disponíveis na Casa Costa e Silva (Museu) da cidade e no site da fundação www.fepam.rs.gov.br
Mercado promissor
O viverista de Santa Clara do Sul, Roque Ely iniciou a atividade há 13 anos. Na época, trocou o plantio de milho, soja e fumo pelo cultivo de árvores. Para essa temporada, estima a produção de 1,2 milhão de mudas, que serão vendidas em municípios como Pareci, Cachoeira do Sul, Nova Prata, Pantano Grande e para os estados do Paraná e Santa Catarina.
Roque diz que a atividade na região ainda não é vista como negócio. Cita que a maioria dos colonos tem na sua propriedade uma área que poderiam destinar para o cultivo de florestas, mas poucos cultivam. Ressalta que quem investe deve estar ciente de que a atividade gerará lucros a longo prazo.
Sua produção de mudas dobrou nos últimos cinco anos. Comenta que a falta de matéria-prima influenciou no aumento da área cultivada. Acredita que daqui a cinco ou seis anos faltará madeira devido à demanda e baixa produtividade em função das condições meteorológicas. Hoje, o custo de mil mudas varia de R$ 160 a R$ 180, dependendo da variedade.
Saiba mais
A Duratex tem sede em São Paulo e conta com cerca de dez mil colaboradores. Possui 230 mil hectares com florestas cultivadas e áreas de conservação nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Essa estrutura garante uma capacidade produtiva de cerca de quatro milhões de metros cúbicos ao ano em painéis de madeira e pisos laminados, 17 milhões de peças para metais sanitários e 9,8 milhões de louças sanitárias.
Plantações auxiliam ambiente
A floresta plantada pode auxiliar na recuperação e preservação de recursos hídricos, promovendo purificação do ar e desenvolvimento da biodiversidade. O engenheiro agrônomo da Emater e coordenador técnico do Programa Florestal RS, Ilvandro Barreto Melo, destaca que o plantio de um hectare de árvores exóticas evita a derrubada de dez hectares de espécies nativas.
O desafio é introduzir a floresta plantada na propriedade, respeitando a legislação e preservando recursos nativos. Uma das consequências será a proteção a áreas de preservação permanente (entorno de rios, nascentes e banhados).
Melo diz que em pequenas ou médias propriedades que tenham como foco a produção avícola ou leiteira, a floresta plantada pode contribuir para a preservação da área nativa. “Além de gerar lucro, é uma das melhores saídas para evitar a devastação das florestas nativas.”
Cita que em aspectos ambientais as vantagens são a conservação do solo, aumento da fertilidade natural, acúmulo de matéria orgânica, infiltração de água no solo, captação de carbono, conforto e bem-estar animal, proporcionando sombra para os bovinos e ovinos e reduzindo o estresse calórico provocado pelas altas temperaturas no verão.