Presidente insiste no cargo e nega acusações

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Presidente insiste no cargo e nega acusações

Associados dão prazo para Brizola se retirar do cargo na Central até terça-feira

aO presidente do Centro Terapêutico de Tratamento do Alcoolismo (Central), Adagildo Escobar Brizola e o conselheiro fiscal Ivan Pretto devem ser destituídos dos cargos na próxima terça-feira. Eles são investigados por apropriação indébita de recursos da entidade e acusados de ludibriar e coagir funcionários. Brizola nega tudo.

Desde que o desvio da Central veio à tona, grupos de funcionários, associados e o sindicato da categoria se organizam para tirar Brizola do cargo. No fim de semana, ocorreu o tradicional almoço de pacientes e ex-internos da entidade. O evento se transformou em um ato de críticas ao presidente.

Durante o encontro, circulou um abaixo-assinado convocando uma assembleia geral extraordinária para o dia 23, às 20h. Embora precisasse de apenas 20 adesões, contou com 120. Na ocasião será esclarecida a acusação de desvios. Outras intenções são destituir o presidente e eleger uma nova diretoria.

O ex-interno e voluntário da Central, Ademir Becker critica os atuais gestores. “Com todos os fatos apurados pelo Ministério Público, a permanência deles é inviável”. Becker chama os diretores de corruptos e perigosos para a sociedade. ¨Eles estão com os bolsos cheios de dinheiro”.

O documento será encaminhado ao cartório para registro e depois, entregue ao presidente. De acordo com o estatuto da entidade, é necessário que, no mínimo, 20% dos associados compactuem com o abaixo-assinado.

Na edição do fim de semana das eleições, reportagem mostrou a prestação de contas encaminhada ao Ministério Público que revelava superfaturamento de pelo menos R$ 99 mil em nove meses. Teria sido desviada por mês uma média de R$ 12 mil dos vales-refeições de uma empresa terceirizada.

A proprietária e uma funcionária confirmam a irregularidade e as manipulações feitas nos números finais. Todas as semanas um cheque era repassado à cozinheira e outro ao presidente. No fim do mês, a soma do dinheiro era modificado para que o valor final do caixa fechasse.

Segundo elas, Brizola retirava os cheques como forma de remuneração mensal pelo trabalho que exerce na entidade. Contudo, de acordo com o estatuto, a presidência deve ser voluntária, assim como todos os cargos ocupados pela diretoria.

Brizola é ex-interno e assumiu a presidência da entidade em junho de 2011, depois que Roque Lopes deixou o cargo.

O promotor de Justiça, Sérgio Diefenbach, se nega a falar do caso. Os envolvidos foram ouvidos na semana passada e as investigações seguem. A prestação de contas da entidade está nas mãos do promotor há mais de 30 dias e foi encaminhada para contadores da promotoria de Porto Alegre. Em paralelo à diretoria da Central, contratou uma auditoria interna para verificar os números.

Promotor pediu o afastamento

Ontem à tarde, depois de ser pressionado pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Lajeado e Vale do Taquari (Sindisaúde), funcionários demitidos e parte da diretoria, o promotor Diefenbach pediu o afastamento imediato de Brizola. Porém, após uma reunião de 1h30min entre ele e o presidente, nada mudou. Ele segue no cargo pelo menos até a próxima terça-feira.

A revolta de ontem se deve a uma série de demissões que ocorreram durante a manhã. Dois funcionários, um da administração e um consultor, que retornou de atestado médico, foram despedidos por justa causa.

O presidente do Sindisaúde, Roberto Souza conta que não homologará as demissões por serem ilegais. Segundo ele, Brizola precisa ser destituído do cargo o mais rápido possível. No sindicato há registros de assédios sexuais contra uma faxineira e assédio moral a funcionárias do setor administrativo, uma delas é a sua ex-mulher.

Presidente diz que não terá assembleia

Brizola afirma que não fará convocações para a assembleia. “Não fui julgado ainda. Sou inocente até que se prove o contrário.” Ele acredita que tanto os associados quanto o abaixo-assinado não têm poder para destituí-lo.

Para o presidente, é a promotoria quem decide se ele se afasta ou não da entidade. Brizola alega que a Central funciona em plenas condições e é uma das poucas no país com os alvarás de licença liberados. Mas ontem à tarde, as internações foram paralisadas. Normalmente são feitas cinco por dia.

O caso exige agilidade

A intensidade com que o Ministério Público impôs as adaptações e exigências sanitárias à Central, no ano passado, precisa ser aplicada também para esclarecer as supostas fraudes na instituição.

Referência em tratamento de dependentes alcoólicos para o estado e até o país, a Central foi abalada em 2011, quando o fundador Roque Lopes se afastou da presidência. Menos de um ano depois, a entidade está fadada ao descrédito e submetida aos piores escândalos. Desvio de dinheiro, assédio sexual e moral.

Nada está sentenciado e ninguém foi julgado. O que se espera, no entanto, é que o Ministério Público aja rápido, a exemplo do que fez ano passado, quando exigiu as adaptações, com base na legislação e acabou na troca de presidente.

As primeiras acusações contra a atual diretoria foram feitas em janeiro. Desde então, Ministério Público analisa e interroga os envolvidos. Está na hora de dizer a sociedade o que houve, confirmando ou negando os desvios e demais acusações contra o presidente. A sociedade merece uma explicação.

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