Vale do Taquari – O Comitê de Prevenção à Violência Escolar (Copreve) prepara medidas para combater os casos de agressões nos colégios. Desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), o programa será lançado na região durante o curso de mediação de conflitos no dia 18.
A intenção é discutir com os professores e funcionários das instituições de ensino o papel da escola na mediação de conflitos e identificar as situações que necessitam de intervenção jurídica para a solução de problemas de violência.
Faltam estatísticas na 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) que demonstrem os índices de indisciplina. A coordenadora Marisa Bastos afirma que os diretores são orientados a comunicar a CRE quando ocorrerem atos de depredações, violência e ameaças de estudantes aos professores.
Segundo ela, é necessário resolver os conflitos no âmbito escolar. “Não percebo aumento de casos.” Relata que, embora não tenha estatísticas, poucas situações chegaram até a coordenadoria no ano.
Consumo de drogas e violência
Estudo da Seduc vincula o consumo de drogas ao aumento da violência nos colégios. Segundo o coordenador estadual do Copreve, Alejandro Jelvez, é preciso dividir as responsabilidades com escolas, órgãos de segurança e Ministério Público (MP).
Segundo ele, são diversos tipos de agressões constatados na pesquisa. As mais comuns são de ofensas morais. “Palavrões, desrespeito aos professores e colegas fazem parte do cotidiano.”
Outros problemas apontados por Jelvez são a falta de comprometimento com os estudos e a depredação do patrimônio escolar.
Saúde do professor
Pesquisa realizada pelo Cpers/Sindicato mostra que 49,8% dos trabalhadores em educação alegam sofrer de transtorno psíquico e outros 72,5% dizem se sentir tensos, nervosos ou preocupados. Foram ouvidas 3.166 pessoas, entre professores e funcionários de escolas.
Diretora do 8ª Núcleo do Cpers do Vale do Taquari, Luzia Herrmann acredita os resultados estão ligados a jornada de trabalho excessiva, condições precárias, baixos salários, violências nas escolas, assédio moral, falta de reconhecimento profissional e excesso de contratos temporários.
“Ser professor não é gratificante”
No Magistério há 22 anos, Lélia Barth, 55, sofreu com o desrespeito dos alunos e de alguns pais. No início da carreira, teve dificuldades e precisou de acompanhamento psicológico e de calmantes para controlar o estresse.
A experiência despertou o interesse dela. Para conhecer a realidade da educação, elaborou em 2006 um trabalho de pós-graduação sobre a saúde do professor. “Vemos todos os dias educadores com quadro de depressão.”
Entrevistas e relatos confirmaram o adoecimento da classe. Hoje, passados seis anos do estudo, garante que os problemas continuam. A professora sugere a colegas que estão nos primeiros anos de magistério que escolham outra profissão. “Ser professor não é gratificante. Nunca recebemos um elogio. É só cobrança.”
Polícia para garantir segurança
Em julho, a insegurança na Escola Estadual Santo Antônio (antigo Ciep), em Lajeado, fez a direção pedir interferência da 3ª CRE e dos órgãos de segurança. Um grupo de alunos depredava carros, ameaçava os professores e praticava furtos.
Com a reclamação da comunidade escolar, Polícia Civil (PC), Brigada Militar (BM), 3ª CRE e direção estabeleceram uma série de medidas para coibir os atos. O patrulhamento na área foi intensificado e o serviço de inteligência passou a trabalhar na identificação de usuários de drogas que frequentavam as proximidades da instituição.
Conforme a delegada regional da PC, Elisabete Müller, não houve mais caso de violência na escola. Diz que a direção da escola tem o contato direto com os órgãos e se comprometeu em avisar caso qualquer ato de indisciplina ou violência ocorra. Alguns alunos foram transferidos da escola.