Prejuízos com as enchentes – Região despreparada

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Prejuízos com as enchentes – Região despreparada

O Vale do Taquari é atingido por enchentes desde 1919. Estrela, Lajeado e Encantado são os municípios mais suscetíveis aos fenômenos. Mesmo com o avanço tecnológico nesse quase um século, pouco foi feito quanto à prevenção. A cada ano se acumulam prejuízos. Os órgãos públicos, na grande maioria, estão despreparados para enfrentar as calamidades, visto que as ações se resumem ao atendimento às pessoas durante as emergências.

Estrela – As chuvas intensas registradas na região entre sábado e terça-feira expõem a falta de ações dos municípios para evitar prejuízos com as enchentes.

Enquanto a Defesa Civi trabalha com poucos equipamentos e sem profissionalização dos integrantes, famílias que moram às margens dos rios e arroios ficam à mercê das calamidades.

eNas áreas urbanas, os sistemas de drenagem são insuficientes, e a água invade as ruas, prejudica o trânsito e ocasiona prejuízo aos cofres públicos. Os transtornos crescem a cada ano.

Em Forquetinha, parte da estrutura da ponte de Vila Praas cedeu e precisou ser interditada. Inaugurada em julho, a obra custou R$ 270 mil. Na primeira chuva forte, a passagem represou a água. Galhos de árvores e a força da correnteza destruíram as cabeceiras.

“Mesmo que a estrutura fosse mais alta, a água ainda alcançaria a estrada e interromperia o trânsito”, justifica o engenheiro responsável pela construção da ponte, Samir Battisti.

Segundo ele, apesar da enxurrada, a estrutura da ponte ficou intacta. “O que tem de ser feito é uma contenção nas barrancas, com mais pedras e plantio de árvores.”

Construções próximas do barranco dos rios são comuns nos municípios da região. Em Encantado, na localidade de Lajeadinho, a correnteza levou a casa de Marina Lorena Teixeira, na madrugada dessa quarta-feira.

O responsável pela Defesa Civil, Cezar Moretto lembra que as construções irregulares no local persistem há 20 anos. Conta que, mesmo com os riscos, as pessoas se negam a deixar a área.

Não há planejamento habitacional quanto à retirada dessas famílias. Conforme Moretto, em 2011, foi feito um levantamento das áreas de risco no município e, desde então, evitam liberar alvará de construção nesses locais.

Em Lajeado, as últimas duas enchentes, entre julho e agosto de 2011, desabrigaram 359 pessoas. Ao todo, 77 casas foram condenadas pela Defesa Civil. Hoje, muitas famílias voltaram aos prédios que seguem com risco de desabar.

Quando o nível da água do Rio Taquari supera os 26 metros, dez bairros de Estrela são atingidos. Para se antecipar dos fenômenos, o município realizou o mapeamento das áreas alagáveis.

Com base no estudo, a Defesa Civil tem condições de prever o nível que as águas alcançarão. No ano passado, foram duas enchentes. Na maior, em 22 de julho, 400 casas foram atingidas e 1,4 mil pessoas ficaram desabrigadas. Pela estimativa do órgão, quatro residências foram destruídas.

Região carece de informações

Com base em estatísticas sobre as ocorrências de enchentes, o professor Edelbert Jasper elaborou um projeto para criação de um sistema de alerta de referência para o Vale. Pela proposta, seriam instalados equipamentos em diversos pontos da região para medir a quantidade de chuva e acompanhar a elevação das águas nos rios e arroios.

Para ele, as informações atuais são distorcidas. “Está na hora da região ter um modelo confiável de monitoramento.” Há dois anos, o projeto tramita em Brasília.

“A prevenção depende de investimento”

O coordenador regional da Defesa Civil, tenente-coronel Vinícius Renner Galvani pondera que o órgão tem se especializado. Afirma que nos últimos dois anos, há maior preocupação dos governos federal, estadual e municipal para qualificar os integrantes.

Mesmo com essa nova possibilidade de investimentos, comenta que há deficiências. Defende medidas para retirar famílias que vivem em áreas alagáveis. Diante dos problemas enfrentados, divide a responsabilidade com a população e com os governos. “A prevenção depende dos municípios. Obras para reduzir o impacto das enchentes devem ser encaradas como investimento.”

Se for eleito prefeito, o que fará em relação às enchentes?

Candidatos de Lajeado

Marcelo Caumo

“Pretendemos construir um dique para evitar que a cheia alcance o centro. Isso vai fazer com que a região da Av. Décio Martins Costa volte a ser habitável sem risco de enchentes. Além de trazer mais uma via para desafogar o trânsito. A obra pode se estender para o bairro Carneiros até o Morro 25. Contrataremos uma transportadora que tenha caminhões baús para recolher as mudanças das pessoas atingidas e outra de refeições para garantir alimento aos flagelados.”

Juliana Baiocco

“Pela nossa diretriz partidária, temos como foco o respeito ao código florestal. Evitaremos as autorizações para a ocupação de áreas alagáveis. Com relação às pessoas que moram nesses locais, pretendemos cadastrar as propriedades e realocar os grupos de convívio para não perderem o contato com familiares e amigos. Queremos fazer parcerias com a iniciativa privada. Contratos de concessão prevendo a construção de casas populares. Outras medidas são de incentivar a construção de cisternas e cuidar da drenagem das ruas.”

Luís Fernando Schmidt

“Manter processos aprimorados, articulados com a Defesa Civil, tanto de prevenção como também no atendimento aos cidadãos atingidos pelas cheias. Estabelecer relações efetivas e permanentes com o Ministério da Integração Nacional e com áreas afins do governo do estado.”

Candidatos de Estrela

Rafael Mallmann

“Criaremos o Conselho Municipal de Defesa Civil e grupos de voluntários em todos os bairros. Também treinaremos os vigilantes municipais, para que estejam prontos para atuar nas calamidades. Prevemos a construção de 240 casas populares para realocar as famílias em risco. Viabilizar estudo das áreas de risco e implantar um sistema de monitoramento eletrônico do Rio Taquari e seus afluentes, que seja capaz de oferecer informações com no mínimo 12 horas de antecedência. É preciso investir em obras viárias nos bairros Auxiliadora e a localidade do Chá da Índia.”

Eduardo Wagner

“Nossa primeira medida é retirar as famílias das áreas de risco. Pelo plano, pretendemos construir 120 casas populares. É necessário aparelhar a Defesa Civil. Acredito que com a qualificação do órgão, conseguiremos atender as pessoas que estão em locais alagáveis.”

Gilmar Neitzke

“Faremos o recadastro de todas as famílias para saber a situação e criar um plano de trabalho. Depois disso será possível verificar e estabelecer cotas de moradias, com proibição de construção em locais em a água das cheias atinge. Daremos auxílio em remoção e abrigo às famílias que precisarem de apoio. Com o estado buscaremos recursos para a Defesa Civil ter um melhor amparo em seu trabalho. O problema é municipal, mas precisa de ajuda do estado.”

Candidatos de Encantado

Agostinho Orsolin

“Nosso principal problema fica no bairro Navegantes. Essa questão não se resolve de um governo para o outro. É necessário planejar a construção de um dique no local, para evitar que a água alcance o bairro, porque quando o Rio Taquari chega a 20 metros, alcança as casas e causa prejuízos aos moradores. Reforço que os governos precisam pensar nessa possibilidade para conter as águas.”

Denise Pretto

“Tenho duas propostas em meu plano de governo. Pretendo viabilizar uma via expressa pela cidade para passagem de caminhões, em especial para as empresas Fontana e Cossuel. A estrutura será uma elevada que servirá como contenção das águas no período de enchente. E quero melhorar a manutenção das comportas no bairro Navegantes, um projeto que existente para amenizar o problema, mas é pouco cuidado.”

Paulo Costi

“Para reduzir os prejuízos, acredito que é preciso manter o controle da Defesa Civil, monitorar o volume de água e ter uma equipe pronta para retirar os bens e as famílias que estão em locais de risco. Sabemos que não há como evitar totalmente as inundações, pois se trata de uma força da natureza. Acredito que não há fórmula diferente do que já é feito. Retirar as famílias das áreas de risco e investir em habitação. Fizemos 111 casas para tirar as famílias. Esse é o primeiro passo.”

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