Vale do Taquari – Três candidatos a prefeito correm o risco de serem impedidos de concorrer em outubro. O caso mais recente é o de Sidnei Eckert (PMDB), que tenta a reeleição em Arroio do Meio.
No domingo, a coligação de Danilo Bruxel (PP) encaminhou um pedido à Justiça Eleitoral daquele município. A advogada que propôs o impedimento, Stefani Bonfiglio, não quis se manifestar sobre os motivos. Mas, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o peemedebista é suspeito de abuso da máquina pública.
Conforme despacho do juiz eleitoral da comarca, João Regert, a oposição questiona os serviços de terraplenagem feitos pela Secretaria de Obras, Agricultura e Serviços Urbanos. Acredita que o trabalho tenha caráter “eleitoreiro”.
O coordenador de campanha do peemedebista, Klaus Schnack, contesta a acusação. Vice-prefeito de Arroio do Meio, Schnack junta os documentos para comprovar que os serviços foram prestados dentro da legislação eleitoral.
Outros dois casos tramitam na comarca de Lajeado. Em um deles, a decisão deve ser publicada no cartório eleitoral no início da próxima semana. A juíza Débora Gerhardt de Marque analisa o pedido de cassação do candidato a prefeito de Progresso, Edegar Cerbaro (PP), proposto pelo Ministério Público Eleitoral.
Cerbaro é acusado pela promotoria de distribuir dinheiro municipal em ano eleitoral – o que é proibido por lei. O repasse foi feito em julho deste ano e usado pelos organizadores da Festa do Colono para a compra de brindes.
Para o assessor jurídico, Fábio Gisch, o valor – R$ 1,7 mil – é irrisório para confirmar a cassação. Argumenta que pessoas de outros municípios estiveram no evento, o que descaracterizaria uma suposta compra de voto.
Cassação desconhecida
Há uma terceira cassação em andamento na Justiça Eleitoral lajeadense. O promotor Ederson Maia Vieira confirma o pedido, mas se nega a passar mais informações. A chefe do cartório eleitoral de Lajeado, Maria Betânia Rohde, desconhece a representação do MP.
Líder em pedidos
O candidato à reeleição em Canudos do Vale, Cléo Lemes da Silva (PP), é o candidato com o maior número de pedidos de cassação no Vale. Nestes dois meses e meio de campanha, foi acusado pela promotoria por duas irregularidades: uso de funcionário da prefeitura em período eleitoral e a demissão de duas servidoras por abuso de poder.
Silva teve uma derrota e uma vitória na Justiça local. Débora cassou o registro de candidatura do progressista quanto ao uso do funcionário da prefeitura em período eleitoral. Ela entende que o homem – um cargo de confiança – fez campanha enquanto deveria cumprir o expediente no Executivo. O candidato recorreu da decisão.
A vitória ocorreu no segundo pedido de cassação. O MP entendeu que Silva abusou do poder político ao exonerar as servidoras Dalva Teresinha Grahl e Sueli Maria Schmidt. Dalva é candidata da oposição ao Legislativo e Sueli é mulher do candidato de integrante da coligação adversária. Elas foram reintegradas aos respectivos cargos.
A assessora jurídica do município, Fernanda Goerck, refuta abuso de poder político. Conforme ela, as duas servidoras se aposentaram e a exclusão do quadro funcional é automática. Os argumentos serão apresentados em um prazo de cinco dias.
Pesa contra a candidatura de Silva a suspeita de fraude em cartões do Sistema Único de Saúde (SUS), investigada pela Polícia Federal de Santa Cruz do Sul. O progressista teria criado cartões falsos para fraudar títulos eleitorais de Canudos do Vale. O processo tramita em segredo de Justiça.