A visita da ministra da Agricultura, Alimentação e Defesa do Consumidor da Alemanha, Ilse Aigner, foi além do conhecimento do modelo de produção integrada da Cooperativa Languiru. Ela e a diretoria da empresa teutoniense debateram a implantação de um gerador de energia elétrica por meio de dejetos.
Para o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, essa é uma forma de transformar o resto de material produzido pelos animais em lucro e com responsabilidade ambiental. A proposta é produzir adubo orgânico, biogás e energia elétrica.
Bayer desconhece os custos para a implantação desse projeto. Um técnico será encaminhado à Alemanha para conhecer o modelo, custos e viabilidade para a cooperativa. O estágio será de três meses, e o profissional deve viajar nas próximas semanas.
Segundo proposta da cooperativa, a eletricidade será fornecida às indústrias da Languiru, mas com possibilidade de ser repassada aos produtores cooperativados. Há a probabilidade de vender parte às concessionárias do Vale do Taquari, como a Certel e a AES Sul.
O modelo pode diminuir as dificuldades no fornecimento de energia elétrica na região, uma vez que a AES Sul não consegue gerar o produto de maneira suficiente para atender os 21 municípios atendidos no Vale.
Produção de dejetos
Ao mesmo tempo em que servem de adubo orgânico, os dejetos de animais são responsáveis por poluir o solo e, em alguns casos, os arroios próximos das propriedades quando espalhado de forma inadequada.
O Vale produz diariamente 2,3 bilhões de litros de dejetos. A Cooperativa Languiru quer evitar ameaças à natureza, mas outros municípios investem em alternativas para reaproveitar o material. Em Encantado serão construídas quatro unidades de compostagem, transformando os dejetos em adubo.
Capitão é o município mais avançado nesse assunto. Conta com 14 unidades de compostagem, garantindo o tratamento de 20% de todos os dejetos produzidos por 64 mil animais alocados em 105 propriedades.
Especialistas veem a compostagem como uma das melhores soluções para o ambiente, pois todo o esterco é tratado. O problema é o alto valor investido, calculado em R$ 27 mil.
Negócios
A comitiva teve a presença de deputados federais e de 19 empresários alemães. Bayer acrescenta que a visita serviu para aumentar a cartela de clientes da Languiru – hoje composta por oito mil em todo o Brasil e com a exportação de frangos para 40 países.
As negociações com os empresários ficaram em torno da venda de suínos. Hoje, o segmento está voltado para o mercado interno, mas a cooperativa atende países.
Duvida que o embargo russo prejudique as vendas para os demais países europeus. Por ser um produto mais barato que a carne bovina, acredita que a empresa pode ser contratada logo pelos empresários.
Diversificação
Ilse chegou ao Brasil nessa segunda-feira e a única visita a cooperativas gaúchas foi feita na Languiru. A ministra presidiu uma comitiva de políticos e empresários alemães, devido ao projeto de cooperação entre os dois países instituídos pela Central de Cooperativas da Alemanha e a Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs).
A Languiru foi escolhida devido ao modelo de produção diversificada nas pequenas propriedades rurais – dados da cooperativa apontam que as áreas ficam entre oito e dez hectares. Conforme Ilse, o estilo de produção é parecido com o da região Sul da Alemanha, mas com algumas diferenças: enquanto em território alemão o produtor só pode ter uma cultura, nos associados da Languiru a atuação ocorre em três segmentos – aves, suínos e leite.
Outro fator que serviu de exemplo para os alemães é a participação da cooperativa em todas as etapas da produção. Os produtores recebem os animais criados nas unidades de tratamento, as rações são fornecidas pela empresa e o transporte é feito aos frigoríficos por caminhões terceirizados.