Índios traficantes

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Índios traficantes

Polícia Civil investigou o caso durante um ano. Filha de 17 anos da líder da tribo era quem trazia o crack e a maconha. As crianças eram usadas para controlar a entrada e saída das pessoas na aldeia

Cinco pessoas foram presas, na manhã desta sexta-feira, na tribo caingangue às margens da BR-386. Destas, quatro por tráfico de drogas e uma por porte ilegal de arma de fogo. A Operação Apache foi organizada pela Polícia Civil (PC) com apoio da Brigada Militar (BM). Mais de 160 homens e 34 viaturas foram mobilizadas.

iDurante um ano a Polícia Civil investigou o grupo. De acordo com o delegado Rodrigo Reis, a filha de 17 anos da cacique da tribo buscava a droga no fornecedor e abastecia a aldeia.

No processo de distribuição do crack e da maconha trabalhavam a cacique Maria Antônia Soares da Silva, o irmão, Adelar Soares, e o marido Gelson de Oliveira de Lima. Contudo, os líderes eram Maria Antônia e o genro Joel dos Santos, marido da adolescente, que foi assassinado há dois meses dentro da aldeia.

As investigações revelam que Joel, iniciou o tráfico na tribo e disseminou o crime para os demais. A adolescente teria aprendido com ele e assumiu o posto depois de sua morte.

O tráfico funcionava 24 horas, todos os dias da semana. Os usuários vinham de Bom Retiro do Sul, Fazenda Vilanova e interior de Estrela. Durante o dia, o cuidado era maior. Os indígenas vendiam apenas para usuários conhecidos e na quantia máxima de R$ 50. À noite, o controle era menor, qualquer pessoa podia entrar na aldeia e solicitar a droga.

“Alguns usuários permaneciam durante quatro dias, fumando dentro da aldeia e só saiam quando estavam quase em overdose.” Quando a fissura voltava, procuravam de novo a tribo.

Toda a aldeia de alguma forma era instruída a participar do crime. As mulheres e as crianças observavam quem entrava e saia da tribo. O delegado conta que eram induzidas a rodear todos os frequentadores e a reconhecer quando eram clientes “fiéis”.

A imprensa foi impedida de entrar na aldeia durante as buscas por orientação da Funai e dos policiais que temiam a segurança. Por volta de 9h30min quando a maioria deixou o local, os índios ameaçaram bloquear a BR-386 para protesto.

Outros crimes

Além do tráfico de drogas e associação com a venda, os índios são acusados pelos crimes de furto, roubo, receptação e extorsão.

Há pelo menos quatro inquéritos na PC de Bom Retiro do Sul com relatos de que índios com pedaços de pau atacaram pessoas paradas em pontos de ônibus e roubaram carteiras e outros bens.

A receptação ocorria quando usuários traziam eletrônicos e eletrodomésticos na aldeia para trocar pela droga. E a extorsão, não foi comprovada porque a vítima ficou com receio e desistiu. Mas de acordo com o delegado em depoimento, a lesada afirmou que foi roubada e depois o índio a procurou para vender o item levado.

Organização policial

Às 4h, policiais civis e militares se reuniram na Sociedade Italiana de Estrela para planejar a forma de abordagem. Todo o processo foi acompanhado por um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) devido aos direitos.

Em seguida, foram formadas as equipes – em cada uma das 16 casas indígenas entraram cinco policiais militares e cinco policiais civis, sendo dois comandantes em cada.

Às 6h30min, os grupos foram até a tribo e de forma simultânea entraram em todas as casas. Os militares fizeram a contenção, equipados com armas de fogo e de choque. E os civis fizeram as revistas.

O Conselho Tutelar de Estrela acompanhou todo o processo devido à participação de menores de 18 anos. De acordo com um representante, o órgão monitorava a aldeia, mas devido a problemas com educação, visto que não frequentavam a escola e passavam à tarde na rua. Ele diz que não sabia dos problemas com o tráfico de drogas.

O que diz a Funai

Conforme a assessoria de imprensa da Funai, o órgão apura os fatos desse caso na Coordenação Regional de Passo Fundo. No que diz respeito a tráfico em aldeia indígena diz que atua nas comunidades com atividades de esclarecimento e conscientização. Contudo, o trabalho de repressão e combate ao crime em terras indígenas são realizados em parceria com as forças policiais.

Sobre a entrada em terras indígenas a Funai autoriza apenas quando for para pesquisas científicas/acadêmicas (respaldadas por instituições como universidades e museus), missões, matérias jornalísticas, documentários e registros fotográficos e videográficos a serem publicados de forma ostensiva ou direcionada.

Material apreendido

– 53 pedras de crack

– maconha

– material para embalar

– 6 celulares

– 5 pendrives

– 5 balas de revólver

– uma pistola 380

– furadeira

– máquina de cortar grama

– TV 42 polegadas

– notebook

– dinheiro

Mobilização inédita

A operação com essa quantidade de policiais foi inédita na região. De acordo com a delegada regional de polícia Elizabeth Barreto Muller, a quantidade de policiais foi necessária para evitar confronto entre policiais e índios. Como trabalhavam unidos sob orientação da cacique os indígenas repeliam qualquer entrada na aldeia, em especial de policiais.

O delegado Reis explica que a tribo formou um conceito de estado independente, no qual eles fazem suas normas e proíbem a entrada de pessoas. “No território eram proibidos policiais ou qualquer pessoa suspeita de investigar.”

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