A polícia identificou na tarde de ontem os quatro homens que mataram Rosivaldo Teixeira, o “Badu”, 41, de Venâncio Aires. Ele é suspeito de estuprar uma criança de 3 anos, filha de um dos agressores. O delegado Paulo César Schirrmann, responsável pelo caso, trabalha com a hipótese de que Badu seja inocente.
Schirrmann compara o caso com um quebra-cabeça. “O que parecia simples e óbvio começa a criar outra forma.” Sem poder relatar detalhes das investigações, diz que muitas informações dos depoimentos não coincidem.
Conforme o delegado, as pessoas se contradizem, inclusive a viúva da vítima. Ontem, os quatro acusados das agressões foram ouvidos. Até o fim de semana, outras testemunhas prestam depoimento. “Independentemente se a vítima for abusador ou não, os lesados não podem fazer justiça com as próprias mãos.”
O delegado diz que os agressores responderão por homicídio qualificado, pena duas vezes superior ao estupro. “Eles não ficarão impunes.”
Badu foi morto três horas depois de a mãe da menina registrar ocorrência na polícia sobre o abuso. Principal suspeito, ele foi agredido em frente a sua casa, no centro da cidade, na rua General Osório, próximo do Star Bowling.
De acordo com as investigações, o pai da menina e mais três amigos, um deles com antecedentes por uso de drogas, foram até a casa de Badu. Lá, o pai brigou com a vítima. Na calçada, a vítima foi espancada pelos quatro homens até ficar inconsciente. Eles fugiram num Fiesta branco rumo a Fazenda Vilanova.
A mulher da vítima, em depoimento, disse que Badu estava sangrando no chão e que a Brigada Militar ajudou a socorrê-lo. Mas, ele chegou morto no hospital.
Ato do ser humano
O psiquiatra Rogério Horta ressalta que a reação do pai foi um ato natural de um ser humano. Segundo ele, saber que a filha de apenas 3 anos foi violentada por outro homem atinge diretamente o sistema emocional, fazendo com que haja por impulso.
Segundo Horta, o pai sentiu uma raiva intensa aliada a uma descrença na Justiça, motivando-o a revidar. “Ele é o responsável pela criança. A partir do momento que alguém agride sua filha, ele se sentirá agredido também.”
O psiquiatra diz que o pai se sente culpado pelo o que ocorreu e a única forma de amenizar a dor é punir quem a fez mal. A forma de conter esse desequilíbrio momentâneo, na visão do psiquiatra, é acreditar em algo maior, como a Justiça ou até mesmo na fé.