Empresa é acusada de crime ambiental em arroio

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Empresa é acusada de crime ambiental em arroio

BM suspeita que Faros tenha despejado resíduos

O Grupo de Policiamento Ambiental (GPA) flagrou o despejo ilegal de resíduos no Arroio Sampaio, em Cruzeiro do Sul, pela Indústria de Farinha de Ossos Faros. Moradores relacionam a morte de centenas de peixes ao fato. A direção da empresa nega a irregularidade e diz estar licenciada. A direção tem até o início de setembro para se explicar sobre o caso.
De acordo com o comandante do GPA, soldado Dari Scherer, a Faros tem uma licença para largar resíduos provenientes de sua produção no arroio. Porém os dejetos devem passar por um sistema de tratamento. “Ocorre que o material que coletamos na água não tinha tratamento algum.”
pScherer informa que foi emitido um Boletim de Ocorrência (BO) por crime ambiental, depois de um levantamento do dano causado. Ressalta que o material será encaminhado aos órgãos – Fepam, Ministério Público e Polícia Civil – que farão um inquérito policial e decidirão se a empresa é culpada. A pena pode variar de 1 a 4 anos de prisão, com multa, de acordo com os danos ambientais, entre R$ 5 mil e R$ 50 milhões.
A denúncia foi feita pelo dono do Balneário Sarandi, que é margeado pelo Arroio Sampaio, Nilson José Dullius, 71. No sábado, ele encontrou centenas de peixes mortos boiando no leito do arroio. “Se largamos um plástico no chão, seremos punidos. Quero ver o que farão com essa tragédia.”
Dullius afirma que a morte dos peixes tem a ver com o despejo dos resíduos. Aponta que desde que tem o balneário, há 30 anos, essa foi a primeira vez que encontrou animais mortos.
Faros se defende
O gerente administrativo, Francisco Hepp negou qualquer envolvimento da empresa com a morte dos peixes. De acordo com ele, um agricultor próximo do balneário lavou equipamentos com agrotóxicos no arroio, o que teria provocado a morte. “As pessoas relacionam as coisas de forma errada.”
Hepp diz que será feita uma avaliação interna para verificar a situação, mas adianta que tudo está regularizado e que o material lançado no arroio não causou dano ao ambiente.

Peixes morrem em Forquetinha
Desde o início do ano, o GPA registrou mais de 50 ocorrências de despejo ilegal de dejetos em rios e arroios da região. Na semana passada, em Forquetinha, um produtor foi autuado por derramar diretamente resíduos de suínos no arroio, causando a morte de dezenas de peixes, entre eles lambaris, cascudos e carás.
A situação ocorreu no Arroio Alegre e se alastrou até o Arroio Forquetinha, cerca de cinco quilômetros abaixo. Uma semana depois, os animais continuam morrendo.
No sábado, Fábio André Hofstaetter, 24, foi pescar às margens do arroio, na propriedade da família, e encontrou, à beira da água, dezenas de peixes mortos, com até dois quilos.
Para o agricultor Eldo Grahl, 53, o ocorrido é lamentável. “As pessoas que fazem isso deveriam por a mão na consciência e entender que isso é um crime.”

Falta de oxigênio ocasiona mortes
Conforme o biólogo Luiz Steffens, quando o dejeto é despejado num arroio entra em fase de decomposição, consumindo assim o oxigênio da água, resultando na morte por asfixia. A situação, de acordo com ele, fica mais precária em períodos como o atual, em que há pouca chuva. Observa que os arroios se transformam em poças. “A matéria orgânica acumula, e os poucos peixes que existiam ali morrem.”
Aponta que dependendo da quantidade de dejeto colocado no arroio, pode levar semanas para normalizar a situação. Cita que no caso de Forquetinha, a poluição pode contaminar inclusive o Rio Forqueta, que fica a quilômetros do local.

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