O Ministério Público (MP) determina que seis associações de abastecimento de água do interior instalem dosadores de cloro nos reservatórios. As sociedades foram notificadas pelo órgão e precisam adequar o serviço em 30 dias sob risco de fechamento dos poços artesianos.
O inquérito foi aberto no fim de julho. O pedido de interferência da Promotoria Especializada partiu do Departamento de Vigilância Sanitária do município. Conforme a fiscal sanitária, Liza do Amaral, a legislação obriga que as associações utilizem cloro na água que é destinada ao consumo humano.
Segundo ela, os presidentes das entidades foram informados sobre a necessidade de adequar o serviço em 2011. Como há resistência no cumprimento da norma, o MP foi acionado. Ao longo das últimas semanas, os responsáveis pelas sociedades de água foram notificados pelo órgão.
As associações intimadas ficam em Linha Roncador, Geralda e São José. Juntas atendem cerca de 60 famílias. Presidente de uma das sociedades, Moacir Possomai diz que a contratação de uma empresa para tratar a água encarece o abastecimento. “A maioria das pessoas é contra colocar cloro na água.”
Empresas que prestam o serviço de instalação e manutenção do equipamento cobram entre R$ 150 até R$ 170 por mês para tratar a água.
Agricultor de Linha Roncador, Possomai relata que alguns moradores são aposentados e recebem um salário mínimo. “A taxa mensal dobra. Passa dos atuais R$ 10 para R$ 22.” Ao todo, 17 pessoas são abastecidas pelo poço da sociedade. Instalado com recursos públicos e dos associados, o abastecimento às famílias é feito há quatro anos.
Próximo de Linha Roncador, outra associação de água discute o assunto. O presidente Roque Hauschild conta que o poço artesiano abastece dez famílias há 20 anos. “Fizemos testes que comprovaram que a água é potável.”
Outra sociedade de água, em Linha Geralda Baixa instalou o dosador de cloro há cerca de 20 dias. Responsável por abastecer seis famílias há treze anos, os sócios entraram em consenso. Segundo o presidente Eduardo Markus, o tratamento de água representa um aumento de R$ 7 nas taxas mensais para os integrantes.
Agricultores resistem à norma
Acostumados a beber a água dos poços artesianos sem tratamento, alguns moradores são contra o uso de cloro. “Por 40 anos minha família e eu tomamos água da valeta e nunca tivemos problemas”, conta Agenildo Rodrigues da Costa, que completa, “se colocar cloro, volto a usar a água da valeta”.
Outro motivo alegado pelos agricultores diz respeito ao trato dos animais. Segundo Marli Possomai, o cloro prejudica as criações de suínos e gado. Relata que foram feitas análises de água e que os resultados mostraram que a água é potável.
Risco à saúde
O município tem 34 poços artesianos cadastrados. Conforme a Vigilância Sanitária, foram feitas reuniões para orientar os moradores sobre os riscos de beber água sem tratamento.
Segundo Lisa do Amaral, a água subterrânea pode conter coliformes fecais que causam diarreia e vômitos. “As pessoas não veem como um risco e são resistentes ao cumprimento da norma.”
As associações que ainda não decidiram a instalação dos dosadores de cloro agendam reuniões para tratar do tema. Até o fim da próxima semana, prometem decidir se aceitam ou não a exigência do MP.