Região tem 6,5 mil eleitores analfabetos

Mesmo que os índi­ces estejam abaixo da média nacional e estadual, o núme­ro de eleitores analfabetos preo­cupa na região. São 6,5 mil em todo Vale. Os casos mais alar­mantes são em Sério, Progresso e Canudos do Vale, municípios que têm características rurais e contam com menos de seis mil habitantes.

Sério apresentou os piores índices entre as 37 cidades da região. São 146 eleitores anal­fabetos, para quem o voto é facultativo. O número corres­ponde a 6,8% do total de pes­soas aptas ao voto, que hoje é de 2.122. Se destacam de forma negativa de Canudos do Vale, com 6,3% dos votantes, e Pro­gresso, com 6,2%.

No Vale do Taquari, 2,4% dos 272 mil eleitores são analfabe­tos. A média nacional é de 6%. Os principais exemplos positi­vos são: Imigrante, Westfália, Teutônia e Colinas. Em Lajeado, a maior da região, são 1.067 votantes sem alfabetização. Pouco mais de 2%.

Para o funcionário do Cartório Eleitoral de Lajeado, Gilmar Her­mes, é preciso mais atenção dos mesários, no momento de aten­der um eleitor nessas condições. Ele faz um alerta. “Ninguém pode acompanhar o eleitor até a urna. A dica é levar colas ou decorar os números.”

Hermes lembra que, em caso de dúvida, o eleitor pode can­celar seu voto. Diz que houve poucos problemas nos últimos pleitos. “A maior queixa é em re­lação à demora. Mas isso ocorre com outros eleitores.” Hermes comenta que qualquer proble­ma deve ser esclarecido com o presidente da sessão eleitoral.

“Faltou incentivo dos pais”

Cidade com pouco mais de 2,3 mil habitantes, Sério tem boa parte de sua população vivendo em zonas rurais. É lá que vive o casal João Conrad, 80, e Elvira dos Santos Lappe, 72. Afirma que nunca teve in­centivo para estudar. “Naquela época, os pais tinham opção, e eles optaram por não me man­dar à escola.”

João lamenta a decisão, mas comenta que era comum na época. Seus dez irmãos também nunca estudaram. “Todos são analfabetos como eu.” Conrad votou pela primeira vez há 60 anos. Lembra que precisou de ajuda para completar seu voto, fato proibido hoje. “Fiquei ner­voso, mas deu certo.”

O agricultor garante que não terá problemas no pleito. Diz conhecer os seus candidatos e comenta que alguns foram até sua residência ensiná-lo a votar. “São os mesmos candidatos de sempre, não tem como errar.” compara os números da cédula com aqueles expostos na urna. “Depois é só conferir a foto.”

Sua companheira também não é alfabetizada e, a exemplo de João, confere os números da cédula. “Não tivemos estudo e sem dúvida nos faz falta, mas não nos impedirá de exercer nosso papel.” Lembra que não é obrigada a votar, mas faz ques­tão de escolher os próximos agentes públicos.