Um estudo elaborado pela administração municipal avalia a situação das casas construídas pelos colonizadores alemães desde o século XIX. O levantamento é utilizado para a realização de uma rota turística no município, incentivando a preservação dos imóveis centenários.
Conforme a secretária da Educação, Fernanda Bohn, o projeto começou no início de 2011. As responsáveis são a geógrafa Traudi Heisler e a estagiária de turismo, Camila Gutierrez de Carvalho. Será feito um apanhado de informações históricas, envolvendo a questão arquitetônica dos prédios.
Fernanda espera que o projeto comece a partir da Festa das Orquídeas, em novembro. “Queremos que a rota passe pela região ervateira e pelas casas.” Os proprietários serão convidados a receber os turistas e até vender produtos coloniais ou artesanais.”
No início do projeto, houve a ideia de fazer um levantamento para aprimorar dados sobre a cultura local e buscar verbas por meio do governo federal. “Não tínhamos a pretensão de fazer uma rota, mas como vimos a viabilidade, aprofundamentos o estudo.”
A proposta foi apoiada pela Associação de Turismo do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), que acreditou no potencial turístico da região. De acordo com Fernanda, técnicos da Aturvarp apontaram a viabilidade da rota turística, sobretudo pelo fato de o município ser referência em orquídeas no país. “Aqui os jardins são caprichados e não estamos criando nada. Tudo que estará na rota, sempre existiu na comunidade.”
O levantamento foi concluído em junho deste ano e se estima que existam pelo menos 150 residências construídas desde o século XIX. O estudo apontou características básicas, como o ano de construção, proprietários e localidade. Uma pesquisa mais aprofundada, que será feita a partir de agora, identificará o estilo da casa e sua origem.
A Secretaria da Educação analisa a possibilidade de criar a lei do tombamento histórico no município, impedindo a modificação de imóveis. Fernanda aponta que para a criação da lei é necessário oferecer algum incentivo às famílias, dentre eles a modificação do Imposto Territorial Urbano (IPTU).
A residência de Sidônia Maria Heisler, 63, de Sampaio, foi construída em 1924. A família mora no local há 44 anos, quando comprou o imóvel de um cirurgião-dentista, que ocupava o lugar como consultório.
Há três anos, a casa foi completamente restaurada, num investimento aproximado de R$ 15 mil. Sidônia aponta que no local nasceram e cresceram seus quatro filhos. O imóvel tem cozinha, sala de jantar, hall e quatro quartos. “Manteremos a casa até quando der. É um patrimônio histórico e de nossa família.”
Na mesma localidade, a família de Edmundo Heuser preserva a residência construída em 1936. Sua neta Herli Bender, 43, ressalta que o avô era proprietário de uma fábrica de refrigerantes, que iniciou suas atividades em 1960. “Ele e meu tio Osvaldo tinham o negócio juntos, mas pararam devido às dificuldades de locomoção (sic).”
Ressalta que a família preserva o local para manter as lembranças da época. “Quem sabe um dia façamos um museu lá, por exemplo.”
Sampaio
A comunidade mais antiga de Mato Leitão é Sampaio, a qual tem a maior quantidade de residências centenárias. De acordo com dados históricos, sua colonização se iniciou a partir de 1873, sempre norteada pelos núcleos religiosos de alemães, que trouxeram à região suas culturas e costumes.