Presidente do HBB é acusado de assédio

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Presidente do HBB é acusado de assédio

Ex-funcionária relata que sofreu assédios e perseguição durante um ano e sete meses. Um dos diretores da entidade confirma à reportagem que sabia do fato. Desde julho de 2011, 92 casos de abuso sexual foram registrado na polícia

Um mês depois da publicação do caso de dois professores investigados por assédio sexual, o presidente do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, Claudinei Fracaro, é acusado por uma ex-funcionária de assediá-la.

A mulher diz que pediu demissão na semana passada, após sofrer assédios sexual e moral do chefe durante um ano e sete meses. O pesadelo, como ela define, teria começado em dezembro de 2010 com uma ligação telefônica à noite.

hNa manhã seguinte, a ex-funcionária relata que começou a receber uma sequência de mensagens com convites e declarações indecentes por celular e correio eletrônico. “Eram duas por dia, com palavras cada vez mais agressivas e vulgares.”

Ela conta que sempre informou os pais, que a orientavam para manter a postura profissional. Na tentativa de reduzir as investidas do chefe, começou a trabalhar sem maquiagem e desarrumada. “Pensava: será que fiz algo para ele fazer isso? Nunca me insinuei, mas era muita perseguição.”

Em março de 2011, o pai procurou um dos diretores do hospital para pedir ajuda. “Fracaro tem o maior cargo no hospital e eu era a secretária direta dele, para quem iria recorrer?”, emociona-se a ex-funcionária.

Depois disso, os assédios pararam, mas por pouco tempo. Logo, os pedidos e insinuações ficaram mais agressivos, conta. “Além das cantadas, ele gritava, brigava e me insultava.” Ela conta que a reclamação feita a outro diretor provocou a fúria do presidente a ponto de começar a constrangê-la na frente de terceiros.

O clima tenso e inseguro lhe causou insônia. Ela procurou terapia até pedir demissão. “Ele é uma sombra na minha vida. Escuto ele me humilhando e falando coisas ridículas.” Ela relaciona o medo à falta de atitudes das mulheres em denunciar e pedir ajuda em casos de abuso. “Medo, tenho muito medo.”

Um dos diretores do hospital confirma que conhece o caso e que conversou com o presidente há mais de ano. Para ele, a questão estava encerrada, até a semana passada, quando ela pediu demissão. O diretor diz que a vítima era considerada uma “promessa na área administrativa”.

Apesar de abalada, a mulher confirma que adorava trabalhar na instituição, por isso insistiu todo esse tempo. Cita que seu interesse em expor o caso não é de chantagear ou se vingar, mas incentivar outras vítimas a não se calarem.

Entrevistada no dia de seu aniversário, ouviu da mãe, emocionada, que a família a apoiará em qualquer decisão. Por enquanto, o assunto está com os advogados para análise de como a família procederá daqui para frente.

Fracaro afirma que está tranqüilo

Na manhã desta sexta-feira, o presidente do HBB veio à sede do jornal A Hora e falou sobre as acusações. “Não estou me defendendo, pois não é verdade. Ela era uma excelente funcionária. Não entendo o motivo dela ter feito isso.” Fracaro afirma que muitas reuniões envolvendo a diretoria ocorrem em períodos distintos dos turnos normais, e que a suposta ligação feita à noite para a ex-funcionária teria como objetivo marcar encontros para tratar de assuntos profissionais ligados à instituição.

Sobre as mensagens indecentes citadas pela ex-funcionária e mostradas à reportagem, Fracaro diz que não lembra de tê-las enviado. “É normal mandarmos mensagens para funcionários, mas com palavras vulgares nunca.” Ao ser avisado de que a reportagem teve acesso aos SMS’s, o presidente perguntou se “o teor das mensagens seria publicado no jornal”.

Ele comenta que 80% dos funcionários do HBB são mulheres, e que às vezes ocorrem brincadeiras. “Podemos ser mal interpretados.” Ele admite que pode ter enviado mensagens à ex-funcionária para tratar de assuntos profissionais. “Chegamos a fazer reuniões às 23h, e ela era a responsável por agendar as reuniões e encontros da diretoria.” Sobre supostos elogios feitos à ex-funcionária, diz fazer parte de seu “estilo de trabalho”. “Muitas vezes elogio as pessoas na mensagem.”

Fracaro diz que a demissão da funcionária é um assunto interno e que envolve diversos fatores. “Talvez por algumas aspirações que ela tinha e não foram feitas. Eu como presidente preciso saber como as pessoas serão colocadas lá dentro. Existe uma série de ponderações em relação à saída dela.”

Ele informa que a ex-funcionária não trabalhava de forma direta para ele, e lamenta sua saída. “Ela era funcionária exemplar e teria um futuro brilhante no hospital.” O presidente demonstra preocupação com a imagem da instituição. Lembra que o trabalho no HBB é voluntário, e que os diretores não são remunerados. “Temos muito mais obrigações do que direitos lá entro. Estou muito tranquilo.”

Caso sigiloso terá audiência

Está marcada para o dia 28 de agosto a audiência de um caso que segue há quase dois anos na Justiça. Um professor de Educação Física da rede pública de Lajeado foi indiciado por agredir e assediar alunos de pelo menos três escolas.

O caso foi mantido em sigilo e o servidor afastado das escolas, aconselhado a trabalhar longe de crianças. Hoje, está no setor administrativo de uma secretaria.

Pelo menos dez meninas entre 9 e 14 anos foram vítimas do professor. No inquérito, o depoimento de uma das três que foi ouvida pela polícia contém gestos e frases que ele dizia para as alunas: “Senta no colo do tio.”

O homem também é acusado de agredir um aluno em uma das escolas. De acordo com uma diretora, o servidor tinha problemas de conduta, desrespeitava regras e horários, por isso era constantemente transferido de colégio.

No departamento pessoal da Secretaria de Educação consta que ele foi transferido de setor por uma ordem da Justiça, com o motivo: afastamento de crianças.

Acusação sobre professores

Desde junho, mais dois casos envolvendo professores foram informados à polícia. Um deles, que atuava na área de Informática, é investigado por suposto assédio a alunas de três escolas públicas em Estrela.

As meninas com idade entre 12 e 16 anos relataram que o professor teve atos pervertidos, inclusive massageando os ombros e passando a mão na cintura de uma delas. Ele foi afastado das escolas e nesta sexta-feira será ouvido pela polícia.

Em Lajeado, um educador físico de uma escola particular é acusado pelo mesmo crime. A informação chegou à Delegada de Polícia de Lajeado pelo Disque 100 (telefone de informações anônimas específicas para esse tipo de ocorrência). De acordo com a delegada Márcia Scherer, nesta semana, mães de alunas começaram a dar depoimentos.

O professor foi demitido depois de reclamações de pais das estudantes. Entre as queixas estão o fato dele tirar a roupa na frente de alunas e avaliar o corpo delas.

Vereador é indiciado por assédio

A delegada Márcia entregou ao Judiciário o inquérito com provas e depoimentos contra o presidente do Legislativo de Lajeado, Rui Olíbio Reinke (PSDB), o “Adriel”, por assédio sexual. Agora, o processo será analisado pela Justiça.

O vereador foi acusado, em fevereiro deste ano, por uma adolescente de 17 anos que trabalhava como estagiária na câmara. A família da garota foi quem registrou a ocorrência. Segundo depoimentos, Adriel perguntava se ela tinha namorado e chegou, inclusive, a ameaçar demiti-la.

Quando contatado, Adriel ficou assustado com a situação porque acreditava que o processo havia sido encerrado. Ele afirma não ter recebido ofício do Judiciário.

O perfil dos assediadores

A delegada compara as características de quem assedia no emprego e daquele que comete assédio na escola. No ambiente escolar, a escolha pelas vítimas é coletiva. Na maioria das vezes, trata-se de um grupo de meninas. É a família quem procura ajuda da polícia.

No emprego, o assédio passa a ser pessoal e discreto. A delegada diz que o assediador mantém o ato em sigilo sob ameaças de demitir a funcionária. Nesses casos, segundo ela, poucas mulheres procuram a polícia por falta de provas e porque elas tentam resolver o caso se demitindo do trabalho.

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